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10/06/2005 - 09h12

Crise estremece relações entre o PT e Lula

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CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo

A crise na base aliada estremeceu a relação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu partido, o PT. Incomodada com a tentativa do governo de limitar o problema ao partido, a cúpula petista já não contém a irritação, a começar com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B). Mas os petistas Olívio Dutra (Cidades), José Dirceu (Casa Civil) e Jaques Wagner (Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social) não são poupados.

Ao comentar a entrevista do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), à Folha --segundo a qual o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, distribuía mesada a parlamentares da base--, Aldo disse que esse não era um problema do governo, mas do PT. Os petistas reclamaram.

A frustração é latente no comportamento do secretário-geral do PT, Sílvio Pereira. Por orientação do comando do PT, Pereira silenciou sobre a entrevista de Jefferson que insinua sua participação num esquema de "mensalão".

Para preservar a imagem do partido e do governo --dentro da operação de "redução de danos"--, Pereira reprimiu o ímpeto de pedir licença da Executiva Nacional do partido e conceder uma entrevista, defendendo-se das ilações. Nela, teria de falar de suas atribuições na montagem do governo, quando foi encarregado de intermediar a disputa entre petistas e aliados por cargos.

Pereira --que foi contestado publicamente pelo presidente do PT, José Genoino, após admitir que atuara no desenho do governo-- tem revelado decepção em seus desabafos.

"Depois de ver ministro pedindo o afastamento do Delúbio, depois do que vi nesta semana, não confio em mais ninguém. Só na minha família e em meus amigos", repete ele, muitas vezes com os olhos cheios de lágrima.

Segundo petistas, seu mal-estar é tamanho que Pereira até cogita a possibilidade de não integrar a chapa para a nova Executiva Nacional na disputa pela presidência do PT, em setembro.

A interlocutores, Pereira confidenciou que pretendia reagir às reportagens. Mas, até agora, só Delúbio falou. No comando do PT, o argumento é que só Delúbio foi diretamente atingido por Jefferson. Lá, a ordem é evitar confronto com aliados.

Wagner e Olívio

Um integrante do comando do partido duvidou ontem que Jaques Wagner tivesse coragem de ir a São Paulo propor à Executiva o afastamento de Delúbio, como fez em entrevistas.

O PT também classificou de desastrosa a declaração de Olívio Dutra, que atribuiu a crise "às más companhias". Atribuída ao próprio Lula, a proposta de afastamento de Delúbio azedou a relação entre governo e partido.

Em meio à crise, velhas mágoas voltam à tona. Um exemplo foi quando o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, pregou a "despetização" do governo.

Ontem, em entrevista na sede do PT, Genoino voltou a negar qualquer rusga na relação com o Palácio do Planalto. Mas mandou um recado claro ao governo. Genoino disse que conversou com o presidente Lula, mas que os dois não discutiram o destino de Delúbio na estrutura do partido. "Conversamos sobre tudo. Menos sobre isso. Esse é um assunto da responsabilidade do PT", afirmou.

Questionado se Lula teria telefonado para Delúbio, Genoino recomendou que a pergunta fosse endereçada ao presidente. E afirmou: "Não sou porta-voz do presidente Lula nem de Delúbio".

Apesar das críticas da esquerda à política de aliança do governo, Genoino reiterou a defesa desse amplo arco: "Governamos com aliados. Não é um caso isolado que vai contaminar essa aliança".

Mais uma vez, Genoino negou que integrantes do governo tenham sugerido o afastamento de Delúbio e, citando o apoio da esquerda petista, afirmou que há um clima de unidade do partido, apesar da disputa por sua presidência. "O PT tem suas diferenças quando avalia política de aliança e conjuntura econômica. Mas a defesa do partido e o enfrentamento dos nossos adversários criam um clima de unidade", disse ele.

Na tarde de ontem, o comando do partido escolheu a Casa de Portugal como palco para o ato de defesa do PT, no dia 17.

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