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24/06/2004 - 16h28

Leonel Brizola é enterrado no "berço do trabalhismo"

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, São Borja (RS)
PLÍNIO FRAGA
Enviado da Folha de S.Paulo a São Borja

O governador Leonel Brizola, morto na segunda-feira no Rio, foi enterrado hoje em São Borja (RS), cidade tida como o "berço do trabalhismo". Segundo cálculos do comando da Brigada Militar, 25 mil pessoas participaram das homenagens a Brizola no município, que tem 64.820 habitantes e fica na fronteira com a Argentina.

O corpo de Brizola foi enterrado às 16h no jazigo onde já estão os presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, além da mulher do governador, Neusa Brizola.

Durante o dia, jornais e rádios da cidade lembravam uma frase dita por Brizola em São Borja, em 1979, ano em que retornou do seu exílio de 15 anos: "E ali, naquele momento [no final do exílio], decidimos voltar por São Borja nem que tivéssemos de dar umas voltas pelo mundo inteiro. São Borja é como entrar pela porta da frente da nossa própria casa".

Mais de 7.000 pessoas acompanharam o percurso do corpo de Brizola por oito quadras que separam a igreja matriz do cemitério, sob músicas como o Hino Nacional, o hino do Rio Grande do Sul e "Querência Amada", do compositor gaúcho Teixeirinha. No aeroporto de São Borja, 1.500 pessoas o receberam. Era ponto facultativo na cidade, que fechou o comércio. As ruas ficaram completamente tomadas para durante o cortejo. O caixão foi levado em caminhão de bombeiros do aeroporto até a igreja matriz.

"Ele é o meu padrinho, ele é o meu padrinho", dizia, aos prantos, José Lorenzi, 58, professor aposentado, enquanto caminhava pelas ruas de São Borja trajando bombacha, botas e o característico lenço vermelho.

Assis Pinheiro de Quevedo, 86, trajava as vestes gaúchas, carregava uma bandeira do PDT e contava histórias: seu pai era amigo de Vargas, ele trabalhou como peão para João Goulart e se tornou amigo de Brizola.

Dentre outras presenças de políticos, estiveram em São Borja o presidente nacional do PT, José Genoino, o presidente da Câmara, João Paulo (PT), e o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B), que receberam vaias isoladas de militantes da Força Sindical.

"As vaias são um fato menor perto do que representa o grande debate de idéias proposto por Brizola", disse Genoino. Para Rebelo, ''Brizola é insubstituível, suas idéias vão ficar''.

Dos parentes, destacavam-se o irmão Frutuoso Brizola, visivelmente abatido, e o filho José Vicente Brizola, que disse ter feito as pazes com o pai, com quem rompeu há três anos, mas não ter divulgado o fato publicamente.

São Borja organizou-se para receber os visitantes. Foram confeccionados mil laços pretos, para serem colocados nos carros que participaram da homenagem, e 500 bandeiras. Os oito hotéis, com seus 800 quartos, ficaram lotados. O caixão com Brizola saiu pela manhã de Porto Alegre.

Sob chuva, quatro aviões com autoridades e parentes de Leonel Brizola deixaram a capital do Estado às 10h32 com destino a São Borja. Antes de deixar o Palácio Piratini, Brizola recebeu honras militares com direito a salva de tiros e marcha fúnebre. A chuva fez com que o corpo fosse levado ao aeroporto Salgado Filho em carro fechado.

O presidente em exercício, José Alencar, participou do velório nesta manhã.

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