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12/09/2003 - 22h00

Ex-dirigentes do banco Araucária são acusados por lavagem de dinheiro

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

Os ex-dirigentes e ex-sócios do banco Araucária S.A. e da corretora de títulos e valores mobiliários do mesmo grupo, entre eles Paulo Konder Bornhausen, foram denunciados (formalmente acusados) hoje à Justiça Federal em Curitiba (PR) por supostas operações de lavagem de dinheiro entre 1994 e 2000.

A acusação foi protocolada na 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba pelos procuradores da República integrantes da força-tarefa responsável por fazer deslanchar os inquéritos de crimes contra o sistema financeiro nacional emperrados desde 1998 em Foz do Iguaçu (PR).

Segundo a denúncia, o volume de dinheiro movimentado de forma ilegal pelo banco corresponderia hoje a US$ 6 bilhões (R$ R$ 17,34 bilhões, no câmbio de ontem). Na maioria dos casos, ainda segundo os procuradores, o dinheiro foi enviado para contas no exterior por meio de remessas via contas CC5 --de não-residentes no Brasil. Os cálculos tomaram por base o dólar em paridade com o real, em 1998.

A ação contra o grupo Araucária atinge 12 pessoas. O ex-presidente do banco Alberto Dalcanale Neto e outros dois integrantes da família, os irmãos Luiz Alberto Dalcanale e Roger Dalcanale, encabeçam a lista de denunciados.

As outras oito pessoas tiveram atuação também como acionistas ou foram diretores do banco. Com sede em Curitiba, o Araucária sofreu liquidação extrajudicial (teve a atividade encerrada) pelo Banco Central. Fechou as portas em 2000.

O anúncio da ação criminal contra o banco paranaense e seus proprietários teve o respaldo do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. Ele participou da entrevista que deu alguns detalhes do inquérito, mas não fez comentário direto a respeito. Antes, porém, Fonteles tinha afirmado garantir total apoio aos trabalhos da força-tarefa.

Segundo o procurador Januário Paludo, Paulo Konder Bornhausen --irmão do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen-- deixou a sociedade do banco em 1995.

Ele detinha 13% das ações, mas, durante o último ano em que constou do grupo de acionistas, o banco teria movimentado, por intermédio de uma rede de "laranjas", US$ 1,9 bilhão (R$ 5,5 bilhões). "O caso é de crime societário", disse Paludo.

"O Araucária foi o instrumento da evasão de divisas, não o remetente direto", afirmou o procurador, "obviamente com a anuência dessas pessoas [os dirigentes e administradores] no desvio", disse.

O procurador João Vicente Beraldo Romão disse que os dirigentes do banco estão sendo acusados de quatro crimes: "gestão fraudulenta, remessas ilegais ao exterior, formação de quadrilha e prestação de informações falsas ao Banco Central".

A ação contra ex-dirigentes e acionistas do Araucária também se estende a 15 controladores e acionistas do banco Integración, do Paraguai, que operava como intermediário das remessas via Araucária, em Foz do Iguaçu. Esse banco seria supostamente o braço paraguaio do Araucária.

Há ainda 21 pessoas citadas como "laranjas" e três gerentes acusados de participar do esquema.

Uma segunda ação protocolada pede a condenação de quatro sócios da Golden Câmbios S.A., também por lavagem de dinheiro. Os procuradores não têm provas de que os US$ 6 bilhões que saíram pelo Araucária foram parar no Banestado de Nova York, mas acreditam neste caminho.

A denúncia de hoje é o primeiro caso de acusação direta da força-tarefa contra donos dos bancos que operaram em larga escala nas remessas de divisas e dinheiro do narcotráfico para o exterior. Até o momento, apenas doleiros, donos de agências de viagem e casas de câmbio e "laranjas" utilizados em outros esquemas foram denunciados. Apenas oito estão presos.
 

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