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14/10/2004
-
23h39
da Folha Online
Pela primeira vez cara a cara no segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) protagonizaram hoje um debate quente, com direito a gritos e vaias da platéia, na TV Bandeirantes.
Os alvos dos ataques mútuos, entretanto, na maioria das vezes foram os "padrinhos" dos candidatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A primeira a disparar foi Marta. Atacou o candidato a vice na chapa de Serra, o deputado Gilberto Kassab (PFL), ex-secretário da gestão Celso Pitta (1997-2000). "O governo Pitta tinha um secretário de Planejamento, era o braço direito, era quem decidia as coisas. Por que estou falando isso? Porque essa pessoa se chama Gilberto Kassab. Essa pessoa é o vice de José Serra. É a turma do Pitta de volta na cidade de São Paulo", disse Marta.
O contra-ataque de Serra foi de um "sufoco tributário" ao "apagão da saúde". Sobre Kassab, citou o então assessor do deputado à época, atualmente secretário do governo de Planejamento do governo Marta, Jorge Wilheim.
"Kassab é um homem correto, é meu vice e ficou no cargo por um ano. O principal assessor dele é o atual secretário da Marta, Jorge Wilheim. E mais ainda: quero lembrar que o publicitário que praticamente elegeu o Pitta e que é o autor verdadeiro do Fura-Fila, o Duda Mendonça, é o publicitário da Marta Suplicy, que participa de toda a intimidade da campanha dela."
FHC
Na maioria das falas, Marta criticou a gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e chegou a citar uma frase do ex-presidente: "O problema não é o Serra, mas o diabo que existe nele. A frase foi falada por ninguém menos do que Fernando Henrique Cardoso, que é seu amigo e o conhece melhor do que qualquer pessoa".
Sobre a frase de FHC, Serra disse que "o presidente Fernando Henrique Cardoso é meu amigo pessoal, uma pessoa que tem ligação há muitos anos", e que Marta tinha "intenções venenosas".
A petista disparou também contra o partido de Serra: "É aquela velha história do PSDB: cria confusão, põe número, fica de professor, e a pessoa fica sem entender. É complicado entender. Eu tenho o que mostrar. Vocês gostam de criticar. Você me critica sem parar. Eu fiz, por isso você pode criticar".
Serra rebateu: "Até a pouco, você elogiava o Geraldo Alckmin [governador]. De repente, quer transformá-lo no objeto de debate. Para quê? Para tirar dos temas da prefeitura. Mencionei regiões que vivem problemas com o transporte de ônibus. Em vez de responder, desloca o foco do debate".
"A prefeita, a cada vez que eu respondo, diz 'Ih, que confusão'. Ela está fazendo isso para usar no horário gratuito. É a única explicação, porque os telespectadores estão vendo que não tem confusão."
Final
Na última fala, Marta voltou a falar de Kassab, "na volta da turma do Pitta" e disse que adorou o debate "porque não havia seis [candidatos] contra ela, não tinha braço auxiliar". Arrancou vaias e aplausos da platéia --dividida entre tucanos e petistas.
Serra insistiu que a adversária não respondia suas perguntas e esquivava-se dos temas da cidade. "Se eu quisesse ficar federalizando o debate, bastaria perguntar onde estão os 10 milhões de empregos que o PT ficou de criar", disse.
No discurso final, ele falou de sua biografia, disse que era de família humilde e pediu ao eleitor que votasse com alegria.
Campanha
Os dois candidatos também reforçaram discursos que empregaram na campanha. Serra criticou a paralisação das obras do Fura-Fila (trem sob pneus), citou a cobrança da taxa de iluminação em ruas sem luz e o problema do trânsito na cidade.
"Têm 3.000 ruas sem iluminação em São Paulo e 1,5 milhão de pessoas que moram nessas ruas. Por que cobra taxa de luz de pessoas que moram em ruas que não têm iluminação? O dinheiro da taxa de luz não está sendo investido em levar mais iluminação para a cidade. Se fosse, nós teríamos um verdadeiro sol da meia-noite em São Paulo."
Marta voltou a falar que o tucano "pega carona em seus projetos", que governou para a população mais pobre e dela recebeu a maioria dos votos. "Você trouxe [à campanha] o seu padrinho. Ele é o seu padrinho porque você não fez nada em São Paulo, não tem projeto, então eu tenho de falar do seu padrinho", disse.
Privatização e "apagão"
Em uma das perguntas, Marta tentou responsabilizar Serra pelo "apagão" do setor elétrico em 2001, no governo FHC, segundo ela, resultado da política de privatizações das distribuidoras de energia desenhada quando o tucano era ministro do Planejamento.
"O que eu quero discutir é a questão da energia. Vocês venderam as empresas [privatização no governo Fernando Henrique Cardoso], vocês venderam todo o patrimônio do Brasil. O que aconteceu? O apagão", disse Marta.
Serra, por sua vez, respondeu na mesma moeda afirmando que foi o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o primeiro a deflagrar as privatizações do setor telefônico, quando foi prefeito de Ribeirão Preto, antes mesmo da venda da Telebrás, em julho de 1998.
"Se a privatização fosse tão errada, o ministro Palocci, quando foi prefeito, não teria privatizado a companhia de telefone de Ribeirão Preto a preço de banana. Se há apagão na cidade em São Paulo é o apagão da saúde", afirmou o tucano.
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Pela primeira vez cara a cara no segundo turno da eleição à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) protagonizaram hoje um debate quente, com direito a gritos e vaias da platéia, na TV Bandeirantes.
Os alvos dos ataques mútuos, entretanto, na maioria das vezes foram os "padrinhos" dos candidatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Eduardo Knapp/FI |
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José Serra |
A primeira a disparar foi Marta. Atacou o candidato a vice na chapa de Serra, o deputado Gilberto Kassab (PFL), ex-secretário da gestão Celso Pitta (1997-2000). "O governo Pitta tinha um secretário de Planejamento, era o braço direito, era quem decidia as coisas. Por que estou falando isso? Porque essa pessoa se chama Gilberto Kassab. Essa pessoa é o vice de José Serra. É a turma do Pitta de volta na cidade de São Paulo", disse Marta.
O contra-ataque de Serra foi de um "sufoco tributário" ao "apagão da saúde". Sobre Kassab, citou o então assessor do deputado à época, atualmente secretário do governo de Planejamento do governo Marta, Jorge Wilheim.
"Kassab é um homem correto, é meu vice e ficou no cargo por um ano. O principal assessor dele é o atual secretário da Marta, Jorge Wilheim. E mais ainda: quero lembrar que o publicitário que praticamente elegeu o Pitta e que é o autor verdadeiro do Fura-Fila, o Duda Mendonça, é o publicitário da Marta Suplicy, que participa de toda a intimidade da campanha dela."
FHC
Na maioria das falas, Marta criticou a gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e chegou a citar uma frase do ex-presidente: "O problema não é o Serra, mas o diabo que existe nele. A frase foi falada por ninguém menos do que Fernando Henrique Cardoso, que é seu amigo e o conhece melhor do que qualquer pessoa".
Eduardo Knapp/FI |
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Marta Suplicy |
Sobre a frase de FHC, Serra disse que "o presidente Fernando Henrique Cardoso é meu amigo pessoal, uma pessoa que tem ligação há muitos anos", e que Marta tinha "intenções venenosas".
A petista disparou também contra o partido de Serra: "É aquela velha história do PSDB: cria confusão, põe número, fica de professor, e a pessoa fica sem entender. É complicado entender. Eu tenho o que mostrar. Vocês gostam de criticar. Você me critica sem parar. Eu fiz, por isso você pode criticar".
Serra rebateu: "Até a pouco, você elogiava o Geraldo Alckmin [governador]. De repente, quer transformá-lo no objeto de debate. Para quê? Para tirar dos temas da prefeitura. Mencionei regiões que vivem problemas com o transporte de ônibus. Em vez de responder, desloca o foco do debate".
"A prefeita, a cada vez que eu respondo, diz 'Ih, que confusão'. Ela está fazendo isso para usar no horário gratuito. É a única explicação, porque os telespectadores estão vendo que não tem confusão."
Final
Na última fala, Marta voltou a falar de Kassab, "na volta da turma do Pitta" e disse que adorou o debate "porque não havia seis [candidatos] contra ela, não tinha braço auxiliar". Arrancou vaias e aplausos da platéia --dividida entre tucanos e petistas.
Serra insistiu que a adversária não respondia suas perguntas e esquivava-se dos temas da cidade. "Se eu quisesse ficar federalizando o debate, bastaria perguntar onde estão os 10 milhões de empregos que o PT ficou de criar", disse.
No discurso final, ele falou de sua biografia, disse que era de família humilde e pediu ao eleitor que votasse com alegria.
Campanha
Os dois candidatos também reforçaram discursos que empregaram na campanha. Serra criticou a paralisação das obras do Fura-Fila (trem sob pneus), citou a cobrança da taxa de iluminação em ruas sem luz e o problema do trânsito na cidade.
"Têm 3.000 ruas sem iluminação em São Paulo e 1,5 milhão de pessoas que moram nessas ruas. Por que cobra taxa de luz de pessoas que moram em ruas que não têm iluminação? O dinheiro da taxa de luz não está sendo investido em levar mais iluminação para a cidade. Se fosse, nós teríamos um verdadeiro sol da meia-noite em São Paulo."
Marta voltou a falar que o tucano "pega carona em seus projetos", que governou para a população mais pobre e dela recebeu a maioria dos votos. "Você trouxe [à campanha] o seu padrinho. Ele é o seu padrinho porque você não fez nada em São Paulo, não tem projeto, então eu tenho de falar do seu padrinho", disse.
Privatização e "apagão"
Em uma das perguntas, Marta tentou responsabilizar Serra pelo "apagão" do setor elétrico em 2001, no governo FHC, segundo ela, resultado da política de privatizações das distribuidoras de energia desenhada quando o tucano era ministro do Planejamento.
"O que eu quero discutir é a questão da energia. Vocês venderam as empresas [privatização no governo Fernando Henrique Cardoso], vocês venderam todo o patrimônio do Brasil. O que aconteceu? O apagão", disse Marta.
Serra, por sua vez, respondeu na mesma moeda afirmando que foi o atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o primeiro a deflagrar as privatizações do setor telefônico, quando foi prefeito de Ribeirão Preto, antes mesmo da venda da Telebrás, em julho de 1998.
"Se a privatização fosse tão errada, o ministro Palocci, quando foi prefeito, não teria privatizado a companhia de telefone de Ribeirão Preto a preço de banana. Se há apagão na cidade em São Paulo é o apagão da saúde", afirmou o tucano.
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