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22/06/2005
-
19h07
ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília
A deputada licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO) afirmou nesta quarta-feira ao Conselho de Ética da Câmara que recebeu uma proposta do deputado Sandro Mabel (PL-GO) de R$ 1 milhão para ingressar no PL.
"Foi no plenário 16 da Câmara, depois que a reunião da comissão que tratava da reforma tributária foi cancelada. Depois, a conversa se estendeu. Houve sim uma proposta de R$ 30 mil por mês, R$ 1 milhão por ano, que poderia chegar até a R$ 50 mil por mês. Não fiz perguntas sobre de onde viria esse dinheiro. Fiquei perplexa e encerrei a conversa", disse a deputada, que ocupa a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás.
Aos membros do Conselho de Ética, Raquel afirmou que ficou "estarrecida" quando recebeu a proposta e procurou o governor de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), porque "queria entender como funciona um esquema como este".
Ressaltando que está em seu primeiro mandato parlamentar, a deputada disse que nunca ouviu falar da palavra "mensalão" e não sabe se a proposta foi feita a outro deputado. "A primeira vez que ouvi falar de 'mensalão' foi quando Roberto Jefferson denunciou", declarou.
No depoimento, a deputada disse ainda que foi procurada por um representante do Palácio do Planalto para tratar da oferta financeira que teria recebido do PL.
Segundo a deputada, o contato aconteceu na semana em que vieram à tona as denúncias sobre a suposta existência de pagamento de mesada aos congressistas da base aliada em troca de apoio político.
Raquel, no entanto, não soube informar aos deputados do Conselho de Ética quem do Planalto tentou falar com ela. "Não sei dizer. Não perguntei à minha secretária. Talvez ela saiba. Eu estava em Paris e disse que não atenderia ninguém", declarou.
A deputada se comprometeu a falar com sua secretária e buscar as chamadas recebidas. Em seu depoimento, ela confirmou que recebeu uma proposta financeira para trocar de legenda.
Vice na chapa de Mabel
Raquel foi questionada por integrantes do PL que participaram da reunião sobre seus reais interesses. O deputado Edmar Moreira (PL-MG) alegou que ela manteve no gabinete de seu suplente alguns funcionários que a serviram no seu período de mandato parlamentar e perguntou se havia algum esquema monetário nesta manutenção.
A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) e o deputado Wasny de Roure (PT-DF) questionaram o grau de indignação da deputada. Ângela chegou a insinuar que a proposta financeira deve ter sido motivada por alguma ligação entre Raquel e Mabel. Isso porque Raquel confirmou que chegou a ser cotada para ocupar o cargo de vice-governadora em uma chapa encabeçada por Mabel.
Ângela afirmou que ninguém do PT ouviria, ou tomaria conhecimento de 'uma proposta destas e ficaria calado'. Em resposta, o deputado Josias Quintal (PMDB-RJ) rebateu: "Esta deve ser uma postura de vossa excelência, e não do PT. O presidente Lula ouviu a denúncia por parte do governador [de Goiás] Marconi Perillo e nada fez."
A declaração de Quintal fez com que os petistas tentassem desacreditar as declarações de que o governador de Goiás tivesse realmente conversado com Lula. "Ninguém veio até aqui e disse o que o governador falou. Ninguém sabe o que o governador falou ao presidente. Tudo não passa de ilação", avaliou o deputado Orlando Fantazzini (PT-SP).
Após o pronunciamento de Fantazzini, o relator do Conselho de Ética, Jairo Carneiro (PFL-BA), avisou que Perillo enviou nesta quarta-feira um ofício ao Conselho, confirmando o teor de sua conversa com o presidente Lula e se colocando à disposição para falar ao Conselho.
Mabel
Mabel, que prestou depoimento em seguida, confirmou que convidou a deputada para trocar de legenda, mas negou que tenha feito proposta financeira. "É mentira, não fiz proposta financeira", afirmou.
De acordo com a versão de Mabel Raquel o procurou porque estaria interessada em mudar de partido para trabalhar pela sua reeleição no Legislativo.
Depois do encontro, Mabel disse que foi procurado por Perillo, que estaria "indignado" pelo fato de ele ter feito o convite e oferecido dinheiro. Mabel negou ao governador a proposta em dinheiro e pediu uma acareação entre os dois. "O governador disse que não era necessário", relatou Mabel ao Conselho de Ética.
Mabel disse que dias depois se encontrou com Raquel e relatou o encontro com o governador. Raquel teria respondido que o governador tinha entendido mal. "Está tudo resolvido", teria dito ela a Mabel.
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Raquel Teixeira confirma que recebeu proposta de R$ 1 milhão
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da Folha Online, em Brasília
A deputada licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO) afirmou nesta quarta-feira ao Conselho de Ética da Câmara que recebeu uma proposta do deputado Sandro Mabel (PL-GO) de R$ 1 milhão para ingressar no PL.
"Foi no plenário 16 da Câmara, depois que a reunião da comissão que tratava da reforma tributária foi cancelada. Depois, a conversa se estendeu. Houve sim uma proposta de R$ 30 mil por mês, R$ 1 milhão por ano, que poderia chegar até a R$ 50 mil por mês. Não fiz perguntas sobre de onde viria esse dinheiro. Fiquei perplexa e encerrei a conversa", disse a deputada, que ocupa a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás.
Aos membros do Conselho de Ética, Raquel afirmou que ficou "estarrecida" quando recebeu a proposta e procurou o governor de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), porque "queria entender como funciona um esquema como este".
Ressaltando que está em seu primeiro mandato parlamentar, a deputada disse que nunca ouviu falar da palavra "mensalão" e não sabe se a proposta foi feita a outro deputado. "A primeira vez que ouvi falar de 'mensalão' foi quando Roberto Jefferson denunciou", declarou.
No depoimento, a deputada disse ainda que foi procurada por um representante do Palácio do Planalto para tratar da oferta financeira que teria recebido do PL.
Segundo a deputada, o contato aconteceu na semana em que vieram à tona as denúncias sobre a suposta existência de pagamento de mesada aos congressistas da base aliada em troca de apoio político.
Raquel, no entanto, não soube informar aos deputados do Conselho de Ética quem do Planalto tentou falar com ela. "Não sei dizer. Não perguntei à minha secretária. Talvez ela saiba. Eu estava em Paris e disse que não atenderia ninguém", declarou.
A deputada se comprometeu a falar com sua secretária e buscar as chamadas recebidas. Em seu depoimento, ela confirmou que recebeu uma proposta financeira para trocar de legenda.
Vice na chapa de Mabel
Raquel foi questionada por integrantes do PL que participaram da reunião sobre seus reais interesses. O deputado Edmar Moreira (PL-MG) alegou que ela manteve no gabinete de seu suplente alguns funcionários que a serviram no seu período de mandato parlamentar e perguntou se havia algum esquema monetário nesta manutenção.
A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) e o deputado Wasny de Roure (PT-DF) questionaram o grau de indignação da deputada. Ângela chegou a insinuar que a proposta financeira deve ter sido motivada por alguma ligação entre Raquel e Mabel. Isso porque Raquel confirmou que chegou a ser cotada para ocupar o cargo de vice-governadora em uma chapa encabeçada por Mabel.
Ângela afirmou que ninguém do PT ouviria, ou tomaria conhecimento de 'uma proposta destas e ficaria calado'. Em resposta, o deputado Josias Quintal (PMDB-RJ) rebateu: "Esta deve ser uma postura de vossa excelência, e não do PT. O presidente Lula ouviu a denúncia por parte do governador [de Goiás] Marconi Perillo e nada fez."
A declaração de Quintal fez com que os petistas tentassem desacreditar as declarações de que o governador de Goiás tivesse realmente conversado com Lula. "Ninguém veio até aqui e disse o que o governador falou. Ninguém sabe o que o governador falou ao presidente. Tudo não passa de ilação", avaliou o deputado Orlando Fantazzini (PT-SP).
Após o pronunciamento de Fantazzini, o relator do Conselho de Ética, Jairo Carneiro (PFL-BA), avisou que Perillo enviou nesta quarta-feira um ofício ao Conselho, confirmando o teor de sua conversa com o presidente Lula e se colocando à disposição para falar ao Conselho.
Mabel
Mabel, que prestou depoimento em seguida, confirmou que convidou a deputada para trocar de legenda, mas negou que tenha feito proposta financeira. "É mentira, não fiz proposta financeira", afirmou.
De acordo com a versão de Mabel Raquel o procurou porque estaria interessada em mudar de partido para trabalhar pela sua reeleição no Legislativo.
Depois do encontro, Mabel disse que foi procurado por Perillo, que estaria "indignado" pelo fato de ele ter feito o convite e oferecido dinheiro. Mabel negou ao governador a proposta em dinheiro e pediu uma acareação entre os dois. "O governador disse que não era necessário", relatou Mabel ao Conselho de Ética.
Mabel disse que dias depois se encontrou com Raquel e relatou o encontro com o governador. Raquel teria respondido que o governador tinha entendido mal. "Está tudo resolvido", teria dito ela a Mabel.
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