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05/02/2003
-
06h16
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) afirmou ontem que está servindo de "bode expiatório" à cúpula do seu partido e que a sua recusa em votar no senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado não é a verdadeira motivação da ameaça de punição a ela.
"É um simbolismo. Botar a bruxa na fogueira atenua as tensões internas do partido. O objetivo é machucar profundamente um, para promover o medo nos demais", disse.
Afirmou estar "absolutamente tranquila" com a posição tomada na votação de Sarney, já que ela não é inédita: não votou no senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) em 1997 e no ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em 2001.
Afirmando não ter nada "pessoal" contra Sarney, a senadora disse que se negou a votar nele por se tratar de um "representante das oligarquias nordestinas", contra as quais sempre lutou. Ela foi a única dos 81 senadores a não comparecer à sessão de posse do Senado.
"É a mesma posição que já tomei em duas outras vezes: quando cheguei ao Senado e tinha a indicação para votar em ACM e, do mesmo jeito, quando eu era líder do PT e Jader era o candidato à presidência do Senado. Chegamos a apresentar o Jefferson Péres (PDT-AM) como candidato. Nem por isso o partido teve uma reação como essa", afirmou.
Permanência
Embora dizendo-se "profundamente machucada e triste" com o episódio, Heloísa Helena garantiu que permanecerá no PT e que irá se defender "quando e onde" o presidente do partido, José Genoino (SP), apresentar a proposta de advertência pública contra ela.
"Apesar de eu me sentir assim, estou tranquila porque sei que não sou voz isolada [no partido]. Nascemos criticando o partido único e, portanto, o pensamento único."
Ao saber que a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) havia feito críticas à posição tomada por ela na campanha eleitoral -quando se negou a ser candidata a governadora de Alagoas por discordar da política de alianças feita pelo PT-, Heloísa Helena disse que a colega não conhece o assunto "com profundidade" e apenas "legitima" a idéia de que o não-voto em Sarney é uma desculpa para sua eventual punição.
Ao final, a senadora que se define como "sobrevivente", por ter passado fome na infância e ter enfrentado a violência de adversários políticos no Estado, afirmou: "Esta não é a primeira vez que enfrento adversidades. Passei a vida toda repetindo a tradição de Davi contra Golias".
No Senado, Heloísa Helena viveu seu pior momento na época da divulgação da violação do painel eletrônico do Senado.
Surgiram rumores na imprensa de que Antonio Carlos Magalhães teria dito a interlocutores que a alagoana votara contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão. Heloísa Helena negou, chorou e chamou o senador cassado de "riquinho ordinário".
Sou usada como bode expiatório, diz Heloísa
RAQUEL ULHÔAda Folha de S.Paulo, em Brasília
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) afirmou ontem que está servindo de "bode expiatório" à cúpula do seu partido e que a sua recusa em votar no senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado não é a verdadeira motivação da ameaça de punição a ela.
"É um simbolismo. Botar a bruxa na fogueira atenua as tensões internas do partido. O objetivo é machucar profundamente um, para promover o medo nos demais", disse.
Afirmou estar "absolutamente tranquila" com a posição tomada na votação de Sarney, já que ela não é inédita: não votou no senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) em 1997 e no ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em 2001.
Afirmando não ter nada "pessoal" contra Sarney, a senadora disse que se negou a votar nele por se tratar de um "representante das oligarquias nordestinas", contra as quais sempre lutou. Ela foi a única dos 81 senadores a não comparecer à sessão de posse do Senado.
"É a mesma posição que já tomei em duas outras vezes: quando cheguei ao Senado e tinha a indicação para votar em ACM e, do mesmo jeito, quando eu era líder do PT e Jader era o candidato à presidência do Senado. Chegamos a apresentar o Jefferson Péres (PDT-AM) como candidato. Nem por isso o partido teve uma reação como essa", afirmou.
Permanência
Embora dizendo-se "profundamente machucada e triste" com o episódio, Heloísa Helena garantiu que permanecerá no PT e que irá se defender "quando e onde" o presidente do partido, José Genoino (SP), apresentar a proposta de advertência pública contra ela.
"Apesar de eu me sentir assim, estou tranquila porque sei que não sou voz isolada [no partido]. Nascemos criticando o partido único e, portanto, o pensamento único."
Ao saber que a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) havia feito críticas à posição tomada por ela na campanha eleitoral -quando se negou a ser candidata a governadora de Alagoas por discordar da política de alianças feita pelo PT-, Heloísa Helena disse que a colega não conhece o assunto "com profundidade" e apenas "legitima" a idéia de que o não-voto em Sarney é uma desculpa para sua eventual punição.
Ao final, a senadora que se define como "sobrevivente", por ter passado fome na infância e ter enfrentado a violência de adversários políticos no Estado, afirmou: "Esta não é a primeira vez que enfrento adversidades. Passei a vida toda repetindo a tradição de Davi contra Golias".
No Senado, Heloísa Helena viveu seu pior momento na época da divulgação da violação do painel eletrônico do Senado.
Surgiram rumores na imprensa de que Antonio Carlos Magalhães teria dito a interlocutores que a alagoana votara contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão. Heloísa Helena negou, chorou e chamou o senador cassado de "riquinho ordinário".
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