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23/03/2004 - 07h39

Procuradoria diz ter prova de ida de Waldomiro à Caixa no ano passado

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IURI DANTAS
MARTA SALOMON

da Folha de S.Paulo, em Brasília

O Ministério Público Federal obteve documentação que comprova uma visita de Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, à sede da CEF (Caixa Econômica Federal) no dia 25 de março do ano passado, véspera de uma reunião entre os diretores do banco e executivos da GTech do Brasil, multinacional que gerencia o sistema de loterias do país.

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Antonio Carlos Lino Rocha e o diretor de Marketing, Marcelo Rovai, ambos da GTech disseram que Waldomiro vinculou a renovação de contrato com a Caixa à contratação de Rogério Tadeu Buratti como consultor por um valor que acabou sendo reduzido para R$ 6 milhões. Buratti foi secretário de Governo do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) durante sua gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto.

Buratti será intimado a depor na PF na semana que vem, para esclarecer as informações dadas pelos executivos. Em entrevistas recentes, ele afirmou desconhecer Waldomiro Diniz.

Ainda não se sabe com quem Waldomiro se encontrou no dia 25 de março do ano passado. Procuradores obtiveram na quinta-feira uma cópia do CD de arquivo da portaria do prédio da Caixa em Brasília, no qual ficam registrados os nomes e documentos de todos que entram no edifício.

A Caixa informou que desconhece o conteúdo do CD e considera que o Ministério Público extrapolou suas funções ao "confiscar" o disco, que seria o original. O banco preparava no início da noite de ontem uma representação judicial contra o procurador Marcelo Serra Azul, com base na Lei Orgânica do Ministério Público. Segundo o banco, deveria ter havido um requerimento oficial das informações, concedendo prazo de dez dias para que o CD fosse entregue.

A assessoria de imprensa de Serra Azul afirmou que ele agiu dentro do permitido pela lei, pois não teria havido busca e apreensão, apenas a requisição do CD à equipe de segurança que prontamente o entregou.

"Pessoa influente"

Na reunião do dia 26 de março, o banco estatal agendou para dali a cinco dias a assinatura do contrato com a GTech. Na manhã de 31 de março, Waldomiro informou aos executivos que uma "pessoa influente", que seria Buratti, os procuraria. À tarde, Paulo Bretas, vice-presidente de Logística da CEF e coordenador da negociação com a GTech, telefonou informando de "pendências jurídicas" sobre o contrato, que só foi renovado no dia 8 de abril. A Caixa sempre negou qualquer contato de Waldomiro com Bretas.

Em março do ano passado, Waldomiro ainda ocupava a subchefia de Assuntos Parlamentares do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigam se Waldomiro praticou corrupção e tráfico de influência interferindo na renovação de contrato da Caixa com a GTech.

Waldomiro foi exonerado "a pedido" no dia 13 de fevereiro, quando foi divulgado vídeo em que pedia propina ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Este mesmo empresário combinou o primeiro encontro de Waldomiro com Rovai e Lino Rocha, da GTech, em janeiro do ano passado.

Depoimento

O presidente da CEF, Jorge Mattoso, dará explicações hoje, às 10h, na CFC (Comissão de Fiscalização e Controle) do Senado sobre a renovação do contrato entre a instituição e a GTech.
 

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