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06/09/2005 - 09h01

CPI identifica ligações de Buratti a Palocci

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RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo

A quebra do sigilo dos telefones celulares do advogado Rogério Buratti no ano de 2002, em poder da CPI dos Bingos, revelou pelo menos quatro ligações do advogado para telefones celulares do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, então prefeito de Ribeirão Preto (SP), e outras dez para o então secretário municipal de Fazenda de Ribeirão, Ralf Barquete.

Na época das ligações, Buratti ocupava uma das quatro vice-presidências do Grupo Leão Leão. Buratti havia deixado, "a pedido", o cargo de secretário de Governo da primeira gestão de Palocci, em 1994, sob suspeita de manipular licitações de obras.

A empresa foi escolhida em licitação para o serviço de coleta de lixo hospitalar e limpeza urbana na segunda gestão de Palocci, quando assinou contratos de pelo menos R$ 46 milhões em 2002.

De acordo com denúncia de Buratti, a Leão Leão, além de contribuinte oficial da campanha de Palocci, também pagava R$ 50 mil mensais de caixa dois a Palocci, que depois encaminhava o dinheiro para o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares.

Rogério Buratti disse à CPI dos Bingos e ao Ministério Público de Ribeirão que os pagamentos eram feitos ao então secretário Ralf Barquete, que se encarregava de enviar o dinheiro ao PT. Barquete morreu de câncer em 2004.

Segundo os dados do sigilo telefônico, aos quais a Folha teve acesso, Buratti ligou para dois celulares usados por Palocci nos dias 26 de abril, 21 de maio, 3 de julho e 16 de agosto de 2002.

Esta última ligação, quando Antonio Palocci já estava licenciado do cargo de prefeito e exercia a função de coordenador da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreu aos 35 minutos da madrugada. Ao todo, o tempo das ligações foi de 5 minutos e 24 segundos.

Das dez ligações do celular de Buratti para o celular de Ralf Barquete, cinco ocorreram em fevereiro de 2002, mesmo mês em que a Leão Leão assinou o contrato de R$ 41 milhões com a gestão de Palocci para a coleta de lixo hospitalar no município. O edital do contrato é datado do dia 6 daquele mês. Os telefonemas ocorreram nos dias 2, 3, 4, 17 e 18 de fevereiro.

Ao todo, as dez ligações somaram cerca de 17 minutos.

Buratti fez outras seis ligações do seu celular para o aparelho de Ralf Barquete nos dois primeiros meses de 2003. No primeiro ano da gestão de Lula, Barquete passou a exercer o cargo de consultor da presidência da CEF (Caixa Econômica Federal).

Outro lado

A assessoria de comunicação do ministro Antonio Palocci, procurada ontem, não respondeu a um pedido de esclarecimentos a respeito dos telefonemas. A reportagem indicou as datas das ligações e indagou qual o objetivo dessas conversas.

No último dia 12, o Ministério da Fazenda divulgou uma nota para comentar telefonemas detectados pela CPI dos Bingos nos anos de 2003 e 2004 --os dados de anos anteriores ainda não haviam sido cruzados.

Segundo a nota, "os contatos com o senhor Rogério Tadeu Buratti foram, nos últimos anos, apenas sociais e eventuais. Esporádicos". Sobre "dois ou três telefonemas" para a casa do ministro da Fazenda em Brasília, a assessoria afirmou que "esses eventuais telefonemas foram provavelmente tentativas de contato que não prosperaram".

Em entrevista coletiva concedida logo após as denúncias de Rogério Buratti, Palocci afirmou que ninguém da prefeitura recebeu R$ 50 mil mensais da empresa Leão Leão para serem revertidos ao PT entre 2001 e 2002.

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