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06/01/2004 - 21h00

Presidente da CPT teme ação violenta contra religiosos

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ADRIANA CHAVES
da Agência Folha

O presidente nacional da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, 82, disse hoje temer uma "reação em cadeia" de ações violentas contra a atuação de religiosos na defesa dos interesses indígenas, numa referência ao suposto sequestro de padres em Roraima.

Dom Tomás esteve em São Félix do Araguaia (MT) nos últimos dias para prestar solidariedade ao bispo do município, dom Pedro Casaldáliga, que vem sofrendo ameaças de morte por apoiar os xavantes. Os índios tentam retomar a fazenda Suyá-Missu, de onde foram expulsos nos anos 60, contra cerca de 600 posseiros que invadiram a área.

Agência Folha - Qual o balanço da visita a São Félix do Araguaia?

Balduíno - Não se trata apenas de prestar solidariedade a um missionário que vem dando apoio aos povos indígenas e reconhece neles os protagonistas da área, mas de respeitar um grupo indígena que se desloca para as matas originais onde vivia 40 anos atrás. Aquela área é da União e está sendo manipulada pelos políticos e grandes proprietários que estão fortalecendo os ocupantes como testas-de-ferro para dificultar o retorno dos xavantes. A área pode ser tranqüilamente, legitimamente e legalmente ocupada pelos povos indígenas.

Agência Folha - Para o senhor, os posseiros são manipulados?

Balduíno - É um núcleo pequeno e recente de posseiros, preparados com alimentação e energia elétrica mantidos pelo agronegócio. Os grandes produtores estão interessados em tomar tudo aquilo. Sabem que o pequeno proprietário não prospera e daqui a pouco, por uma ninharia, cede lugar ao grande negocio. Essa é a grande jogada. Há uma manipulação, inclusive de lideranças xavantes.

Agência Folha - Há risco de conflito entre xavantes e posseiros?

Balduíno - Há risco. Um juiz federal desaconselhou a entrada dos índios em dezembro e isso favorece o processo de exclusão dos povos indígenas em favor do agronegócio. Enquanto se discute processo na Justiça, o fato consumado é o da devastação da área para plantio de soja.

Agência Folha - A CPT já criticou a lentidão da política agrária do governo federal. Qual sua avaliação da política indígena?

Balduíno - Nesta madrugada houve uma violência contra uma missão de padres em Boa Vista. Se essa reação repercute em Suya-Missu e se abre em outras áreas, digamos dos pataxós, começa uma reação em cadeia que vai acabar de paralisar a política indigenista do governo se não houver uma decisão mais energética.
 

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