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09/04/2003 - 08h49

Oposição aponta retrocesso e paralisia

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Bastaram os primeiros movimentos do governo para a oposição alinhavar um discurso crítico que parecia distante quando o PT fincou sua bandeira no Planalto. Na época, o governo surfava, como ainda se equilibra, na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vangloriava-se de que não havia oposição. Ela não tardou a dar as caras.

"Retrocesso, contradição, paralisia e imprudência" são os males do Brasil na visão do PFL, a sigla que mais rapidamente parece se acostumar à vida de oposição. "São as quatro pragas dos cem dias de governo", diz o presidente pefelista, senador Jorge Bornhausen. Para o PSDB, o PT governa sob a "marca do improviso".

Com o senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que assediava o governo Lula, acuado por investigação do Conselho de Ética, o PFL sentiu-se livre para combater gestos e ações do governo. Quando fala em "retrocesso", a primeira "praga", Bornhausen se refere à política fundiária do governo.

Na campanha, Lula prometeu ser o fiador da paz no campo. Afinal, argumentava, ele conhecia bem o MST. Bornhausen parou de contabilizar as invasões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) antes do final de março. Passavam de 30.

Isso, depois de o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) sinalizar mudanças na legislação que impede a desapropriação de terras invadidas, o que é uma heresia para o PFL. "A grande nódoa do governo é a mancebia entre Rossetto e o MST", faz coro o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM).

O PSDB, que ao lado do PFL forma o núcleo duro da oposição ao governo, até agora havia sido mais contido na oposição.

Subindo o tom

Freio de mão puxado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda o centro de referência tucana, enquanto a legenda tenta acomodar diferenças internas e traçar um rumo.

Os tucanos começam a endurecer o tom com o fim dos cem primeiros dias de governo. O eixo de seu discurso oposicionista são as "contradições" entre o que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva dizia e o que o presidente Lula faz.

"O PT no governo aplica o que era satanizado sem nenhum pedido de desculpas", diz Bornhausen. "Não reconheço mérito algum onde só houve reconhecimento", diz o presidente do PSDB, José Aníbal, referindo-se à continuidade da política econômica. "O governo entendeu que metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário são uma condição básica do mundo de hoje, não eram uma maldade de FHC", afirma ele.

Outro tucano de alta plumagem, Tasso Jereissati (CE) vai mais longe e fala em "estelionato eleitoral". Identifica, entretanto, um aspecto positivo na contradição petista: o fim da idéia de que a política se divide entre os bons (a antiga oposição petista) e os maus (os que estavam no poder).

Terceira das "quatro pragas", o melhor exemplo de "paralisia" seria a falta de projetos para as reformas tributária e previdenciária. "Ainda não sabemos como será a reforma da Previdência", diz o secretário da Casa Civil de São Paulo, Arnaldo Madeira (PSDB).

Os tucanos declaram ainda que o principal programa social, o Fome Zero, não passa de contas bancárias. Bornhausen diz que a única obra do governo é a "criação do narcoturismo", referência às transferências do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, personagem que, para os tucanos, seria o exemplo do "improviso" petista.

A "quarta praga" se manifestaria sobretudo na "dualidade" da política externa, comandada, na opinião de Bornhausen, "por dois senhores": Marco Aurélio Garcia, assessor internacional de Lula, e o chanceler Celso Amorim. Exemplos disso seriam as indicações de um diplomata contrário à Alca para a secretaria geral da pasta e a de um um embaixador "expelido de organismo internacional" para representar o Brasil em Londres.
 

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