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03/04/2005 - 09h14

PF e Exército acham cemitério clandestino em Novo Progresso

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha

A Polícia Federal e o Exército localizaram no município de Novo Progresso, no Pará, um cemitério clandestino com diversas ossadas. Investigações sugerem que os restos mortais teriam sido queimados. A cidade fica às margens da BR-163 (rodovia Cuiabá- Santarém), a 1.691 km de Belém, no sudoeste do Estado.

O cemitério clandestino foi localizado após denúncia anônima recebida pela PF e pelo Exército da existência de vala comum onde teriam sido enterrados quatro corpos. Após escavações, agentes encontraram diversos restos mortais. A PF tenta identificar quantas ossadas há no local.

As apurações indicam que os corpos podem ser tanto de sem-terra e posseiros quanto de pistoleiros que atuam na região, onde empresários madeireiros detêm os poderes político e econômico.

A PF também recebeu denúncias e investiga a existência de outros dois cemitérios clandestinos no Pará --um na zona rural de Novo Progresso e outro em Anapu, sudoeste do Estado, próximo ao local onde morreu a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, 73, assassinada no dia 12 de fevereiro.

A Justiça já acatou a denúncia do Ministério Público contra quatro acusados, entre eles o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, 34, o Bida, acusado de ser o mandante do crime. Rayfran das Neves Sales, 27, o Fogoió, assumiu a autoria do crime. Os outros dois acusados são Clodoaldo Carlos Batista, 31, o Eduardo, e Amair Feijoli da Cunha, o Tato. Todos estão presos no Pará.

Operação Pacificação

As informações sobre a localização de cemitério clandestino constam de um relatório da Polícia Federal obtido pela Folha. Os dados compõem um balanço da Operação Pacificação, que teve início no Estado há 20 dias.

A operação --que não tem prazo para acabar-- envolve, pelo menos, 60 agentes da PF, 30 policiais rodoviários federais e cerca de 2.000 homens do Exército no sul, sudoeste e oeste do Pará.

As ações foram desencadeadas em 13 cidades do Pará e estão divididas em quatro: Altamira, Marabá, Itaituba e Novo Progresso.

Os trabalhos são coordenados pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência. Compõem a ação os ministérios da Justiça, do Planejamento, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário, da Integração Nacional, da Defesa e do Trabalho, além da Secretaria de Comunicação do governo, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do governo do Pará.

O relatório da PF aponta que 25 pessoas foram presas durante a operação, sendo seis por tráfico de drogas em Altamira (PA).

Agentes e soldados do Exército também cumprem mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça na casa de suspeitos de atuar no crime de pistolagem na região de Castelo dos Sonhos --distrito de Altamira.

Desde o início da operação foram apreendidas 20 armas, e o posto da PF em Anapu recebeu 37 armas no programa nacional de desarmamento. Em Altamira, a PF prendeu dois homens acusados de integrar uma rede de prostituição de menores. Em Vitória do Xingu, policiais federais apuram a existência de uma lista de nomes marcados para morrer.

Como parte da ação, agentes do Ibama vistoriam balsas e caminhões que transportam madeira nos rios da Amazônia. A PF realiza barreiras em estradas e buscas móveis em vicinais. Informações coletadas pelo sistema de disque-denúncia do Exército, instalado no final de fevereiro, também servem como base para as ações.

A PF diz ter pistas de que dois pistoleiros em Anapu teriam ligação com possível consórcio formado por pessoas da região que teriam interesse na grilagem de terras e na extração ilegal de madeira. O mesmo consórcio também estaria por trás do mando de morte da freira. A PF espera concluir nas próximas semanas as investigações para saber se há ligação entre o consórcio e os cemitérios clandestinos na região.

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