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30/12/2004
-
07h35
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
Mesmo se confirmado o fim da CPI do Banestado, o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 53, será ouvido sobre remessas ilegais de dinheiro ao exterior e suposto pagamento de despesas da campanha do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) em 2002. Mas, em vez da CPI, será a Justiça Federal quem tomará o depoimento.
O juiz da 1ª Vara Federal de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva, afirmou que ouvirá Arcanjo sobre os dois supostos crimes.
Silva condenou Arcanjo, em dezembro de 2003, a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de quadrilha.
Antero presidiu a CPI do Banestado, criada em junho 2003 para apurar remessa ilegal de dinheiro, de 1996 a 2002, ao exterior. A CPI investigava também Arcanjo, pela acusação de que ele teria sonegado ao menos R$ 1 bilhão de 1997 a 2002.
Na segunda-feira passada, Antero encerrou a CPI, apesar de a Justiça do Uruguai ter aceito tomar, no próximo dia 16 de fevereiro, o depoimento de Arcanjo sobre remessas ilegais de dinheiro. A CPI encaminharia uma carta rogatória com perguntas para o juiz uruguaio fazer ao ex-policial.
O relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP), quer que os trabalhos da CPI continuem até o dia 27 de fevereiro. Ele tenta anular o encerramento dos trabalhos.
Se a CPI acabar mesmo, Arcanjo não deve se livrar no Brasil do interrogatório sobre os casos.
A primeira instância da Justiça do Uruguai autorizou em novembro passado a extradição dele para o Brasil. Arcanjo está preso em Montevidéu desde abril de 2003 por uso de documento falso.
Silva esperava que, até o dia 25 deste mês, a suprema corte do Uruguai negasse recurso ao advogado de Arcanjo, decidindo então pela extradição definitiva.
Ontem a Embaixada do Brasil em Montevidéu informou não ter recebido informações sobre a decisão dos juízes uruguaios.
Suspeitas
As suspeitas de ligação entre Arcanjo e Antero são as seguintes:
1) Luiz Alberto Dondo Gonçalves, ex-contador de Arcanjo, disse em depoimento à Justiça Federal que a empresa Vip Factoring, do ex-policial, pagou R$ 5,7 milhões em despesas de campanha do senador em 2002, quando ele disputou e perdeu o governo de Mato Grosso;
2) em setembro passado, um relatório da Polícia Federal apontou que o comitê de campanha de Antero recebeu ao menos R$ 200 mil em cheques emitidos pela mesma Vip Factoring, de agosto a outubro de 2002.
Outro Lado
A reportagem deixou recado no celular do assessor de Antero, mas ele não ligou de volta. No gabinete do senador, ninguém atendia ao telefone.
Antero sempre negou envolvimento com Arcanjo. Dizia nem sequer conhecer Dondo Gonçalves, o ex-contador que está preso em Cuiabá.
O PSDB de Mato Grosso disse, em setembro passado, que apenas usou a Vip Factoring para trocar cheques arrecadados entre doadores na campanha eleitoral.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a CPI do Banestado
Mesmo sem CPI do Banestado, Arcanjo será ouvido
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da Agência Folha, em Campo Grande
Mesmo se confirmado o fim da CPI do Banestado, o ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 53, será ouvido sobre remessas ilegais de dinheiro ao exterior e suposto pagamento de despesas da campanha do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) em 2002. Mas, em vez da CPI, será a Justiça Federal quem tomará o depoimento.
O juiz da 1ª Vara Federal de Cuiabá, Julier Sebastião da Silva, afirmou que ouvirá Arcanjo sobre os dois supostos crimes.
Silva condenou Arcanjo, em dezembro de 2003, a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de quadrilha.
Antero presidiu a CPI do Banestado, criada em junho 2003 para apurar remessa ilegal de dinheiro, de 1996 a 2002, ao exterior. A CPI investigava também Arcanjo, pela acusação de que ele teria sonegado ao menos R$ 1 bilhão de 1997 a 2002.
Na segunda-feira passada, Antero encerrou a CPI, apesar de a Justiça do Uruguai ter aceito tomar, no próximo dia 16 de fevereiro, o depoimento de Arcanjo sobre remessas ilegais de dinheiro. A CPI encaminharia uma carta rogatória com perguntas para o juiz uruguaio fazer ao ex-policial.
O relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP), quer que os trabalhos da CPI continuem até o dia 27 de fevereiro. Ele tenta anular o encerramento dos trabalhos.
Se a CPI acabar mesmo, Arcanjo não deve se livrar no Brasil do interrogatório sobre os casos.
A primeira instância da Justiça do Uruguai autorizou em novembro passado a extradição dele para o Brasil. Arcanjo está preso em Montevidéu desde abril de 2003 por uso de documento falso.
Silva esperava que, até o dia 25 deste mês, a suprema corte do Uruguai negasse recurso ao advogado de Arcanjo, decidindo então pela extradição definitiva.
Ontem a Embaixada do Brasil em Montevidéu informou não ter recebido informações sobre a decisão dos juízes uruguaios.
Suspeitas
As suspeitas de ligação entre Arcanjo e Antero são as seguintes:
1) Luiz Alberto Dondo Gonçalves, ex-contador de Arcanjo, disse em depoimento à Justiça Federal que a empresa Vip Factoring, do ex-policial, pagou R$ 5,7 milhões em despesas de campanha do senador em 2002, quando ele disputou e perdeu o governo de Mato Grosso;
2) em setembro passado, um relatório da Polícia Federal apontou que o comitê de campanha de Antero recebeu ao menos R$ 200 mil em cheques emitidos pela mesma Vip Factoring, de agosto a outubro de 2002.
Outro Lado
A reportagem deixou recado no celular do assessor de Antero, mas ele não ligou de volta. No gabinete do senador, ninguém atendia ao telefone.
Antero sempre negou envolvimento com Arcanjo. Dizia nem sequer conhecer Dondo Gonçalves, o ex-contador que está preso em Cuiabá.
O PSDB de Mato Grosso disse, em setembro passado, que apenas usou a Vip Factoring para trocar cheques arrecadados entre doadores na campanha eleitoral.
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