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14/09/2004
-
18h54
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha
Nada como estar na frente das pesquisas para ficar subitamente leve e bem-humorado, uma outra pessoa. Foi assim com o candidato tucano José Serra na rodada de hoje das sabatinas da Folha com os "prefeitáveis" de São Paulo.
Mas o bom humor tem preço. O de Serra foi ter de assinar um documento que lhe foi apresentado pelos entrevistadores, assumindo o compromisso de não abandonar a prefeitura daqui a dois anos para concorrer ao governo do Estado.
Serra ficou constrangido, riu meio sem graça enquanto pensava o que fazer, fez mais uma gracinha e não teve jeito: assinou o papel, sob risos e aplausos, mesmo sendo advertido de que seria registrado em cartório.
"Eu só assino para, depois, você não dizer o contrário [que ele pretende concorrer ao governo em 2006]", disse Serra a Gilberto Dimenstein, que guardou o papelucho bem guardado.
Ao abrir a sabatina, o tucano foi logo dizendo que a atual "não é uma eleição de propostas, mas sim de valores, companhias e idéias". Ele, porém, falou de propostas, sim. Não detalhadas, mas genéricas.
Ao contrário de Luiza Erundina (PSB) e de Paulo Maluf (PP), que só olharam o passado, Serra agiu como quem tem reais condições de chegar ao segundo turno e de ganhar as eleições, criticando programas atuais, sugerindo revisão de alguns, batendo na tecla de que a saúde será sua prioridade, caso eleito. Às vezes, até um tanto chato, monótono.
Defendeu várias vezes a saúde como sua prioridade, falou em planejamento familiar, mas sem admitir abortos; admitiu apoio da Prefeitura às paradas gay e criticou o fura-fila ("exemplo de não planejamento"), o túnel da Avenida Faria Lima ("caminho mais curto entre um engarrafamento e outro") e a licitação do lixo de 20 anos renováveis ("Eu não teria feito isso terminando o mandato").
Serra teve o evidente cuidado, porém, de não bater de frente nem com a prefeita Marta Suplicy, sua principal adversária, nem com o PT. Foram críticas de programas, comparações, nada de bombástico, ou que desse "lides" fortes --no jargão jornalístico, que sustentasse manchetes, títulos chamativos.
Justificou, inclusive, por que as contas escandalosas de Maluf no exterior são um não-assunto dessa campanha. Segundo o tucano, porque "são caso para o Ministério Público, a Justiça e a polícia" e porque, "se falar nisso no horário eleitoral gratuito, dá direito de resposta".
Em ritmo "paz e amor", brincou com os entrevistadores, riu com a platéia, assumiu-se hipocondríaco e usou de recursos desse tipo: "A população não espera milagres. Espera que [o prefeito ou prefeita] esteja ao lado dela, com respeito, dedicação, carinho". Nem parecia o velho e conhecido Serra.
Marta Suplicy será a sabatinada de amanhã, reunindo três ingredientes: a orientação do marqueteiro Duda Mendonça para se fazer de boazinha, o ressentimento contra parte da imprensa, especialmente contra a Folha, e a sua própria índole briguenta.
E mais: como Lula, primeiro, e Serra, agora, inventaram um padrão muito alto de "paz e amor", a prefeita vai ter que se desdobrar para ficar à altura. Um bom assessor lhe recomendaria um velho e bom lexotan.
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Nada como estar na frente das pesquisas para ficar subitamente leve e bem-humorado, uma outra pessoa. Foi assim com o candidato tucano José Serra na rodada de hoje das sabatinas da Folha com os "prefeitáveis" de São Paulo.
Mas o bom humor tem preço. O de Serra foi ter de assinar um documento que lhe foi apresentado pelos entrevistadores, assumindo o compromisso de não abandonar a prefeitura daqui a dois anos para concorrer ao governo do Estado.
Serra ficou constrangido, riu meio sem graça enquanto pensava o que fazer, fez mais uma gracinha e não teve jeito: assinou o papel, sob risos e aplausos, mesmo sendo advertido de que seria registrado em cartório.
"Eu só assino para, depois, você não dizer o contrário [que ele pretende concorrer ao governo em 2006]", disse Serra a Gilberto Dimenstein, que guardou o papelucho bem guardado.
Ao abrir a sabatina, o tucano foi logo dizendo que a atual "não é uma eleição de propostas, mas sim de valores, companhias e idéias". Ele, porém, falou de propostas, sim. Não detalhadas, mas genéricas.
Ao contrário de Luiza Erundina (PSB) e de Paulo Maluf (PP), que só olharam o passado, Serra agiu como quem tem reais condições de chegar ao segundo turno e de ganhar as eleições, criticando programas atuais, sugerindo revisão de alguns, batendo na tecla de que a saúde será sua prioridade, caso eleito. Às vezes, até um tanto chato, monótono.
Defendeu várias vezes a saúde como sua prioridade, falou em planejamento familiar, mas sem admitir abortos; admitiu apoio da Prefeitura às paradas gay e criticou o fura-fila ("exemplo de não planejamento"), o túnel da Avenida Faria Lima ("caminho mais curto entre um engarrafamento e outro") e a licitação do lixo de 20 anos renováveis ("Eu não teria feito isso terminando o mandato").
Serra teve o evidente cuidado, porém, de não bater de frente nem com a prefeita Marta Suplicy, sua principal adversária, nem com o PT. Foram críticas de programas, comparações, nada de bombástico, ou que desse "lides" fortes --no jargão jornalístico, que sustentasse manchetes, títulos chamativos.
Justificou, inclusive, por que as contas escandalosas de Maluf no exterior são um não-assunto dessa campanha. Segundo o tucano, porque "são caso para o Ministério Público, a Justiça e a polícia" e porque, "se falar nisso no horário eleitoral gratuito, dá direito de resposta".
Em ritmo "paz e amor", brincou com os entrevistadores, riu com a platéia, assumiu-se hipocondríaco e usou de recursos desse tipo: "A população não espera milagres. Espera que [o prefeito ou prefeita] esteja ao lado dela, com respeito, dedicação, carinho". Nem parecia o velho e conhecido Serra.
Marta Suplicy será a sabatinada de amanhã, reunindo três ingredientes: a orientação do marqueteiro Duda Mendonça para se fazer de boazinha, o ressentimento contra parte da imprensa, especialmente contra a Folha, e a sua própria índole briguenta.
E mais: como Lula, primeiro, e Serra, agora, inventaram um padrão muito alto de "paz e amor", a prefeita vai ter que se desdobrar para ficar à altura. Um bom assessor lhe recomendaria um velho e bom lexotan.
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