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06/09/2000 - 05h13

Candidatos erram durante debate na TV

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da Folha de S.Paulo

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo cometeram erros anteontem na tentativa de explicar pontos polêmicos levantados no primeiro debate entre os concorrentes ao cargo.

O candidato do PPB, Paulo Maluf, ao ser questionado pela adversária do PSB, Luiza Erundina, sobre sua participação na construção do cemitério de Perus, onde foram encontradas ossadas de presos políticos, afirmou não "ter feito" a obra. "Não fiz o cemitério de Perus e não enterrei ninguém lá", disse o candidato.

O ex-prefeito, entretanto, foi o responsável pela inauguração do cemitério, como comprova uma placa que há no local. Segundo funcionários que preferiram não se identificar, nela consta a data da inauguração, 2 de março de 1971, e o nome do pepebista, à época cumprindo seu primeiro mandato à frente da prefeitura (8 de abril de 69 a 17 de março de 71).

Maluf também errou ao mencionar ter feito 68 trocas de administradores regionais durante sua segunda gestão (1993-1996).

Conforme a prefeitura, foram 65 substituições. Desse total, pelo menos 12 foram simples remanejamentos entre as 26 regionais.

Já o candidato tucano, Geraldo Alckmin, não conseguiu esclarecer o apoio indireto dado por seu coordenador de campanha, Walter Feldman, a Maluf em 92.

Naquele ano, Feldman, então vereador, foi um dos signatários de um manifesto de adesão ao pepebista, que disputava a prefeitura com o petista Eduardo Suplicy.

Alckmin negou a articulação, apesar de o próprio Feldman ter admitido
que o documento endossado por ele foi utilizado na campanha pepebista.
Embora nenhum dos dois candidatos tenha sido mencionado diretamente, no texto foram enumeradas características que somente Maluf poderia preencher naquela ocasião.

Mansão dos Matarazzo

Ao tentar responsabilizar Luiza Erundina (PSB) por uma dívida que a prefeitura tem com a família Matarazzo, o candidato José de Abreu (PTN) aumentou 24 vezes o valor do débito.

José de Abreu disse que a prefeitura tem um precatório de R$ 300 milhões para pagar à "família da madame Marta", referindo-se à candidata Marta Suplicy (PT), casada com o senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT).

O precatório (dívida decorrente de sentença judicial), porém, ainda não existe, segundo a prefeitura e a família beneficiada. Além disso, o valor da dívida, que ainda não foi fixado em termos definitivos, deve ficar em torno de R$ 12 milhões, de acordo com a própria assessoria do prefeito Celso Pitta, que pertence ao partido de Abreu.

O caso envolve a antiga mansão da família na avenida Paulista e aconteceu em 1989, primeiro ano de Erundina na prefeitura.

A prefeitura desapropriou o imóvel, e a família Matarazzo entrou na Justiça pedindo a anulação do tombamento e da declaração de utilidade pública e o ressarcimento por perdas e danos. Veio daí o débito do município.

Além de ter aumentado a dívida em sua fala, José de Abreu também sugeriu que a desapropriação feita por Erundina beneficiaria Suplicy e Marta, seus companheiros de partido à época.

Suplicy, porém, não está entre os herdeiros da mansão, que são todos filhos de Francisco Matarazzo, irmão do avô do senador.

Erundina, por sua vez, errou ao referir-se ao valor da dívida municipal.
Disse ter deixado a prefeitura devendo US$ 1,4 bilhão, valor que, segundo ela, foi elevado por Maluf e Pitta para US$ 16,5 bilhões -R$ 29,7 bilhões.

O ex-prefeito retrucou, dizendo que a dívida é de US$ 10 bilhões. Chegou mais perto, mas também errou. A dívida real, de acordo com a prefeitura, somando longo e curto prazo, é de R$ 15 bilhões -cerca de US$ 8,3 bilhões.

Plano de saúde

Romeu Tuma (PFL) teve de responder a duas perguntas sobre o "Plano de Saúde São Paulo", sua proposta para a saúde municipal.

Tentando sustentar a viabilidade do plano, que é contestada por especialistas em saúde pública, Tuma alterou o que disse na semana passada no horário eleitoral gratuito, ignorou dados estatísticos e cometeu alguns equívocos.

O primeiro deles foi afirmar que a rede municipal tem 259 unidades de atendimento -número que mudou em sua segunda fala para 298. Ambos estão incorretos. A rede tem, de acordo com a prefeitura, 254 unidades.

O candidato também disse que criará o Conselho Municipal da Saúde, mas o órgão já havia sido criado na gestão do ex-secretário municipal Jorge Pagura.

O pefelista afirmou ainda que seu plano -feito para idosos, deficientes e pessoas que ganham até três salários mínimos- terá de atender 3 milhões de pessoas.

De acordo com dados do IBGE, no entanto, o universo de pessoas que ganham até três salários mínimos na região metropolitana é de 48,2% -o que significa 4,7 milhões de pessoas na cidade, sem considerar os deficientes e idosos que ganham mais do que isso.

Por fim, o senador, que chegou a prometer dez vales-consulta a cada um dos associados, sem falar em limite de gastos, reduziu o número a seis no debate e afirmou que eles devem durar um ano. O pagamento pela consulta, que era de R$ 12, foi limitado a R$ 10.

Pela proposta original, se cada um dos pacientes (com dez vales em mãos) gastasse apenas uma folha por mês (a um custo de R$ 12), seriam R$ 56 milhões mensais só em consultas na rede credenciada de médicos -valor equivalente ao que o município gasta mensalmente para manter em funcionamento a rede.

Com as alterações, o pefelista conseguiu reduzir o gasto a R$ 180 milhões anuais.

Collor

Em uma de suas participações, Fernando Collor de Mello (PRTB) citou o assassinato da jornalista Sandra Gomide pelo ex-diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo" Antônio Pimenta Neves, preso em São Paulo.

"Fernando Collor já foi prefeito de Maceió, governador de Alagoas, presidente da República e é, sem dúvida, um pouco exótico vê-lo discutindo problemas de São Paulo", disse ao ex-presidente o jornalista Sandro Vaia, também de "O Estado de S.Paulo".

Collor não esperou que ele terminasse sua pergunta e respondeu: "Exótico é o seu editor-geral, que foi preso por assassinar uma mulher agora há pouco".

O debate alcançou 7 pontos de audiência no Ibope, o equivalente a 560 mil telespectadores na Grande São Paulo.

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