Publicidade
Publicidade
08/06/2003
-
07h02
Para o professor de filosofia da USP Paulo Arantes, ao prometer aumentar o consumo dos pobres, o governo Lula, ainda que inconscientemente, promove a "barbarização" do país.
"É um convite ao recrudescimento da violência. Prometem o que não podem entregar", afirmou. "Quando você promete consumo de massa, está prometendo guerra civil."
No PPA (plano plurianual) anunciado pelo governo para o quadriênio 2004-2007, é dito que se pretende fazer o país crescer a partir do incremento do consumo dos mais pobres.
Segundo ele, "o problema é a maneira pela qual a sociedade é regulada pela noção de consumo como condição de acesso à plenitude da vida". "Se você não tem acesso àqueles bens, você é um nada. E é a única coisa de que você dispõe. Trocam-se direitos por consumo", afirmou.
"Não podem entregar [o que prometem]. Portanto é um convite ao recrudescimento da violência, e não mais do que isso. É uma espécie de horda de consumidores fanatizados pela indústria cultural, que se privados daquilo passam a matar. É claro que estão falando de boas intenções, que todos tenham eletrodomésticos etc. Mas quem produz não está pensando nisso. A lógica do produto, do consumo, da imagem é a lógica da violência e da competição. O gozo do consumo é que os outros não tenham aquilo que eu tenho."
Essa lógica maior -"o capitalismo hoje é morte"- orienta, ele diz, inclusive sua análise sobre a prisão em que o governo se meteu ao reafirmar a política macroeconômica de satisfazer as exigências do mercado, mesmo não acreditando nele.
Segundo Arantes, o governo se comporta como o consumidor que sabe que a "grife" é apenas um nome e, mesmo sabendo disso, continua sentindo necessidade de consumir. "A ideologia está no fazer, e não na representação", disse ele na última quinta na USP.
O professor de filosofia criticou ainda a forma de discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que chamou de "espetáculo" das analogias e metáforas.
"Se eu fosse fazer uma crítica direta ao presidente, diria que isso é a coisa mais execrável que existe. Esse congelamento, essa imbecilização da opinião pública, tratada como débeis mentais, na base desses provérbios congeladores e imbecilizadores."
"Ao prometer consumo, prometem guerra civil", afirma Paulo Arantes
da Folha de S.PauloPara o professor de filosofia da USP Paulo Arantes, ao prometer aumentar o consumo dos pobres, o governo Lula, ainda que inconscientemente, promove a "barbarização" do país.
"É um convite ao recrudescimento da violência. Prometem o que não podem entregar", afirmou. "Quando você promete consumo de massa, está prometendo guerra civil."
No PPA (plano plurianual) anunciado pelo governo para o quadriênio 2004-2007, é dito que se pretende fazer o país crescer a partir do incremento do consumo dos mais pobres.
Segundo ele, "o problema é a maneira pela qual a sociedade é regulada pela noção de consumo como condição de acesso à plenitude da vida". "Se você não tem acesso àqueles bens, você é um nada. E é a única coisa de que você dispõe. Trocam-se direitos por consumo", afirmou.
"Não podem entregar [o que prometem]. Portanto é um convite ao recrudescimento da violência, e não mais do que isso. É uma espécie de horda de consumidores fanatizados pela indústria cultural, que se privados daquilo passam a matar. É claro que estão falando de boas intenções, que todos tenham eletrodomésticos etc. Mas quem produz não está pensando nisso. A lógica do produto, do consumo, da imagem é a lógica da violência e da competição. O gozo do consumo é que os outros não tenham aquilo que eu tenho."
Essa lógica maior -"o capitalismo hoje é morte"- orienta, ele diz, inclusive sua análise sobre a prisão em que o governo se meteu ao reafirmar a política macroeconômica de satisfazer as exigências do mercado, mesmo não acreditando nele.
Segundo Arantes, o governo se comporta como o consumidor que sabe que a "grife" é apenas um nome e, mesmo sabendo disso, continua sentindo necessidade de consumir. "A ideologia está no fazer, e não na representação", disse ele na última quinta na USP.
O professor de filosofia criticou ainda a forma de discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que chamou de "espetáculo" das analogias e metáforas.
"Se eu fosse fazer uma crítica direta ao presidente, diria que isso é a coisa mais execrável que existe. Esse congelamento, essa imbecilização da opinião pública, tratada como débeis mentais, na base desses provérbios congeladores e imbecilizadores."
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice