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19/08/2005 - 21h27

Buratti envolve Palocci em esquema de corrupção em Ribeirão

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LÚCIA BAKOS
da Folha Online

O advogado e então assessor do ministro da Fazenda Antonio Palocci --quando ele ainda era prefeito de Ribeirão Preto (SP)--, Rogério Tadeu Buratti, afirmou nesta sexta-feira (19), segundo o Ministério Público de São Paulo, que Palocci recebia R$ 50 mil por mês da empresa Leão Leão, responsável pela coleta de lixo na cidade. Em nota, o ministro da Fazenda negou ter recebido o dinheiro e criticou a divulgação das informações.

O advogado foi preso na última quarta-feira acusado de crime de lavagem de dinheiro e tentativa de destruição de documento, mas nesta sexta-feira, depois de conseguir o benefício da delação premiada, prestou depoimento e foi liberado.

O dinheiro pago a Palocci, segundo Buratti, seria depois repassado ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que já admite ter montado um esquema de caixa dois para financiar campanhas políticas do partido.

A acusação feita por Buratti foi divulgada pelo promotor Sebastião Sérgio da Silveira, do Gaerco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado), que ouviu o depoimento do advogado em Ribeirão Preto.

Os negócios envolveriam R$ 2,6 milhões. O Ministério Público suspeita de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Mais três prefeituras envolvidas

O promotor de Justiça de Ribeirão Preto Aroldo Costa Filho disse que Buratti, em depoimento, afirmou ainda que ex-prefeitos de Sertãozinho, Matão e Monte Alto também recebiam mensalmente o dinheiro da empresa Leão Leão.

O pagamento, segundo Buratti, foi feito até, pelo menos, ele deixar o cargo de consultor na empresa, em março de 2004.

De acordo com o promotor, Buratti informou que o sucessor de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto continuou recebendo os R$ 50 mil em repasses depois que ele deixou o cargo.

"Ele [Buratti] disse que era pago mensalmente e o Magione recebia o dinheiro por meio de um funcionário. Além disso, ele indicou outras três prefeituras".

Segundo Costa Filho, Buratti detalhou que a Prefeitura de Sertãozinho recebia 12% do faturamento da Leão Leão na cidade. "Em seguida, foi o prefeito José Gimenez, o Zezinho Gimenez, quem passou a receber o valor", disse o promotor.

No município de Matão, o pagamento era de 15% do faturamento da Leão Leão e era pago diretamente ao então prefeito. Já em Monte Alto (SP), segundo informou o promotor, a Prefeitura recebia de 5% a 15% do faturamento total da empresa na cidade.

Costa Filho informou ainda que Buratti revelou que "alguns brindes" foram dados pela Leão Leão para prefeitos e para funcionários das prefeituras, em especial para o de Sertãozinho. "Encontramos notas de ternos, relógios e até de churrascos que foram promovidos em Sertãozinho e pagos pela Leão Leão", disse.

O delegado Benedito Antonio Valencize, da Seccional de Ribeirão Preto, confirmou que existem provas documentais de que houve fraude nos processos de licitação da empresa Leão Leão.

Segundo ele, foi encontrado em um dos computadores da empresa um edital de licitação com o timbre da Prefeitura de Ribeirão e um mapa onde é mencionado o pagamento da propina no período de janeiro de 2003 com a seguinte observação: 200. "Isso [a observação] quer dizer que Ribeirão Preto recebeu R$ 200 mil da Leão Leão."

O delegado também informou que quando a empresa recebia pelo edital aprovado retorna-se 15 % do valor total para o prefeito.

Valencize citou ainda que foi encontrado um mapa de despesas administrativas na empresa, referente aos anos de 2003 e 2004, onde constam anotações de pagamentos pela compra de uísques, ternos, relógios e eventos realizados nas cidades pela Leão Leão.

Buratti foi assessor parlamentar de José Dirceu na década de 80 e secretário de Governo na primeira gestão de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996). Em 94, saiu após uma denúncia de favorecimento. Desde sua saída da prefeitura, Buratti trabalhou cinco anos como consultor da empresa Leão Leão.

Para o encerramento do inquérito em Ribeirão Preto, o promotor Costa Filho explicou que falta apenas o depoimento do ex-diretor comercial da empreiteira Marcelo Franzine, marcado para a próxima sexta-feira. Em relação às denúncias nas outras cidades, Costa Filho informou que "inquéritos serão instaurados".

Em razão da gravidade das denúncias feitas por Buratti, a expectativa é que o advogado seja chamado para depor na CPI dos Correios.

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