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08/12/2004 - 20h10

PF diz que superintendente do Incra pode ter recebido mais de R$ 300 mil em propinas

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

O superintendente exonerado do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Belém, José Roberto de Oliveira Faro, pode ter recebido valor superior a R$ 300 mil em propinas para autorizar, de forma ilegal, a regularização de terras da União para plantadores de soja e madeireiros no oeste do Pará.

A informação é da Polícia Federal, que prendeu Faro ontem durante a Operação Faroeste --num total de 18 pessoas, entre empresários, advogados e parentes de servidores, acusados de formação de quadrilha, invasão de terras públicas, corrupção ativa e passiva e crime contra a ordem tributária.

Em Santarém (PA), onde tramita a investigação, o delegado da PF Ualami Fialho disse que o pagamento de propina a Faro, que é filiado ao PT paraense, foi descoberto durante a perícia em um computador, apreendido em abril no escritório de um advogado preso por envolvimento no suposto esquema de corrupção.

"No computador constava um documento de novembro de 2003, no qual o advogado dizia ao superintendente [Faro] que estava encaminhando a quantia de R$ 300 mil referente a um acordo. Pode haver outros casos semelhantes [com pagamento de propina], já que outros computadores estão sendo periciados", disse Fialho.

"Outros servidores do Incra receberam propina em troca dos 'serviços' prestados, e até veículos", completou.

Faro assumiu a superintendência do Incra em Belém em 2003, por indicação do PT. Segundo a investigação da PF, ele era responsável --dentro do esquema de grilagem-- pela regularização de terras com 2.000 a 2.500 hectares, já que a superintendência de Santarém só podia autorizar até 100 hectares.

Hoje, o coordenador do PT na região Norte, João Batista Barbosa da Silva, disse que o partido vai se manifestar sobre um possível afastamento de Faro e de outros petistas envolvidos no caso quando os advogados tiverem acesso aos autos do processo. "Conheço o Beto [Faro] há muito tempo e, particularmente, tenho confiança na sua história", disse.

Ligado à tendência petista Articulação Socialista, José Roberto Faro foi candidato a deputado federal em 2002. Foi derrotado, mas ganhou a segunda suplência pela candidatura do deputado João Batista Araújo, o Babá (expulso do PT).

"Minhas relações com o Faro apodreceram desde que ele perdeu expressão no movimento social", disse Babá. Em maio, Faro chamou a PF para retirar servidores do Incra em greve que tinham invadido a sede do órgão em Belém.

Faro foi preso ontem em Manaus. Sua transferência para Santarém deve ocorrer hoje. O advogado dele, José Ronaldo Campos, afirmou que iria ingressar com um pedido de habeas corpus.

Com relação as denúncias de pagamento de propina, Campos disse que o inquérito tramita em segredo de Justiça e que não teve acesso aos autos, fundamentados em documentos e escutas telefônicas. "Falam muito, falam demais, mas eu não conheço as declarações nem as acusações", disse o advogado.

Duas mulheres detidas tiveram as prisões revogadas ontem a pedido da PF, após colaborarem com as investigações apresentando documentos do Incra. Os papéis estavam em escritórios de envolvidos no esquema.

Segundo a PF, o esquema foi responsável pela grilagem de 500 mil hectares de glebas pertencentes à União em Santarém, Prainha, Trairão, Oriximiná e Placas, beneficiando plantadores de soja e madeireiros.
 

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