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14/08/2005
-
11h40
ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
VALDO CRUZ
diretor-executivo da Folha de S.Paulo, em Brasília
A Polícia Federal investiga a existência de outras contas no exterior do publicitário Duda Mendonça além da admitida por ele na CPI dos Correios --Dusseldorf Company Ltd. Segundo a Folha apurou, a PF trabalha com a informação de que essas outras contas teriam recebido dinheiro de campanhas em 1998 e 2000.
Está sob investigação, neste primeiro momento, um conjunto de operações financeiras no sistema bancário americano atribuídas ao publicitário e à sua sócia Zilmar Fernandes Silveira.
Conforme a base de dados do MTB Bank, eles movimentaram cerca de US$ 1,5 milhões entre 1998 e 2000, sempre utilizando como intermediária a offshore --empresa que não tem o nome dos sócios identificados-- Ágata, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
Os registros do MTB, incorporados aos arquivos da CPI do Banestado, associam os nomes de Duda e Zilmar a contas no BankBoston em uma agência nos EUA. As contas são, em regra, a origem ou o destino das operações que têm os dois como remetentes ou beneficiários.
Na última quinta-feira, ao enviar ao STF (Supremo Tribunal Federal) os autos do inquérito no qual é investigado o pagamento de mesada a parlamentares da base aliada e a prática de caixa dois, a PF pediu ao ministro Joaquim Barbosa que autorize o aprofundamento das investigações acerca da movimentação financeira de Duda e Zilmar no exterior.
Para a realização das diligências, que incluem novos depoimentos --entre os quais os do deputado José Janene (PP-PR) e o do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL--, a PF pediu ao STF que conceda um prazo de pelo menos mais 30 dias.
Origem
No que diz respeito a Duda e Zilmar, a PF quer esmiuçar a origem, o montante que teriam movimentado em contas no BankBoston nos Estados Unidos e o destino do dinheiro que mandaram para a offshore Ágata.
A Ágata, cujos gestores vivem em São Paulo, movimentou mais de US$ 1 bilhão por meio do MTB, entre janeiro de 1997 e abril de 2003. O MTB é investigado por suspeita de abrigar operações de lavagem de dinheiro.
Em depoimento espontâneo na CPI dos Correios e na Polícia Federal na última semana, Duda Mendonça admitiu ter recebido do PT, por meio do publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, dinheiro de caixa dois referente à campanha eleitoral de 2002, inclusive com depósitos feitos em uma conta sua em um paraíso fiscal no exterior.
Segundo Duda, ele recebeu R$ 15,5 milhões do PT em 2003 e não emitiu nota fiscal a pedido do partido. Desse total, 11,9 milhões teriam vindo de Valério e R$ 3,6 milhões diretamente do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. O pagamento foi feito com o depósito de R$ 10,5 milhões fora do país e o saque de R$ 1,4 milhão em espécie, de forma parcelada, no Brasil.
Ao cobrar dívidas do PT em 2003, Zilmar teria sido orientada por Delúbio a procurar Marcos Valério. Ele teria pedido à sócia de Duda para abrir uma conta bancária no exterior, onde seria depositada uma parcela de R$ 10,5 milhões. Marcos Valério nega que tenha orientado e diz que Duda já tinha a conta no exterior.
O publicitário procurou o BankBoston e teria sido orientado a abrir uma offshore nas Bahamas com o nome de "Dusseldorf". Nessa conta, Valério teria feito depósitos provenientes do BAC Florida Bank, Banco Rural Europa, Israel Discount Bank de Nova York e de uma empresa chamada Trade Link.
Azeredo
Uma das suspeitas da PF é que Duda não seria um iniciante na prática de receber pagamento com origem em caixa dois de campanha. Uma das possibilidades, segundo dados colhidos na investigação, é que a movimentação no exterior tenha também sido alimentada por um suposto pagamento paralelo referente à campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais, em 1998.
O valor oficial dos serviços prestados pelo publicitário, conforme a investigação, foi de R$ 700 mil. Mas a conta real seria de R$ 4,5 milhões. A diferença dos valores, de R$ 3,8 milhões, poderia ser uma das fontes das operações intermediadas pela offshore Ágata.
Azeredo nega que soubesse de qualquer irregularidade na contabilidade de sua campanha e diz que o responsável era o tesoureiro Cláudio Mourão.
Entre 1999 e 2000, Duda mandou sete remessas de dinheiro para a Ágata, todas elas saindo do BankBoston. O movimento somou U$ 1,09 milhão.
As operações de Zilmar, num total de 14, têm perfil variado. A sócia de Duda tanto manda dinheiro para a Ágata como recebe quantias da offshore.
A primeira remessa da sócia de Duda ocorre em 28 de fevereiro de 1997 (US$ 150 mil)- -é a única naquele ano. As demais começam em 1998 e se estendem até 2000. Ao todo, ela movimentou, por meio do MTB, US$ 943.415.
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
VALDO CRUZ
diretor-executivo da Folha de S.Paulo, em Brasília
A Polícia Federal investiga a existência de outras contas no exterior do publicitário Duda Mendonça além da admitida por ele na CPI dos Correios --Dusseldorf Company Ltd. Segundo a Folha apurou, a PF trabalha com a informação de que essas outras contas teriam recebido dinheiro de campanhas em 1998 e 2000.
Está sob investigação, neste primeiro momento, um conjunto de operações financeiras no sistema bancário americano atribuídas ao publicitário e à sua sócia Zilmar Fernandes Silveira.
Conforme a base de dados do MTB Bank, eles movimentaram cerca de US$ 1,5 milhões entre 1998 e 2000, sempre utilizando como intermediária a offshore --empresa que não tem o nome dos sócios identificados-- Ágata, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
Os registros do MTB, incorporados aos arquivos da CPI do Banestado, associam os nomes de Duda e Zilmar a contas no BankBoston em uma agência nos EUA. As contas são, em regra, a origem ou o destino das operações que têm os dois como remetentes ou beneficiários.
Na última quinta-feira, ao enviar ao STF (Supremo Tribunal Federal) os autos do inquérito no qual é investigado o pagamento de mesada a parlamentares da base aliada e a prática de caixa dois, a PF pediu ao ministro Joaquim Barbosa que autorize o aprofundamento das investigações acerca da movimentação financeira de Duda e Zilmar no exterior.
Para a realização das diligências, que incluem novos depoimentos --entre os quais os do deputado José Janene (PP-PR) e o do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL--, a PF pediu ao STF que conceda um prazo de pelo menos mais 30 dias.
Origem
No que diz respeito a Duda e Zilmar, a PF quer esmiuçar a origem, o montante que teriam movimentado em contas no BankBoston nos Estados Unidos e o destino do dinheiro que mandaram para a offshore Ágata.
A Ágata, cujos gestores vivem em São Paulo, movimentou mais de US$ 1 bilhão por meio do MTB, entre janeiro de 1997 e abril de 2003. O MTB é investigado por suspeita de abrigar operações de lavagem de dinheiro.
Em depoimento espontâneo na CPI dos Correios e na Polícia Federal na última semana, Duda Mendonça admitiu ter recebido do PT, por meio do publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, dinheiro de caixa dois referente à campanha eleitoral de 2002, inclusive com depósitos feitos em uma conta sua em um paraíso fiscal no exterior.
Segundo Duda, ele recebeu R$ 15,5 milhões do PT em 2003 e não emitiu nota fiscal a pedido do partido. Desse total, 11,9 milhões teriam vindo de Valério e R$ 3,6 milhões diretamente do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. O pagamento foi feito com o depósito de R$ 10,5 milhões fora do país e o saque de R$ 1,4 milhão em espécie, de forma parcelada, no Brasil.
Ao cobrar dívidas do PT em 2003, Zilmar teria sido orientada por Delúbio a procurar Marcos Valério. Ele teria pedido à sócia de Duda para abrir uma conta bancária no exterior, onde seria depositada uma parcela de R$ 10,5 milhões. Marcos Valério nega que tenha orientado e diz que Duda já tinha a conta no exterior.
O publicitário procurou o BankBoston e teria sido orientado a abrir uma offshore nas Bahamas com o nome de "Dusseldorf". Nessa conta, Valério teria feito depósitos provenientes do BAC Florida Bank, Banco Rural Europa, Israel Discount Bank de Nova York e de uma empresa chamada Trade Link.
Azeredo
Uma das suspeitas da PF é que Duda não seria um iniciante na prática de receber pagamento com origem em caixa dois de campanha. Uma das possibilidades, segundo dados colhidos na investigação, é que a movimentação no exterior tenha também sido alimentada por um suposto pagamento paralelo referente à campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais, em 1998.
O valor oficial dos serviços prestados pelo publicitário, conforme a investigação, foi de R$ 700 mil. Mas a conta real seria de R$ 4,5 milhões. A diferença dos valores, de R$ 3,8 milhões, poderia ser uma das fontes das operações intermediadas pela offshore Ágata.
Azeredo nega que soubesse de qualquer irregularidade na contabilidade de sua campanha e diz que o responsável era o tesoureiro Cláudio Mourão.
Entre 1999 e 2000, Duda mandou sete remessas de dinheiro para a Ágata, todas elas saindo do BankBoston. O movimento somou U$ 1,09 milhão.
As operações de Zilmar, num total de 14, têm perfil variado. A sócia de Duda tanto manda dinheiro para a Ágata como recebe quantias da offshore.
A primeira remessa da sócia de Duda ocorre em 28 de fevereiro de 1997 (US$ 150 mil)- -é a única naquele ano. As demais começam em 1998 e se estendem até 2000. Ao todo, ela movimentou, por meio do MTB, US$ 943.415.
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