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22/07/2005 - 09h20

Policial diz que retirou dinheiro e aponta elo entre Valério e doleiro

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JOSÉ MASCHIO
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O policial civil David Rodrigues Alves confirmou ontem, em entrevista na sede do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais, que fazia retiradas de três agências do Banco Rural e entregava o dinheiro na sede da SMPB Comunicação, em Belo Horizonte. Ao explicar como foi contratado pela SMPB para fazer as retiradas, apontou um elo entre a empresa --da qual o publicitário Marcos Valério de Souza é sócio-- e o doleiro Haroldo Bicalho, que sofre processo na Justiça Federal.

Segundo Alves, ele foi indicado por Bicalho a Cristiano Paz, sócio de Valério, para transportar dinheiro. Bicalho foi preso durante a Operação Farol da Colina, da Polícia Federal, que prendeu 64 doleiros em julho de 2004. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de evasão fiscal e lavagem de dinheiro.

Ontem, Bicalho não foi encontrado. Segundo informações de um auxiliar seu que atendeu ao telefone celular de Bicalho, ele estava no interior de Minas Gerais.

Alves disse que, depois da indicação, prestou serviços para a SMPB de janeiro a outubro de 2003 recolhendo pacotes de dinheiro em três agências. "Eu retirava o dinheiro nessas agências. Os pacotes já estavam prontos, e eu apenas assinava o recebimento. Meu trabalho era retirar o dinheiro e entregar na SMPB para a Simone [Vasconcelos] e a Geiza [dos Santos]", disse. Ambas são funcionárias da agência.

A Folha apurou que, em depoimento na Corregedoria Geral de Polícia, Alves disse que entregava dinheiro para as duas funcionárias e também para Cristiano Paz. E que os três ligavam para ele quando precisavam dos recursos. Alves negou conhecer pessoas do governo mineiro.

O policial disse que recebia entre R$ 50 e R$ 70 por viagem e que chegou a fazer até três retiradas por dia. "Quero deixar claro que eu fazia a retirada do dinheiro do banco. Eu não sacava e não sei de quem era o dinheiro. Sabia que a SMPB era séria e nunca procurei saber para quê era o dinheiro."

Ele disse não saber precisar se o total que retirou foi de R$ 4,9 milhões, como aparece na lista de sacadores apresentada pelo Banco Rural à CPI dos Correios. Alves admitiu que esse total pode ser maior, já que depois de algum tempo ficou conhecido nas agências bancárias e não precisou mais assinar recibo da retirada.

"Eu fiquei conhecido do pessoal do banco, chegava no horário estipulado e o dinheiro já estava empacotado. Muitas vezes nem assinei os recibos", disse. Na listagem apresentada pelo banco à CPI, as retiradas acontecem entre fevereiro e julho de 2003.

Alves disse que fez retiradas até outubro de 2003, quando, promovido na Polícia Civil, deixou o plantão noturno. E justificou o bico "pelo baixo salário do policial".

Outro policial

Outro policial civil que aparece na lista, fazendo duas retiradas de R$ 300 mil em 28 e 30 de abril de 2003, Luiz Carlos Costa Lara, confirmou que fez as retiradas à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao Ministério Público de Minas Gerais. Lara disse que fez as retiradas a pedido de um amigo taxista que, encarregado do serviço, tinha receio de sacar as grandes quantias sozinho.

Afirmou que acompanhava esse amigo, que já morreu, e mostrava os documentos no banco.

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