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30/05/2005 - 19h37

Gil elogia combate do governo à corrupção e diz que fica na pasta

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FABIANA FUTEMA
GUILHERME GORGULHO
ROSE ANE SILVEIRA

da Folha Online

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou hoje que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o que tinha que fazer no combate à corrupção, em especial no caso das denúncias envolvendo funcionários e políticos no suposto esquema de cobrança de propina nos Correios.

Durante sabatina promovida nesta tarde pela Folha, Gil evitou fazer críticas à condução do governo Lula em todos os setores, até mesmo o econômico, que afetou sua pasta com um grande corte de verbas. Ele afirmou que permanecerá no seu cargo e que vai apoiar a reeleição de Lula em 2006. Para Gil, o PT e o PSDB, hoje em posições antagônicas,
''não deviam se 'oposicionar'. O que deveriam é estar juntos.''

"Muita gente quer que eu deixe o ministério, mas isso é outra coisa. Eu não quero deixar, não quero não, só deixaria o ministério se o presidente Lula dissesse. O que dá margem ao boato são pretensões, gente que quer ser ministro... e a imprensa tem sua parte nisso."

O ministro se recusou a fazer comentários sobre as denúncias de fisiologismo do atual governo, após ser lembrado de que falou que deixaria de apoiar o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso por estar preocupado com o fisiologismo no governo tucano.

"Passei a apoiar o Lula porque achei que estava na hora. Não me decepcionei com seu governo porque sei que as coisas são complicadas. Não é fácil conciliar um ideário reformista profundo com o status quo, com as coisas como estão."

Sobre o elevado número de denúncias de corrupção o governo, Gil afirmou não ver nada além do que já foi registrado em outros governos. "Não vejo nada acima dos índices de governo anteriores. Não cabe ao governo combater a corrupção. Cabe à sociedade. A sociedade brasileira tem que mudar isto."

Sobre a CPI dos Correios e a posição do seu partido, o PV, Gilberto Gil também evitou fazer comentários. "Sobre o caso dos Correios, o que governo tinha que fazer já fez. Acionou o Ministério Público e a Polícia Federal."

Ministro da Cultura desde o início do governo Lula, Gilberto Gil permanece no cargo mesmo depois da saída do PV --partido do qual é filiado-- da base aliada. Segundo membros do partido, sua indicação não foi política.

Sem verbas

Na opinião de Gil, apesar de reduzido, o orçamento do MinC é exeqüível. "Gestão cultural não é só gestão de recursos financeiros ou materiais. É gestão de recursos humanos, criativos, de conceituação. O que a gente está fazendo no ministério é buscar suprir uma carência gritante, o trabalho da reposição da cultura", comentou.

Depois de ver reduzido os recursos para a cultura do país em 2005 a menos da metade dos R$ 633 milhões previstos inicialmente, o MinC tem buscado meios de reaver uma parte de seu orçamento em negociações com o setor econômico do governo federal.

Das receitas previstas para o MinC em 2005, aprovadas pelo Congresso, 57% foram cortados. O arrocho decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de fevereiro afetou secretarias, fundações e autarquias da pasta de Gil.

O ministro da Cultura disse que o corte do orçamento da cultura não é um problema exclusivo do governo Lula. "Eu acho que se deve deixar claro que essa situação não é novidadeiramente específica do governo Lula."

Gil afirmou que um dos problemas de sua pasta é mostrar números que justifiquem mais investimentos em cultura. "Eu vou fazendo as coisas no sentido de obter melhor orçamento, de fazer com que o governo compreenda a necessidade de aumentar orçamento. Em geral, ministros que lidam com dinheiro são ministros que são convencíveis pelos números. E faltam números na questão cultural."

Sobre a criação da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), Gil recusou-se a estabelecer um prazo para que o governo conclua o processo de criação do órgão e disse que sua pasta realizou um "recuo de ajuste" depois de ser alvo de críticas do setor.

"O que nós queremos é que as partes entendam que o mercado regulado é a dimensão mais civilizada", afirmou. "Quando é que a Rede Globo, as outras emissoras e os outros atores estarão prontos?", questionou.

A proposta inicial da criação da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), que vai substituir a Ancine (Agência Nacional do Cinema), determinava que o órgão seria responsável por regular, fomentar e fiscalizar o setor audiovisual. Em janeiro, o desgaste levou o governo a retirar a parte da regulação do projeto, esvaziando a proposta.

Pouco antes do final, o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, que estava na platéia do Teatro Folha, no bairro de Higienópolis, pediu a palavra. Elogiando Gil, Zé Celso pediu o apoio da população para o ministro, dizendo que "esse homem é o próprio movimento cultural".

No fim da sabatina, o artista Gilberto Gil abriu espaço para um momento mais descontraído e, atendendo a pedidos, cantou a canção "De Manhã", de Caetano Veloso, acompanhado somente por seu violão.

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