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09/04/2003 - 06h26

Brasileiro aceita mais inflação para ter emprego

da Folha de S.Paulo

A maioria da população brasileira aceita uma inflação maior como preço para a redução do desemprego e a obtenção de maior crescimento econômico.

A tese, em nada próxima da ortodoxia econômica em vigência, assustaria o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, apavoraria seu antecessor, Pedro Malan, e causaria pânico nos mercados financeiros e na direção do Fundo Monetário Internacional.

Mas, ao serem questionados pelo Datafolha, 61% dos brasileiros defenderam que o governo não aumente a taxa de juros básica da economia, como forma de estimular o desenvolvimento e conter o desemprego, mesmo que com isso a inflação volte a subir.

Chega a 25% o percentual dos que aceitam a subida dos juros como forma de controle da inflação, mesmo que isso cause desemprego, apontado como o principal problema do país.

É certo que as duas equações econômicas propostas dependem de uma série de outros fatores para que se realizem. Há questionamentos macroeconômicos sobre a efetiva realização dessa sequência de atos na condução dos agentes da economia, mas são as opções grosso modo sugeridas.

É a velha discussão entre monetaristas e desenvolvimentistas que ressurgiu durante o governo Fernando Henrique Cardoso, mas é antiga nos setores acadêmicos. Se ouvidos, os eleitores majoritariamente optam pelos desenvolvimentistas.

A contenção da inflação foi a justificativa do governo Lula para a elevação dos juros nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária. Quando candidato, o petista chamava os juros de extorsivos e dizia que as taxas estavam aniquilando a produção e o emprego nacional.

A aceitação da ortodoxia econômica (juros mais altos para conter a inflação) é maior entre os que recebem mais de R$ 1.200. Chega a 35% entre os que ganham de cinco a dez salários mínimos e a 33% entre os que recebem mais do que isso.

Apesar de o ministro da Fazenda já ter até sido apelidado de Malocci -um ser híbrido de Palocci e Malan-, a maioria dos ouvidos pelo Datafolha os distingue claramente. Para 55%, as medidas econômicas tomadas pelo governo Lula não são parecidas com as da administração de FHC. Para 26% são um pouco parecidas, e para 10%, muito parecidas.

Paga sem sentir

A taxa básica dos juros decidida pelo comitê do Banco Central influi em toda a economia -restringe crediário nas lojas, aumenta taxas cobradas no cheque especial e dificulta as vendas e consequentemente a geração de empregos, por exemplo-, mas o brasileiro parece pagar sem sentir.

Dos entrevistados, 55% disseram não ter tomado conhecimento das duas elevações na taxa que ocorreram neste ano, e 45% afirmaram ter tomado conhecimento, mas apenas 12% se definiram como bem informados a respeito.

Depois de informados, a maioria absoluta (64%) condenou o aumento dos juros; 29% disseram que o governo agiu bem.

Tudo igual

Na comparação com dezembro, aumentou nove pontos percentuais os que acham que a inflação ficará como está, com o índice passando de 21% para 30%.

A maioria (44%), no entanto, ainda acredita que a inflação vai aumentar, uma oscilação negativa de dois pontos. Caiu de 27% para 23% o percentual daqueles que acreditam que diminuirá.

Também no desemprego aumentou quatro pontos a taxa daqueles que acham que a situação permanecerá a mesma, passando de 18% para 22%. Para 39% irá diminuir, e para 36%, aumentar. Sem variações em relação a dezembro, para 40% o poder de compra aumentará, para 28% ficará inalterado e para 27% diminuirá.
 

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