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11/08/2005
-
19h53
ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha de S.Paulo
A direção do PFL começou hoje a consultar advogados sobre procedimentos legais em caso de impeachment tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto do vice José Alencar. A avaliação do partido é que as revelações do publicitário Duda Mendonça atingem não apenas o presidente, mas também o seu vice e abrem a possibilidade de novas eleições.
Conforme a Folha apurou, os advogados disseram ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), que, em caso de impedimento de ambos, assume o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que tem até 60 dias para convocar eleições indiretas, ou seja, realizadas pelo Congresso, para eleger o novo presidente. Esse dispositivo constitucional, porém, não foi regulamentado.
Publicamente, o discurso do partido é dividido. Enquanto o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) prega a abertura de processo de impedimento, o líder no Senado, José Agripino Maia (PFL-RN), pedia calma: "O momento é de reflexão. Vamos passar o fim de semana decantando os últimos acontecimentos".
Ele adverte que, no calor do depoimento de Duda Mendonça, as revelações de contas em paraísos fiscais são consideradas sem a devida cautela e análise jurídica.
O que deixou em pânico tanto os integrantes da CPI dos Correios como as lideranças dos principais partidos foi que os depósitos na conta do publicitário foram feitos já em 2003, no primeiro ano do governo Lula. Fica a suspeita de que possam ter origem em dinheiro público.
Na opinião geral do Congresso, Duda Mendonça 'livrou a cara' e 'jogou Lula e o PT na fogueira'. Ao assumir o caixa dois e o envio de dinheiro para paraísos fiscais, ele passa a imagem de que alguém finalmente está dizendo a verdade e tem a chance, pela lei, de pagar o que deve ao fisco e ficar por isso mesmo. Já o governo está cada vez mais enrolado.
Duda Mendonça avisou previamente ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral, que é do PT, que faria isso.
Num telefonema, Duda disse a Delcídio que vinha sendo chantageado pelo publicitário Marcos Valério, autor oficial dos depósitos. A chantagem estaria sendo feita via jornais de Minas Gerais, com a publicação de notas referentes às contas de Duda no exterior.
"Eu não vou ser chantageado", avisou Duda a Delcídio. Ele foi à CPI sem estar convocado e entregou toda a história das contas e dos depósitos.
O resultado é que, apesar de representar o sistema financeiro e o grande capital industrial, que não querem o impeachment, o PFL está se sentindo "encurralado". Como conversaram ontem membros da direção partidária, os fatos estão indo longe demais.
O clima no PT é de desolação. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), depois de se defender publicamente, ligou para Delcídio no fim do dia e repetiu que nunca soube de depósitos, contas, offshore. E insistiu para que Duda Mendonça ressaltasse isso durante o restante do depoimento, à noite.
A senadora Ildely Salvatti (PT-SC) balançava a cabeça e repetia várias vezes: "Não sei o que dizer. Não sei o que pensar".
E a também senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), suando frio e com as mãos trêmulas, dizia: "Não sei se tenho pena ou raiva do Lula. A situação está ficando insustentável".
Hoje à noite, Lula janta com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Amanhã, sexta-feira, preside reunião ministerial em que, certamente, fará um pronunciamento contundente sobre a crise e sobre as revelações de Duda Mendonça.
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Colunista da Folha de S.Paulo
A direção do PFL começou hoje a consultar advogados sobre procedimentos legais em caso de impeachment tanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto do vice José Alencar. A avaliação do partido é que as revelações do publicitário Duda Mendonça atingem não apenas o presidente, mas também o seu vice e abrem a possibilidade de novas eleições.
Conforme a Folha apurou, os advogados disseram ao presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), que, em caso de impedimento de ambos, assume o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que tem até 60 dias para convocar eleições indiretas, ou seja, realizadas pelo Congresso, para eleger o novo presidente. Esse dispositivo constitucional, porém, não foi regulamentado.
Publicamente, o discurso do partido é dividido. Enquanto o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) prega a abertura de processo de impedimento, o líder no Senado, José Agripino Maia (PFL-RN), pedia calma: "O momento é de reflexão. Vamos passar o fim de semana decantando os últimos acontecimentos".
Ele adverte que, no calor do depoimento de Duda Mendonça, as revelações de contas em paraísos fiscais são consideradas sem a devida cautela e análise jurídica.
O que deixou em pânico tanto os integrantes da CPI dos Correios como as lideranças dos principais partidos foi que os depósitos na conta do publicitário foram feitos já em 2003, no primeiro ano do governo Lula. Fica a suspeita de que possam ter origem em dinheiro público.
Na opinião geral do Congresso, Duda Mendonça 'livrou a cara' e 'jogou Lula e o PT na fogueira'. Ao assumir o caixa dois e o envio de dinheiro para paraísos fiscais, ele passa a imagem de que alguém finalmente está dizendo a verdade e tem a chance, pela lei, de pagar o que deve ao fisco e ficar por isso mesmo. Já o governo está cada vez mais enrolado.
Duda Mendonça avisou previamente ao presidente da CPI, senador Delcídio Amaral, que é do PT, que faria isso.
Num telefonema, Duda disse a Delcídio que vinha sendo chantageado pelo publicitário Marcos Valério, autor oficial dos depósitos. A chantagem estaria sendo feita via jornais de Minas Gerais, com a publicação de notas referentes às contas de Duda no exterior.
"Eu não vou ser chantageado", avisou Duda a Delcídio. Ele foi à CPI sem estar convocado e entregou toda a história das contas e dos depósitos.
O resultado é que, apesar de representar o sistema financeiro e o grande capital industrial, que não querem o impeachment, o PFL está se sentindo "encurralado". Como conversaram ontem membros da direção partidária, os fatos estão indo longe demais.
O clima no PT é de desolação. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), depois de se defender publicamente, ligou para Delcídio no fim do dia e repetiu que nunca soube de depósitos, contas, offshore. E insistiu para que Duda Mendonça ressaltasse isso durante o restante do depoimento, à noite.
A senadora Ildely Salvatti (PT-SC) balançava a cabeça e repetia várias vezes: "Não sei o que dizer. Não sei o que pensar".
E a também senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), suando frio e com as mãos trêmulas, dizia: "Não sei se tenho pena ou raiva do Lula. A situação está ficando insustentável".
Hoje à noite, Lula janta com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Amanhã, sexta-feira, preside reunião ministerial em que, certamente, fará um pronunciamento contundente sobre a crise e sobre as revelações de Duda Mendonça.
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