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12/08/2005
-
08h30
KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros avaliaram ontem que o depoimento de Duda Mendonça à CPI dos Correios foi "ruim para o governo", mas não o suficiente para resultar em eventual impeachment. Concluíram, porém, ser inevitável que Lula faça hoje uma forte menção pública à crise, adotando tom de indignação e dizendo que sua confiança foi traída.
A mensagem será transmitida na abertura da reunião ministerial, quando Lula fará um discurso em que dirá que foi "traído" e que alguns companheiros "cederam a práticas tradicionais" que antes eram condenadas pelo próprio PT. A fala será transmitida pela televisão estatal Radiobrás, com o sinal de TV sendo distribuído para as emissoras privadas.
Apesar de ter sido ruim para o governo, o Planalto considerou que Duda protegeu Lula na CPI ao dizer que a campanha presidencial de 2002 teria sido quitada com recursos legais. "Ele não tinha saída", afirmou um amigo do publicitário.
A Folha apurou que Duda avisou o governo que mudaria a sua linha de defesa por estar se sentindo chantageado por Marcos Valério, que teria vazado para a imprensa evidências de que lhe dera dinheiro, como o nome da conta no exterior (Dusseldorf).
Anteontem, quando fez aniversário, Duda avisou membros do PT e do governo que acompanharia sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, na CPI. A interlocutores, Duda disse que achava que o publicitário tentava apertá-lo para forçar o governo a protegê-lo politicamente. Duda teria concluído que seria melhor "contar a verdade", pois, no seu relato, "Lula não sabia" do que ele tratara com Valério e Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT.
Na visão do governo, haverá no curto prazo uma batalha política com a oposição, mas sem brecha legal para tirar Lula da Presidência ou forçá-lo a renunciar. Membros da cúpula do governo disseram à Folha que o Planalto foi informado de que o PT teria comprovantes de quitação integral da campanha de TV de Lula com recursos legais.
Reação presidencial
De tarde, quando assistia ao depoimento ao vivo de Duda à CPI, Lula disse a auxiliares ter tomado um susto de manhã. Segundo relato do presidente a assessores, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) lhe informou que Duda revelou à Polícia Federal, em depoimento encerrado na madrugada de ontem, que o PT saíra das campanhas eleitorais de 2002 devendo cerca de R$ 15,5 milhões a ele e que Valério teria pago mais de R$ 11 milhões desse total.
"Que coisa é essa? Impossível", teria reagido Lula. O presidente contou que tinha ciência de que havia uma dívida específica de sua campanha com o marqueteiro no valor de R$ 2 milhões. Em conversa reservada, Lula disse que esse valor foi quitado legalmente em 2003.
Segundo a versão ouvida pela Folha no Planalto, Lula reagiu com irritação ao tomar conhecimento dos detalhes do depoimento de Duda. Mais uma vez, repetiu que Delúbio agira à sua revelia. "Coisa de pé-de-chinelo" foi a palavra usada por um membro da cúpula do governo para descrever como o presidente vê as ações de Delúbio.
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Crise se agrava e Lula vai à TV hoje dizer que se sente traído
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros avaliaram ontem que o depoimento de Duda Mendonça à CPI dos Correios foi "ruim para o governo", mas não o suficiente para resultar em eventual impeachment. Concluíram, porém, ser inevitável que Lula faça hoje uma forte menção pública à crise, adotando tom de indignação e dizendo que sua confiança foi traída.
A mensagem será transmitida na abertura da reunião ministerial, quando Lula fará um discurso em que dirá que foi "traído" e que alguns companheiros "cederam a práticas tradicionais" que antes eram condenadas pelo próprio PT. A fala será transmitida pela televisão estatal Radiobrás, com o sinal de TV sendo distribuído para as emissoras privadas.
Apesar de ter sido ruim para o governo, o Planalto considerou que Duda protegeu Lula na CPI ao dizer que a campanha presidencial de 2002 teria sido quitada com recursos legais. "Ele não tinha saída", afirmou um amigo do publicitário.
A Folha apurou que Duda avisou o governo que mudaria a sua linha de defesa por estar se sentindo chantageado por Marcos Valério, que teria vazado para a imprensa evidências de que lhe dera dinheiro, como o nome da conta no exterior (Dusseldorf).
Anteontem, quando fez aniversário, Duda avisou membros do PT e do governo que acompanharia sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, na CPI. A interlocutores, Duda disse que achava que o publicitário tentava apertá-lo para forçar o governo a protegê-lo politicamente. Duda teria concluído que seria melhor "contar a verdade", pois, no seu relato, "Lula não sabia" do que ele tratara com Valério e Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT.
Na visão do governo, haverá no curto prazo uma batalha política com a oposição, mas sem brecha legal para tirar Lula da Presidência ou forçá-lo a renunciar. Membros da cúpula do governo disseram à Folha que o Planalto foi informado de que o PT teria comprovantes de quitação integral da campanha de TV de Lula com recursos legais.
Reação presidencial
De tarde, quando assistia ao depoimento ao vivo de Duda à CPI, Lula disse a auxiliares ter tomado um susto de manhã. Segundo relato do presidente a assessores, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) lhe informou que Duda revelou à Polícia Federal, em depoimento encerrado na madrugada de ontem, que o PT saíra das campanhas eleitorais de 2002 devendo cerca de R$ 15,5 milhões a ele e que Valério teria pago mais de R$ 11 milhões desse total.
"Que coisa é essa? Impossível", teria reagido Lula. O presidente contou que tinha ciência de que havia uma dívida específica de sua campanha com o marqueteiro no valor de R$ 2 milhões. Em conversa reservada, Lula disse que esse valor foi quitado legalmente em 2003.
Segundo a versão ouvida pela Folha no Planalto, Lula reagiu com irritação ao tomar conhecimento dos detalhes do depoimento de Duda. Mais uma vez, repetiu que Delúbio agira à sua revelia. "Coisa de pé-de-chinelo" foi a palavra usada por um membro da cúpula do governo para descrever como o presidente vê as ações de Delúbio.
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