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08/09/2005 - 09h01

Governo e oposição já articulam "pós-Severino"

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FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo

A corrida pela sucessão de Severino Cavalcanti (PP-PE) já começou, apesar de o presidente da Câmara dos Deputados fincar o pé e jurar que não se afasta do cargo em nenhuma hipótese.

Partidos da base governista e da oposição dão como provável que Severino caia nas próximas semanas e discretamente estão se movimentado.

Já existe até um candidato declarado: Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo. "O mais urgente no momento é iniciar um processo contra Severino no Conselho de Ética. Vencida essa etapa, estou disposto a colocar meu nome à consideração da Casa para ajudar no processo de resgate do Legislativo", disse ontem Albuquerque.

A situação de Severino começou a se complicar na semana passada, quando ele defendeu em entrevista à Folha que deputados flagrados fazendo uso de caixa dois recebam penas brandas.

A denúncia de recebimento de R$ 10 mil do dono de um restaurante da Câmara, que Severino nega, tornou sua situação insustentável, na visão de líderes do governo e da oposição.

O governo está se articulando para o pós-Severino. Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES) foram alguns dos líderes que, nos últimos dois dias, telefonaram para alguns deputados da oposição para fazer sondagens informais.

Propuseram aos oposicionistas uma trégua, segundo a Folha apurou, em nome do resgate da imagem do Legislativo: o sucessor de Severino não seria ninguém muito identificado com o Palácio do Planalto, mas tampouco um líder oposicionista.

Um nome inaceitável para a base governista é o do líder do bloco de oposição na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (PFL-BA), que tem discretamente se insinuado junto a seu partido e aos tucanos. Mas o PSDB também sinaliza ser contra.

"O ideal seria um nome neutro, mas pode ser até alguém da base do governo, desde que mantenha certa independência", afirma o deputado Bismarck Maia (CE), secretário-geral do PSDB.

Alguns nomes têm circulado entre deputados. O ex-presidente Michel Temer (PMDB-SP) é respeitado na Câmara, mas sua ascensão significaria que o PMDB controlaria as duas Casas do Congresso, o que é um empecilho. Outro citado, Eduardo Campos (PSB-PE), embora seja ex-ministro de Lula, é considerado palatável pela oposição.

As articulações esbarram em duas dificuldades. A primeira, o constrangimento em discutir o assunto antes de uma definição quanto ao futuro de Severino.

Afastamento

Não está previsto no regimento interno o impeachment do presidente da Câmara. Resta à oposição fazer pressão política pelo afastamento voluntário, o que pelo menos cinco partidos --PSDB, PFL, PPS, PV e PDT-- pretendem iniciar na semana que vem, quando farão representação contra Severino no Conselho de Ética. Ele pode se afastar por 120 dias para "tratar de assuntos pessoais", sem vencimentos, o que levaria o primeiro-vice, José Thomaz Nonô (PFL-AL), a assumir provisoriamente. É um cenário que não agrada ao governo, já que Nonô é contundente oposicionista.

A segunda dificuldade é a falta de um nome consensual, que paire acima da renhida disputa política atual e atenda a todos os três critérios resumidos pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE): não estar envolvido com o atual escândalo do "mensalão", ter disposição para apurar as denúncias sem fazer "caça às bruxas" e ter trânsito entre todos os partidos.

O nome do ex-ministro Delfim Netto (SP), de partida do PP para o PMDB, é discretamente citado dentro do PT como uma possibilidade. Mas ele ainda não deu sinais de que aceitaria a missão.

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