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FHC diz que "ditadores que vêm de baixo" distorcem a democracia
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GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha, em Porto Alegre
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou de "capitalismo burocrático" a ingerência de partidos e sindicatos nas decisões econômicas do governo e afirmou que "ditadores que vêm de baixo" distorcem a democracia.
A declaração foi feita hoje à noite durante a palestra dada em Porto Alegre. No evento, o tucano não citou nenhum nome. Ele reclamou da falta de um "verdadeiro espírito de liberdade" no país. O ex-presidente saiu sem conceder entrevista.
"Não nos deixemos enganar [sobre ser] possível existir formas de democracia que sejam consequência da manipulação pelos poderosos. Poderosos podem ter vindo até de baixo. Em geral os que mais manipulam vêm de baixo. Os ditadores, em geral, não são os que vêm de cima, vêm de baixo", disse o tucano.
A crítica ao "ditador que vem de baixo" foi feita durante a participação do ex-presidente em painel sobre política durante o Fórum da Liberdade, evento de caráter liberal promovido por empresários na capital gaúcha.
No mesmo debate, ex-presidente boliviano Jorge Quiroga (2001-2002) classificou o "socialismo do século 21" do venezuelano Hugo Chávez como ameaça às instituições democráticas na América Latina.
Fernando Henrique criticou a influência de "um partido ligado a um sindicato" em decisões do governo. Ele culpou o amálgama entre "partido, sindicato, Estado, empresas e fundos de recursos vultosos" por restringir a concorrência.
"Imagina-se que isso pode ser capitalismo, um tipo de capitalismo burocrático, que faz com que a competição diminua e haja quem resolva politicamente esse pode, esse não pode, esse ganha e esse perde", disse o ex-presidente.
Mais tarde, ao responder a perguntas dos participantes, o tucano disse que o monopólio estatal das telecomunicações, rompido em seu mandato, ganhou a fórmula de "monopólio privado" sob o atual o governo. Em 2009, a Brasil Telecom incorporou a Oi, fato não mencionado pelo tucano.
Para o tucano, mesmo sistemas políticos autoritários podem alcançar o crescimento como resultado econômico.
"A economia pode crescer muito bem através de organização econômica que não abra espaço para a competição e para a liberdade e que sufoque as liberdades individuais e as organizações partidárias. É isso que nós queremos? (...) Ou queremos viver num país decente?"
Fernando Henrique foi interrompido por palmas em vários momentos do debate. Ele chegou ao centro de eventos da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica) acompanhado da governadora tucana Yeda Crusius. Ao serem anunciados no local, ele foi aplaudido e ela, vaiada.
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