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24/08/2000 - 02h40

PTB rompe com tucanos, pede CPI e acena para Ciro

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ALEXANDRE OLTRAMARI e MALU GASPAR, da Folha de S.Paulo

Insatisfeito com a falta de cargos no governo, o PTB rompeu ontem a aliança com o PSDB, com quem formava um bloco desde fevereiro passado e que garantiu ao partido do presidente Fernando Henrique Cardoso a condição de maior bancada na Câmara dos Deputados.

Minutos depois de divulgar o rompimento, o PTB anunciou que está colhendo assinaturas para a criação da CPI dos Fundos de Pensão. As principais lideranças do PTB diziam ontem também que o partido está articulando aliança com Ciro Gomes, pré-candidato do PPS à sucessão de FHC, em 2002.

Do lado do PPS, o presidente do partido, Roberto Freire (PE), confirmava a existência de entendimentos. "Essa é uma possibilidade muito concreta." Seu raciocínio era o de que é preciso aumentar o tempo de Ciro na TV. Hoje, o PPS dispõe de escasso meio minuto. Com o PTB, Freire acredita que o partido terá tempo suficiente para fazer a campanha.

À noite, o presidente Fernando Henrique Cardoso convocou uma reunião no Palácio do Planalto com líderes tucanos para tentar reverter o rompimento do bloco. A reunião prosseguia até o fechamento desta edição.

Com a criação da CPI, o objetivo do PTB é atingir o governo de FHC por meio do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Quando estava no governo, EJ indicou os dirigentes dos principais fundos de pensão do país, como a Previ (Banco do Brasil), a Funcef (Caixa
Econômica Federal) e Real Grandeza (Furnas). O Ministério Público Federal investiga a relação de EJ com os fundos de pensão.

A Folha apurou que a principal razão para o fim do acordo é o fato de o PTB não ter recebido os cargos no governo que lhe foram prometidos pelos tucanos antes da formação do bloco, há cerca de seis meses. O principal posto esperado pelo PTB era a vaga de ministro da Agricultura.

O cargo pertence à cota política do PPB, que também integra a base de apoio ao governo no Congresso, e é ocupado pelo gaúcho Pratini de Moraes. O PTB pretendia ver o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) no comando do ministério.

No final da tarde de ontem, os deputados Rodrigo Maia (PTB-RJ) e Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) colhiam assinaturas para a instalação da CPI.
São necessárias 171 assinaturas. Segundo o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), líder do partido, todos os 26 deputados do PTB vão assinar o pedido de criação da CPI.

O PTB é um partido que sempre ameaça abandonar a base governista como forma de pressionar o presidente FHC a conceder cargos a seus aliados.
Desta vez, está usando uma eventual aliança com Ciro Gomes como outra arma de pressão. "O PTB não está próximo do PPS. Está num namoro rasgado com Ciro Gomes", afirmou Roberto Jefferson. O deputado Eduardo Paes (PTB-RJ) disse que existe o desejo de o PTB "virar a linha auxiliar de Ciro Gomes no cenário nacional".

A explicação oficial para a ruptura é a mesma nos dois partidos. Segundo essa versão, o PTB queria mais espaço na tribuna, onde o líder Roberto Jefferson costumava discursar antes da formação da aliança com o PSDB. Com o acordo, no entanto, quem falava pelo bloco era o líder tucano
Aécio Neves (MG).

"Ruptura não é o termo adequado. É absolutamente natural o que ocorreu. O PTB deixou de ter espaço e o partido acha que precisa voltar a ter esse espaço no plenário. Mas o PTB vai continuar na base governista. Apenas deixou o bloco", disse Aécio.

A Folha apurou que, além de estar descontente por não ter recebido os cargos prometidos, o PTB estava com receio de ter a sua imagem associada ao governo nas eleições municipais de outubro. O próprio Roberto Jefferson chegou a admitir isso.

"Estava muito difícil explicar a aliança com o PSDB. Há rejeição muito grande ao governo. Sabemos que o PSDB vai levar uma coça nas eleições", explicou. "Não queremos que a nossa saída do partido seja comparada ao caso do ratinho que pula do navio quando ele está afundando. Por isso, saímos antes de ele afundar."

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