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11/03/2005 - 09h54

Morre mais uma criança indígena em Dourados

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

A criança indígena guarani-caiuá Suiane Hilton Machado, que tinha quatro meses de vida, morreu ontem por volta das 15h no hospital da Mulher em Dourados (218 km de Campo Grande).

Em dois meses, ao menos 11 índios menores de cinco anos morreram no município, seis deles por desnutrição. Somando casos de aldeias do interior do Sul do Estado, a fome matou 12 crianças indígenas em menos de 60 dias. Durante 2004, foram 15 casos.

Na terça-feira passada, o ministro Humberto Costa (Saúde) afirmou que "as mortes estão dentro do número de que normalmente acontece".

Preocupada com o número de mortes em Dourados, a Funasa começou a transferir ontem crianças para hospitais de referência em Campo Grande (não foi divulgado os nomes deles).

O menino indígena Alex Porfírio, de oito meses de vida, que está com diarréia grave, foi o primeiro a ser transferido. Outras duas crianças, do total de cinco internadas, devem ser removidas hoje.

A Funasa havia arrumado um avião para levar Suiane a Campo Grande, mas não deu tempo.

Segundo a Funasa, a menina morreu de hemorragia no aparelho digestivo, pneumonia e septicemia (infeção generalizada). A criança havia sido internada no dia 28 com desidratação e vômito.

Devido às mortes por desnutrição, cerca de 1.500 crianças indígenas, menores de cinco anos, passaram desde o fim de fevereiro a ter maior acompanhamento médico da Funasa em Dourados, Amambaí (393 km de Campo Grande) e nas aldeias localizadas no sul do Estado, próximas à fronteira com o Paraguai.

Orçamento

Ontem, o órgão anunciou mais duas medidas para atender aos índios que moram na região. Na segunda, começa a funcionar uma nova unidade pediátrica do Hospital Universitário, com 20 leitos destinados a internação de crianças, sendo seis na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Além disso, chegaram ao município técnicos do Instituto Materno Infantil de Pernambuco, considerado referência pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) na assistência hospitalar a desnutridos graves.

"Neste momento, temos de encarar que a questão foi evidenciada e estamos apresentando as políticas para enfrentar os problemas", afirmou Alexandre Padilha, do Departamento de Saúde Indígena da Funasa.

Padilha voltou a falar do Orçamento da Funasa. "Não são gastos com viagens para reuniões ou capacitação. São para deslocamentos de técnicos. Não basta comprar e ter o medicamento se ele não chega à aldeia", afirmou.

Reportagem publicada na Folha ontem mostra que as despesas com combustíveis e mecânica superaram R$ 5,269 milhões no ano passado, 53% a mais do que com alimentos, que somaram R$ 3,453 milhões de acordo com dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais).

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre as mortes de crianças indígenas
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