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06/07/2005 - 09h28

Valério e sócios movimentaram R$ 836 milhões

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ANDRÉA MICHAEL
MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

O segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre as operações financeiras do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, seus sócios e empresas indicam um crédito de R$ 836 milhões na conta do Banco do Brasil entre 1999 e 2005, dos quais cerca de R$ 500 milhões não teriam origem identificada, segundo informaram parlamentares da CPI dos Correios que tiveram acesso ao relatório.

Documentos do Coaf obtidos pela Folha mostram que só no período 2003-2005, pelo menos R$ 219 milhões não tinham origem identificada na conta da agência DNA Propaganda do Banco do Brasil de Belo Horizonte (MG), de um total de R$ 419 milhões recebidos no período. O restante veio do BB, do qual a DNA é uma das três agências de publicidade contratadas.

Em depoimento à Polícia Federal, o empresário disse que suas duas principais empresas, a SMPB e a DNA, faturam anualmente cerca de R$ 415 milhões.

O relatório do Coaf, encaminhado ontem à tarde à CPI dos Correios, também compila um conjunto de saques realizados nas contas das empresas de Marcos Valério desde julho de 2003. Somados, os saques em dinheiro vivo em agências do Banco do Brasil e do Banco Rural totalizam R$ 21,36 milhões.

Na lista de 12 sacadores, de acordo com o que os bancos informaram ao Coaf, o próprio Marcos Valério tem lugar de destaque. Retirou R$ 1,19 milhão, sendo R$ 150 mil, em 19/08/2003, R$ 364 mil, em 10/10/2003, R$ 150 mil, em 23/10/2003, R$ 326 mil, em 20/01/2004, e R$ 200 mil, em 21/06/2004.

Ao todo são 12 sacadores, entre os quais Geiza Dias, funcionária do empresário. Em depoimento à Polícia Federal, ela negou ter feito as retiradas.

Outro nome que consta da lista é Alexandre Vasconcelos Castro, que, em depoimento aos policiais, negou conhecer Valério. Afirmou ter feito os saques a pedido de um amigo. A história não convenceu e uma acareação deve ser marcada em breve.

Não há registro sobre eventuais saques em agência bancárias de Brasília. Conforme denúncia do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a agência do banco Rural no Brasília Shopping, na capital federal, seria a origem dos saques para o pagamento do "mensalão" --suposta mesada de R$ 30 mil que, segundo o petebista revelou em entrevista à Folha, seria paga mensalmente a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio ao governo.

A reportagem apurou que o conjunto de dados encaminhados pelo Coaf, pelo Banco Central e pelo Banco do Brasil à CPI permitiu identificar elos que unem Marcos Valério a suspeitos de intermediar o pagamento do suposto "mensalão". Seriam pelo menos duas remessas, uma de R$ 700 mil e outra de R$ 100 mil para um dos investigados.

O relatório do Coaf também contém a evolução do total de depósitos que a agência SMPB recebeu anualmente, desde 1999. Naquele ano, o volume recebido pela empresa foi de R$ 51,9 milhões, passando para R$ 125,3 milhões em 2001, R$ 166,1 milhões em 2003 e R$ 197,7 milhões em 2004. Neste ano, a empresa somou depósitos de R$ 55,3 milhões.

O relatório revela que, por meio do banco Bradesco, a SMPB movimentou R$ 5,54 milhões em espécie entre 1º de julho do ano passado e o dia 13 de junho de 2005.

O Coaf registra, no documento encaminhado à CPI dos Correios, que o Bradesco somente o informou sobre a movimentação há cerca de 15 dias. Na ocasião, já se tornara público o suposto envolvimento de Marcos Valério no escândalo do "mensalão".

Segundo a legislação, desde 2003, como parte da política do governo de repressão à lavagem de dinheiro, as instituições bancárias devem informar às autoridades competentes, entre as quais o Coaf, qualquer operação de depósito, saque ou provisionamento iguais ou superiores a R$ 100 mil.

Por meio de sua assessoria, o banco disse que "cumpre rigorosamente as regras de informar o Banco Central sobre operações de retiradas realizadas em dinheiro".

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