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27/10/2003 - 10h29

Tribos nômades hoje vivem em casas de zinco em Rio Negro

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da Folha de S.Paulo, em Rio Negro

Até algumas décadas atrás, os hupdas, os "senhores dos caminhos", como são conhecidos, formavam uma comunidade de caçadores nômades. Dois mil anos antes, tinham sido empurrados pelo tukanos, mais evoluídos, da beira dos rios para o interior das matas.

Os salesianos acreditaram que juntá-los em torno de uma igreja facilitaria sua doutrinação e sobrevivência. Foi assim que cinco dos clãs, com mais 300 pessoas, juntaram-se na região da Serra dos Porcos, hoje Santo Atanásio. Até mesmo uma pista para aviões Búfalos da Força Aérea foi construída ali.

O aeroporto é agora uma mancha abandonada na mata e os padres só aparecem a cada seis meses para o batismo. A caça sumiu e as famílias vivem de mandiocas raquíticas. Por influência dos padres, trocaram as malocas amplas de folhas por pequenas casas de teto de zinco. Vivem quase intoxicados pelo fogo sempre aceso. Famílias se espalham em redes que antes eram de tucum -hoje são de tecido sintético,"criadouro" de doenças.

Os clãs hupdas camuflam uma rivalidade centenária. A tensão explodiu em junho passado, quando festejavam um troféu ganho num jogo de futebol. Beberam caxiri o dia inteiro, uma bebida fermentada à base de mandioca. Quando um aparelho a pilhas tocava fitas de forró, gente de um clã não gostou de ver homens de outros clãs dançando colados com suas mulheres. E a guerra começou. Trocaram flechadas durante horas, até que na manhã seguinte contaram um morto e vários feridos. Só uma semana depois, três chegaram a São Gabriel, atravessados por flechas.

Nos computadores da Foirn em São Gabriel, a coordenadora Yessica Guerreiro chama a atenção para Santo Anastásio. "A mortalidade infantil é de 40%. Se nada for feito com urgência, o grupo vai desaparecer."
 

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