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21/08/2005
-
23h51
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
Aparentando bastante tranqüilidade, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) negou neste domingo as acusações feitas contra ele pelo seu ex-assessor Rogério Tadeu Buratti, disse que permanecerá no cargo por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descartou mudanças na política econômica e afirmou que a economia brasileira é sólida o suficiente para não ser atingida por "falsas acusações".
"O presidente Lula pediu para que eu transmitisse a vocês a sua decisão. Ele não deseja que eu saia do Ministério da Fazenda. Ele disse que não autorizará o meu afastamento, mesmo temporário", afirmou Palocci em entrevista de duas horas e 12 minutos na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília.
Na última sexta-feira, Palocci foi pela primeira vez envolvido diretamente nas denúncias de corrupção que levaram o governo Lula a enfrentar sua maior crise.
Buratti, que foi seu assessor quando o atual ministro ainda era prefeito de Ribeirão Preto, afirmou ao Ministério Público do Estado de São Paulo que, entre 2001 e 2002, Palocci recebia R$ 50 mil por mês de empresa de lixo em troca de favorecimento em licitações do município. O dinheiro seria depois repassado ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que admite ter montado um esquema de caixa dois para financiamento de campanhas do partido.
Logo após a divulgação da denúncia, o dólar chegou a subir mais de 4% durante o pregão e fechou na última sexta-feira em alta de 2,94%, a maior em quase 15 meses.
No sábado, entretanto, os promotores responsáveis pelas investigações de possíveis irregularidades em Ribeirão Preto admitiram que não possuem provas da versão divulgada por Buratti e do conhecimento do ministro sobre a propina.
Neste domingo foi Palocci que contestou as acusações. "Queria negar categoricamente essas acusações. Negar com veemência porque são falsas. Eu não recebi nem autorizei ninguém a receber recursos para o diretório nacional ou outras instâncias", disse.
Ele reafirmou que sua conduta no ministério é "transparente", que abre o seu sigilo fiscal e telefônico caso os promotores entendam que isso é necessário e que irá ao banco de alguma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) caso convocado.
"Eu estou tranqüilo porque eu sei do que fiz e o que não fiz. As coisas que ocorreram não me preocupam."
Acrescentou ainda que acredita que embora não entenda o motivo que levou Buratti a fazer as denúncias, compreende que deveria estar sob forte pressão. "Causou-me perplexidade as informações porque são absolutamente falsas."
Sobre o comportamento do promotor que divulgou o depoimento de Buratti, ele disse que enviará uma carta ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o que ele considerou como "equívocos" do Ministério Público de São Paulo.
Além disso, irá estudar durante a semana medidas legais que eventualmente possam ser tomadas contra Buratti, mas acrescentou que ele "não é um inimigo, nem tão pouco um amigo".
Reafirmou ainda que não tem "apego a cargos", disse que não é insubstituível e que a economia brasileira tem fundamentos sólidos que não serão alterados por uma mudança na Fazenda, já que o governo Lula não irá alterar a política econômica.
"Penso que a economia brasileira não reagirá de maneira negativa a fatos que envolvam pessoas."
Por conta dessa solidez, o ministro disse que o Brasil chegará ao final do ano que vem muito mais "saudável".
"Eu tenho certeza que o país estará mais saudável. Podem fazer qualquer comparação."
Buratti
O advogado e ex-assessor de Palocci foi preso na última quarta-feira acusado de crime de lavagem de dinheiro e tentativa de destruição de documento, mas nesta sexta-feira, depois de aceitar acordo de delação premiada, prestou depoimento e foi liberado.
Buratti foi assessor parlamentar de José Dirceu na década de 80 e secretário de Governo na primeira gestão de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996). Em 94, saiu após uma denúncia de favorecimento. Desde sua saída da prefeitura, Buratti trabalhou cinco anos como consultor da empresa Leão Leão, suspeita de estar envolvida no pagamento de propina ao ministro.
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Palocci nega acusações e fica no cargo, mas diz que não é insubstituível
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da Folha Online, em Brasília
Aparentando bastante tranqüilidade, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) negou neste domingo as acusações feitas contra ele pelo seu ex-assessor Rogério Tadeu Buratti, disse que permanecerá no cargo por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, descartou mudanças na política econômica e afirmou que a economia brasileira é sólida o suficiente para não ser atingida por "falsas acusações".
"O presidente Lula pediu para que eu transmitisse a vocês a sua decisão. Ele não deseja que eu saia do Ministério da Fazenda. Ele disse que não autorizará o meu afastamento, mesmo temporário", afirmou Palocci em entrevista de duas horas e 12 minutos na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília.
Na última sexta-feira, Palocci foi pela primeira vez envolvido diretamente nas denúncias de corrupção que levaram o governo Lula a enfrentar sua maior crise.
Buratti, que foi seu assessor quando o atual ministro ainda era prefeito de Ribeirão Preto, afirmou ao Ministério Público do Estado de São Paulo que, entre 2001 e 2002, Palocci recebia R$ 50 mil por mês de empresa de lixo em troca de favorecimento em licitações do município. O dinheiro seria depois repassado ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que admite ter montado um esquema de caixa dois para financiamento de campanhas do partido.
Logo após a divulgação da denúncia, o dólar chegou a subir mais de 4% durante o pregão e fechou na última sexta-feira em alta de 2,94%, a maior em quase 15 meses.
No sábado, entretanto, os promotores responsáveis pelas investigações de possíveis irregularidades em Ribeirão Preto admitiram que não possuem provas da versão divulgada por Buratti e do conhecimento do ministro sobre a propina.
Neste domingo foi Palocci que contestou as acusações. "Queria negar categoricamente essas acusações. Negar com veemência porque são falsas. Eu não recebi nem autorizei ninguém a receber recursos para o diretório nacional ou outras instâncias", disse.
Ele reafirmou que sua conduta no ministério é "transparente", que abre o seu sigilo fiscal e telefônico caso os promotores entendam que isso é necessário e que irá ao banco de alguma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) caso convocado.
"Eu estou tranqüilo porque eu sei do que fiz e o que não fiz. As coisas que ocorreram não me preocupam."
Acrescentou ainda que acredita que embora não entenda o motivo que levou Buratti a fazer as denúncias, compreende que deveria estar sob forte pressão. "Causou-me perplexidade as informações porque são absolutamente falsas."
Sobre o comportamento do promotor que divulgou o depoimento de Buratti, ele disse que enviará uma carta ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) sobre o que ele considerou como "equívocos" do Ministério Público de São Paulo.
Além disso, irá estudar durante a semana medidas legais que eventualmente possam ser tomadas contra Buratti, mas acrescentou que ele "não é um inimigo, nem tão pouco um amigo".
Reafirmou ainda que não tem "apego a cargos", disse que não é insubstituível e que a economia brasileira tem fundamentos sólidos que não serão alterados por uma mudança na Fazenda, já que o governo Lula não irá alterar a política econômica.
"Penso que a economia brasileira não reagirá de maneira negativa a fatos que envolvam pessoas."
Por conta dessa solidez, o ministro disse que o Brasil chegará ao final do ano que vem muito mais "saudável".
"Eu tenho certeza que o país estará mais saudável. Podem fazer qualquer comparação."
Buratti
O advogado e ex-assessor de Palocci foi preso na última quarta-feira acusado de crime de lavagem de dinheiro e tentativa de destruição de documento, mas nesta sexta-feira, depois de aceitar acordo de delação premiada, prestou depoimento e foi liberado.
Buratti foi assessor parlamentar de José Dirceu na década de 80 e secretário de Governo na primeira gestão de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996). Em 94, saiu após uma denúncia de favorecimento. Desde sua saída da prefeitura, Buratti trabalhou cinco anos como consultor da empresa Leão Leão, suspeita de estar envolvida no pagamento de propina ao ministro.
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