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14/03/2005
-
20h22
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
Entre 2.336 crianças indígenas menores de cinco anos examinadas nas aldeias de Mato Grosso do Sul, a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) informa ter encontrado 124 desnutridas (22 delas em estado grave) e 343 em risco nutricional (abaixo do peso normal). No total, são 467 crianças, ou 19,9%, com algum tipo de problema.
A Funasa começou, no fim de fevereiro, a fazer exames nas aldeias em ritmo de mutirão devido às mortes de crianças indígenas desnutridas. O órgão realizou uma análise em atestados de óbito e constatou que a desnutrição aparece como causa de 12 mortes neste ano. A informação foi repassada à Folhana semana passada. Em 2004, ocorreram 15 casos.
As vítimas são da etnia guarani-caiuá que vivem no sul do Estado. As 2.336 crianças examinadas representam, porém, apenas 31,8% das 7.323 menores de cinco anos dessa mesma etnia assistidas pela Funasa em 2004, conforme relatório a que a Folha teve acesso.
"Essas crianças [as 2.336] são aquelas que já estavam classificadas na lista de desnutridos, em risco nutricional, ou que eram de famílias que tinham outras crianças com desnutrição", afirmou o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Alexandre Padilha.
A Funasa terminou 2004 com uma lista de 957 crianças guaranis-caiuás desnutridas e outras 1.122 em risco nutricional.
Padilha diz que a desnutrição grave é marcada abaixo do percentil P01, um índice adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). "É feita uma média de quanto têm que ser o peso e altura da criança em relação à idade dela", diz Padilha.
Se essa média ficar abaixo do P01, significa que a criança tem apenas 0,1% de chances de estar com o peso compatível, ou seja, há 99,9% de certeza que um índio menor de cinco anos está passando fome. No caso da desnutrição moderada (entre P01 e P3), a chance de ser um caso normal é 3%. Se for uma situação de risco nutricional, não supera 10%.
Além do atendimento às crianças nas aldeias, a Funasa pediu à Prefeitura de Dourados (218 km de Campo Grande) que faça inspeção no hospital da Mulher, onde neste mês morreram três crianças indígenas, que não tinham desnutrição. Segundo Padilha, a preocupação é com a infecção hospitalar.
Hoje, uma menina indígena de 37 dias de vida, que nasceu prematura e corre risco de morte, foi transferida de avião para um hospital de Campo Grande.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que apura a responsabilidade pela desnutrição, fez audiências ontem em Dourados. Os deputados ouviram índios e o prefeito Laerte Tetila (PT).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Funasa
Funasa encontra 467 índios com problemas de nutrição em MS
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da Agência Folha, em Campo Grande
Entre 2.336 crianças indígenas menores de cinco anos examinadas nas aldeias de Mato Grosso do Sul, a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) informa ter encontrado 124 desnutridas (22 delas em estado grave) e 343 em risco nutricional (abaixo do peso normal). No total, são 467 crianças, ou 19,9%, com algum tipo de problema.
A Funasa começou, no fim de fevereiro, a fazer exames nas aldeias em ritmo de mutirão devido às mortes de crianças indígenas desnutridas. O órgão realizou uma análise em atestados de óbito e constatou que a desnutrição aparece como causa de 12 mortes neste ano. A informação foi repassada à Folha
As vítimas são da etnia guarani-caiuá que vivem no sul do Estado. As 2.336 crianças examinadas representam, porém, apenas 31,8% das 7.323 menores de cinco anos dessa mesma etnia assistidas pela Funasa em 2004, conforme relatório a que a Folha teve acesso.
"Essas crianças [as 2.336] são aquelas que já estavam classificadas na lista de desnutridos, em risco nutricional, ou que eram de famílias que tinham outras crianças com desnutrição", afirmou o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Alexandre Padilha.
A Funasa terminou 2004 com uma lista de 957 crianças guaranis-caiuás desnutridas e outras 1.122 em risco nutricional.
Padilha diz que a desnutrição grave é marcada abaixo do percentil P01, um índice adotado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). "É feita uma média de quanto têm que ser o peso e altura da criança em relação à idade dela", diz Padilha.
Se essa média ficar abaixo do P01, significa que a criança tem apenas 0,1% de chances de estar com o peso compatível, ou seja, há 99,9% de certeza que um índio menor de cinco anos está passando fome. No caso da desnutrição moderada (entre P01 e P3), a chance de ser um caso normal é 3%. Se for uma situação de risco nutricional, não supera 10%.
Além do atendimento às crianças nas aldeias, a Funasa pediu à Prefeitura de Dourados (218 km de Campo Grande) que faça inspeção no hospital da Mulher, onde neste mês morreram três crianças indígenas, que não tinham desnutrição. Segundo Padilha, a preocupação é com a infecção hospitalar.
Hoje, uma menina indígena de 37 dias de vida, que nasceu prematura e corre risco de morte, foi transferida de avião para um hospital de Campo Grande.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que apura a responsabilidade pela desnutrição, fez audiências ontem em Dourados. Os deputados ouviram índios e o prefeito Laerte Tetila (PT).
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