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03/11/2005 - 09h29

Mais 3 que apuram "mensalão" dizem ser vítimas de grampo

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SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo

Mais três deputados que participam da apuração do escândalo do "mensalão" reclamaram ontem que suas conversas estariam sendo monitoradas por grampos telefônicos: o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Izar foi o mais incisivo: disse ter contratado um técnico, que detectou um grampo ilegal em seu escritório de São Paulo.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara afirmou ter pedido a análise a um técnico autônomo após notar "barulhos esquisitos" em seu telefone durante uma entrevista a uma rádio. "Mandei fazer uma varredura nos meus telefones do escritório em São Paulo, e foi encontrado um grampo."

O caso, segundo ele, foi relatado à Polícia Federal e à segurança da Câmara. Izar disse não saber apontar o responsável pela escuta, mas questionou: "Será que não é para assustar?".

Já Serraglio desconfia dos grampos. "Suspeito que estou grampeado porque tenho uma dificuldade enorme para falar no celular, a ligação sempre cai ou, quando estou falando, sai o som. Agora o telefone fixo da minha casa também está com problemas." Ele disse "não ter idéia" de quem poderia ser o autor.

Integrante da CPI dos Correios, Eduardo Paes disse estar grampeado desde o início dos trabalhos da comissão, há cinco meses. "Isso mostra a completa falta de respeito ao Estado democrático, é uma reprodução da polícia política e é a cara do governo Lula. O presidente não deve saber de nada, como já aconteceu outras vezes", ironizou. Para o tucano, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal são as responsáveis pelo grampo.

A onda de denúncias de supostos grampos ilegais surgiu nesta semana, na esteira do acirramento dos ânimos no Congresso nos últimos dias. O estopim foi a declaração do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), de que iria dar "uma surra" no presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso acontecesse algo com um de seus filhos, que, segundo ele, estariam sendo vigiados em Manaus.

O primeiro a causar alvoroço com denúncias sobre grampos foi o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) que acusou a Abin de rastrear suas conversas desde que assumiu a sub-relatoria da CPI dos Correios responsável por investigar fundos de pensão. Ele ameaçou "dar uma surra" nos responsáveis.

Investigação

Em conversa anteontem com ACM Neto e Virgílio, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse que a PF está à disposição para investigar possíveis casos de grampos no Congresso.

Segundo a Folha apurou, Thomaz Bastos afirmou que, para a PF iniciar o trabalho, é necessário que os parlamentares interessados formalizem tal pedido no Ministério da Justiça, o que pode ocorrer por meio das presidências da Câmara e do Senado.

ACM Neto disse que enviará hoje um relatório para o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), ratificando suas denúncias e elencando fatos que as comprovariam. Segundo ele, o suposto grampo seria uma ação extra-oficial da Abin.

O general Jorge Félix, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao qual a Abin é vinculada, enviou anteontem um ofício a Aldo Rebelo, pedindo que ACM Neto enviasse um relatório sobre o caso. Inicialmente, a assessoria do GSI havia dito que as denúncias do deputado "careciam de fundamento".

O ofício admite a abertura de procedimento para apurar o caso após análise do teor dos indícios.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse não acreditar nas denúncias e atribuiu o caso à elevação na temperatura da disputa política no Congresso. "É muito estranho que eles desencadeiem essa epidemia de grampos clandestinos. Parece um movimento de caráter político."

Há cerca de três meses, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse que um de seus telefones estava grampeado e que uma pessoa estava tirando fotos de sua família.

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