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07/08/2003
-
01h14
da Folha Online
da Folha de S.Paulo
O jornalista Roberto Marinho comandou a formação do maior grupo de comunicação brasileiro, as Organizações Globo. O grupo atua hoje em rádio, televisão, jornal, editora, produção de cinema, vídeo, internet e distribuição de sinal de TV paga e de dados.
Inicialmente dono do jornal carioca "O Globo", fundado em 1925, o conglomerado de mídia de Roberto Marinho começou mesmo em 1944, com a inauguração da Rádio Globo do Rio.
Carro-chefe e empresa de maior receita e prestígio do grupo, a Rede Globo teve seu primeiro embrião em 1965, com o início das transmissões do Canal 4 do Rio. No ano seguinte, o empresário Roberto Marinho comprou em São Paulo a TV Paulista, Canal 5, e formou a rede.
Acordo com Time-Life
Na época, o jornalista tinha 60 anos e não dispunha de capital para aplicar no novo empreendimento. Para viabilizar a rede, se uniu ao grupo norte-americano Time-Life, para quem deu 49% de participação. O grupo trouxe investimentos estimados em US$ 25 milhões e know-how, que mais tarde seria transformado no chamado "Padrão Globo de Qualidade".
Teve de enfrentar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), criada para investigar o acordo com os americanos. O negocio ia de encontro ao artigo 160 da Constituição de 1946, que vetava a participação acionária de estrangeiros em empresas de comunicação.
O relatório da CPI concluiu que a Constituição fora de fato desrespeitada, mas o procurador-geral da República, em 67, e o presidente Artur da Costa e Silva, em 68, decidiram que a operação havia sido legal.
Concorrência
Nesse período, Marinho chegou a ser hostilizado por concorrentes ferozes, como o Diários Associados, que colocou seus jornais, revistas e estações de TV em "campanha" contra a emissora.
Não adiantou. Em cinco anos, a Rede Globo ganhou projeção nacional e se tornou líder de audiência. Acabou levando o maior quinhão das verbas publicitárias, enquanto o império dos Diários Associados começava a ruir.
Em 1969, comprou (de volta) a participação da Time-Life. Pediu empréstimo de US$ 3,8 milhões ao Citibank, avalizado pelo Banco do Estado da Guanabara, e deu como garantia todos os seus bens, inclusive sua casa no Cosme Velho (local do velório nesta quinta-feira).
Na administração financeira da rede, colocou Joe Wallach, executivo do Time-Life. Como responsável pelo conteúdo da programação nomeou Walter Clark e, mais tarde, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Como empresário, Marinho trouxe do mercado profissionais para comandar as áreas administrativa, de produção e programação. Mantinha apenas sua influência na área de jornalismo.
Militares
Ideologicamente, foi identificado com o ideário dos governos militares, mas nem por isso deixou de ter atritos com o poder fardado. Durante os governos de Castelo, Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici, a Rede Globo foi submetida à censura.
Na cobertura das "Diretas Já", em 1984, a Rede Globo foi criticada por não dar nenhum destaque ao ato público que reuniu um milhão de pessoas no Anhangabaú, em São Paulo. Nesse dia se disseminaria o grito de ordem --"O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
A emissora de Marinho também seria alvo de duras críticas na cobertura das eleições presidenciais de 1989, especialmente devido à edição do último debate entre os então candidatos Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva. A edição foi considerada "favorável" a Collor, e decisiva para a derrota do petista, hoje presidente da República.
Sucessão e novos investimentos
A partir do governo do início dos anos 90, Roberto Marinho se afastou gradativamente da direção da Globo. Colocou seu filhos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto à frente da rede, tendo como superintendente a administradora e psicóloga Marluce Dias da Silva.
Também nos anos 90, o grupo abriu o capital e passou a investir também em telecomunicações e distribuição de TV paga e de dados, com a Net e a Globo.com.
Com uma fortuna pessoal de US$ 1 bilhão de dólares, Marinho consta da lista dos homens mais ricos do mundo elaborada pela revista "Forbes".
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da Folha de S.Paulo
O jornalista Roberto Marinho comandou a formação do maior grupo de comunicação brasileiro, as Organizações Globo. O grupo atua hoje em rádio, televisão, jornal, editora, produção de cinema, vídeo, internet e distribuição de sinal de TV paga e de dados.
Inicialmente dono do jornal carioca "O Globo", fundado em 1925, o conglomerado de mídia de Roberto Marinho começou mesmo em 1944, com a inauguração da Rádio Globo do Rio.
Carro-chefe e empresa de maior receita e prestígio do grupo, a Rede Globo teve seu primeiro embrião em 1965, com o início das transmissões do Canal 4 do Rio. No ano seguinte, o empresário Roberto Marinho comprou em São Paulo a TV Paulista, Canal 5, e formou a rede.
Acordo com Time-Life
Na época, o jornalista tinha 60 anos e não dispunha de capital para aplicar no novo empreendimento. Para viabilizar a rede, se uniu ao grupo norte-americano Time-Life, para quem deu 49% de participação. O grupo trouxe investimentos estimados em US$ 25 milhões e know-how, que mais tarde seria transformado no chamado "Padrão Globo de Qualidade".
Teve de enfrentar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), criada para investigar o acordo com os americanos. O negocio ia de encontro ao artigo 160 da Constituição de 1946, que vetava a participação acionária de estrangeiros em empresas de comunicação.
O relatório da CPI concluiu que a Constituição fora de fato desrespeitada, mas o procurador-geral da República, em 67, e o presidente Artur da Costa e Silva, em 68, decidiram que a operação havia sido legal.
Concorrência
Nesse período, Marinho chegou a ser hostilizado por concorrentes ferozes, como o Diários Associados, que colocou seus jornais, revistas e estações de TV em "campanha" contra a emissora.
Não adiantou. Em cinco anos, a Rede Globo ganhou projeção nacional e se tornou líder de audiência. Acabou levando o maior quinhão das verbas publicitárias, enquanto o império dos Diários Associados começava a ruir.
Em 1969, comprou (de volta) a participação da Time-Life. Pediu empréstimo de US$ 3,8 milhões ao Citibank, avalizado pelo Banco do Estado da Guanabara, e deu como garantia todos os seus bens, inclusive sua casa no Cosme Velho (local do velório nesta quinta-feira).
Na administração financeira da rede, colocou Joe Wallach, executivo do Time-Life. Como responsável pelo conteúdo da programação nomeou Walter Clark e, mais tarde, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Como empresário, Marinho trouxe do mercado profissionais para comandar as áreas administrativa, de produção e programação. Mantinha apenas sua influência na área de jornalismo.
Militares
Ideologicamente, foi identificado com o ideário dos governos militares, mas nem por isso deixou de ter atritos com o poder fardado. Durante os governos de Castelo, Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici, a Rede Globo foi submetida à censura.
Na cobertura das "Diretas Já", em 1984, a Rede Globo foi criticada por não dar nenhum destaque ao ato público que reuniu um milhão de pessoas no Anhangabaú, em São Paulo. Nesse dia se disseminaria o grito de ordem --"O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo".
A emissora de Marinho também seria alvo de duras críticas na cobertura das eleições presidenciais de 1989, especialmente devido à edição do último debate entre os então candidatos Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva. A edição foi considerada "favorável" a Collor, e decisiva para a derrota do petista, hoje presidente da República.
Sucessão e novos investimentos
A partir do governo do início dos anos 90, Roberto Marinho se afastou gradativamente da direção da Globo. Colocou seu filhos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto à frente da rede, tendo como superintendente a administradora e psicóloga Marluce Dias da Silva.
Também nos anos 90, o grupo abriu o capital e passou a investir também em telecomunicações e distribuição de TV paga e de dados, com a Net e a Globo.com.
Com uma fortuna pessoal de US$ 1 bilhão de dólares, Marinho consta da lista dos homens mais ricos do mundo elaborada pela revista "Forbes".
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