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09/10/2005 - 09h13

PT e Valério rolaram empréstimos 30 vezes

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RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A direção nacional do PT e o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, suspeito de ser o operador do "mensalão", conseguiram rolar 30 vezes os empréstimos que contraíram nos bancos Rural e BMG entre 2003 e 2005.

Ao longo desses dois anos de dívidas não pagas --um rombo que hoje alcança pelo menos R$ 100,8 milhões--, o PT e as empresas de Valério fizeram apenas quatro amortizações, num total de R$ 3,6 milhões (uma parcela de R$ 750 mil do partido e o restante das empresas do publicitário), ou cerca de 5% da dívida original, de R$ 63 milhões.

Para o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira na CPI dos Correios, as seguidas rolagens das dívidas feitas pelo PT e pelas empresas de Valério reforçam indícios de que os empréstimos foram tomados já com o objetivo de não serem pagos aos bancos.

O deputado pedirá um estudo aos técnicos do Banco Central sobre a freqüência com que operações deste tipo são realizadas nas duas instituições.

Questionada diretamente sobre isto pela Folha --"se são comuns no banco as sucessivas renegociações de empréstimos"--, a assessoria do Banco Rural deu uma resposta diversa: "Executar uma dívida de um cliente na Justiça pode resultar em um processo longo e desgastante, e que nem sempre tem um resultado positivo para o banco. O Rural opta por esgotar todas as negociações com os clientes".

"É estranho renegociar sempre sem nada receber. É o tipo de empréstimo contraído para não ser cobrado", afirmou o deputado Gustavo Fruet.

A CPI dos Correios recebeu dos bancos uma relação de todos os empréstimos concedidos desde o ano 2000 e que tiveram a participação de Marcos Valério de Souza, seja como tomador, seja como avalista, além de todos os empréstimos relacionados à direção nacional do PT.
Os empréstimos do PT foram rolados 14 vezes e os de Marcos Valério 16 vezes.

Continuidade

A análise dos dados ressalta que os bancos continuaram liberando recursos mesmo após amargar meses sem nada receber.

O dia 14 de julho de 2004 é um exemplo. Em 24 horas, o BMG rolou dois empréstimos (um de R$ 2,4 milhões para o PT e outro de R$ 15,7 milhões para a empresa Graffiti, de Valério), mas ainda assim não se furtou em conceder mais um novo crédito, para a SMPB Comunicação, em que Valério era sócio, no valor de R$ 3,5 milhões. Em março seguinte, também este empréstimo foi renegociado.

O empréstimo de R$ 3 milhões contraído pelo comando do PT no banco BMG em 12 de agosto de 2003, com aval de Valério, do ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares e do ex-presidente da sigla José Genoino, foi o que mais passou por renegociações. Foram dez tratativas, o que fez a dívida saltar para R$ 6,4 milhões (valor em 13 de junho último).

Não liquidados

Há hoje sete empréstimos não liquidados. Dois são para o PT, um no Rural e outro no BMG, no valor aproximado acumulado de R$ 10 milhões. As cinco dívidas das empresas de Valério são as seguintes: duas da Graffiti Participações (uma no Rural e outra no BMG), uma da Tolentino & Associados, no BMG, e outra da SMPB no Banco Rural.

As renegociações foram tema de abordagens dos parlamentares durante o depoimento concedido à CPI dos Correios pela presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, no último dia 13.

Ao responder a uma pergunta de Fruet, a vice-presidente de suporte operacional do banco, Ayana Tenório Torres de Jesus, que acompanhava Kátia Rabelo, deu uma resposta genérica. Disse à comissão que "as renovações fazem parte da história normal dessas operações" feitas por Marcos Valério, mas não explicou a freqüência das repactuações no conjunto das operações do banco.

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