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08/04/2003 - 07h45

BC autônomo divide governo e sociedade, afirma Dirceu

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo

O ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou ontem, em São Paulo, que a discussão em torno da proposta de autonomia do BC (Banco Central) "não será tranquila", por não haver consenso sobre o tema no governo, no empresariado e na sociedade.

"[O país] precisa debater, de maneira transparente, a questão do Banco Central. Não será uma questão tranquila. Não é que existe divisão no PT ou na esquerda, é que existe divisão no empresariado e na sociedade brasileira."

Dirceu participou de um fórum de debates promovido pela revista "Exame" em um hotel da capital paulista para discutir os cem dias do governo Lula. Durante o evento, o petista ouviu elogios de empresários, mas trocou farpas com o ex-ministro das Comunicações de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros e recebeu críticas do filósofo José Arthur Giannotti.

Na última semana, o governo só conseguiu o apoio da chamada ala radical da bancada petista na Câmara para a aprovação da emenda que regulamenta o sistema financeiro após a promessa de que a autonomia do BC não seria enviada ao Congresso antes de uma ampla discussão.

"Não é uma questão líquida e certa que o BC deve ser independente, deve ter autonomia operacional. É uma questão que a sociedade precisa debater porque nós não podemos errar nessa questão nem dividir a sociedade, o Congresso e os partidos."

Principal articulador político do governo, Dirceu disse conhecer empresários "radicalmente contra" a independência do BC. "Não é só dentro do PT que tem essa questão. No PSDB há resistência também à autonomia. O PFL disse que vai apresentar um projeto de autonomia do BC. Vamos ver o projeto do PFL."

O ministro abriu seu pronunciamento aos cerca de 500 empresários e economistas que participaram do evento afirmando que não faria um balanço do início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas exaltou o que chamou de "sucesso" na área econômica e disse que o PT não tem "vergonha" das decisões que tomou recentemente, como o aumento da taxa de juros e outras medidas antes criticadas pelo partido.

Além de Mendonça de Barros e Giannotti, compunham a mesa de debatedores Nildemar Secches, presidente da Perdigão, Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce, Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Unibanco, e Marcos Lisboa, secretário do Ministério da Fazenda.

À exceção dos dois primeiros, os quatro foram enfáticos ao saudar a adoção de medidas ortodoxas do PT na economia e a festejar os resultados obtidos até agora após o que chamaram de "amadurecimento do partido".

Schwartsman, no entanto, ressalvou que faltou "transparência" no processo de transição do partido e que não houve autocrítica interna e externa. Dirceu rebateu com veemência: "Não temos que fazer autocrítica de nada".
 

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