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10/12/2005
-
09h08
FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
LUCIANA BRAFMAN
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
A Polícia Federal brasileira chegou a investigar o suíço Alois Brunner, 66, que vive em Salvador (BA), pensando se tratar daquele que é considerado o mais famoso oficial nazista ainda não encontrado, o austríaco Alois Brunner, 93. São duas pessoas diferentes.
Anteontem, a Folha soube que a PF havia solicitado à Interpol neste ano as impressões digitais do nazista Brunner. Não havia impressões digitais disponíveis, apenas uma dica: o criminoso de guerra teria perdido três dedos da mão esquerda ao receber uma carta bomba há alguns anos.
A PF nunca respondeu à Interpol nem ao Mossad, serviço secreto de Israel, sobre a suspeita de o nazista viver no Brasil. O boato prosperou porque uma pessoa no Rio de Janeiro entrou com um pedido de habeas corpus a favor do suíço Brunner. Como se não bastasse, ele não foi mais encontrado em sua casa em Salvador. Ontem, um jornal de Israel, o "Haaretz", publicou uma notícia dando ainda como incerto se o suíço era ou não o verdadeiro Brunner nazista com documentos adulterados.
Em férias em Lucerna, na Suíça, o Brunner que vive no Brasil começou a receber telefonemas de jornalistas de várias partes do mundo. "Fui hoje à tarde até a delegacia de Lucerna para demonstrar quem sou. Eu tenho todos os dedos nas duas mãos ", disse ele à Folha, de bom humor.
"Eu vi o mandado de busca internacional que tem o meu nome, mas é outra pessoa que procuram. Acho que me devem desculpas, sobretudo esse Centro Simon Wiesenthal, que levantou as suspeitas", afirmou, citando a organização especializada em localizar criminosos da Segunda Guerra.
"Minha família é suíça e está aqui desde, pelo menos, o ano 1270. Foi só uma coincidência de nomes, pois Alois é muito comum e Brunner, também", disse.
No Rio, o que chamou a atenção foi o pedido de habeas corpus negado para Alois Brunner na 5ª Vara Federal Criminal, no primeiro semestre deste ano.
A curiosidade aumentou pelo fato de o habeas corpus ter sido impetrado por Eduardo Banks dos Santos Pinheiro, 27, contra "ato do superintendente da Polícia Federal no Rio e do coordenador-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Agência/RJ" --algo nunca comprovado.
"Nazistas livres"
Procurado, Banks disse à Folha que não tem nenhum parentesco com nenhum dos dois Brunner, e disse defender que os "nazistas sejam livres para viver no Brasil".
Segundo relatos nunca confirmados, o nazista Alois Brunner teria passado cerca de 40 anos na Síria, onde vivia com um nome falso: George Fischer. Segundo informações atribuídas ao serviço secreto de Israel, o criminoso teria se mudado para a América do Sul.
Banks justificou assim seu pedido à Justiça: "Sobre Brunner pesa a acusação de ser co-autor, ao lado de Adolf Eichmann, de 130 mil homicídios qualificados durante aquilo que veio a ser chamado por uma certa imprensa panfletária de Holocausto". Lembrou que o nazista é procurado internacionalmente e que, caso fosse encontrado, seria julgado por "supostos crimes contra a humanidade".
A juíza Ana Paula Rodrigues Mathias julgou extinto o processo por acreditar que o temor de que Brunner viesse a ser preso não passasse de conjectura.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Alois Brunner
Suíço é confundido pela PF com oficial nazista foragido
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
LUCIANA BRAFMAN
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
A Polícia Federal brasileira chegou a investigar o suíço Alois Brunner, 66, que vive em Salvador (BA), pensando se tratar daquele que é considerado o mais famoso oficial nazista ainda não encontrado, o austríaco Alois Brunner, 93. São duas pessoas diferentes.
Anteontem, a Folha soube que a PF havia solicitado à Interpol neste ano as impressões digitais do nazista Brunner. Não havia impressões digitais disponíveis, apenas uma dica: o criminoso de guerra teria perdido três dedos da mão esquerda ao receber uma carta bomba há alguns anos.
A PF nunca respondeu à Interpol nem ao Mossad, serviço secreto de Israel, sobre a suspeita de o nazista viver no Brasil. O boato prosperou porque uma pessoa no Rio de Janeiro entrou com um pedido de habeas corpus a favor do suíço Brunner. Como se não bastasse, ele não foi mais encontrado em sua casa em Salvador. Ontem, um jornal de Israel, o "Haaretz", publicou uma notícia dando ainda como incerto se o suíço era ou não o verdadeiro Brunner nazista com documentos adulterados.
Em férias em Lucerna, na Suíça, o Brunner que vive no Brasil começou a receber telefonemas de jornalistas de várias partes do mundo. "Fui hoje à tarde até a delegacia de Lucerna para demonstrar quem sou. Eu tenho todos os dedos nas duas mãos ", disse ele à Folha, de bom humor.
"Eu vi o mandado de busca internacional que tem o meu nome, mas é outra pessoa que procuram. Acho que me devem desculpas, sobretudo esse Centro Simon Wiesenthal, que levantou as suspeitas", afirmou, citando a organização especializada em localizar criminosos da Segunda Guerra.
"Minha família é suíça e está aqui desde, pelo menos, o ano 1270. Foi só uma coincidência de nomes, pois Alois é muito comum e Brunner, também", disse.
No Rio, o que chamou a atenção foi o pedido de habeas corpus negado para Alois Brunner na 5ª Vara Federal Criminal, no primeiro semestre deste ano.
A curiosidade aumentou pelo fato de o habeas corpus ter sido impetrado por Eduardo Banks dos Santos Pinheiro, 27, contra "ato do superintendente da Polícia Federal no Rio e do coordenador-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Agência/RJ" --algo nunca comprovado.
"Nazistas livres"
Procurado, Banks disse à Folha que não tem nenhum parentesco com nenhum dos dois Brunner, e disse defender que os "nazistas sejam livres para viver no Brasil".
Segundo relatos nunca confirmados, o nazista Alois Brunner teria passado cerca de 40 anos na Síria, onde vivia com um nome falso: George Fischer. Segundo informações atribuídas ao serviço secreto de Israel, o criminoso teria se mudado para a América do Sul.
Banks justificou assim seu pedido à Justiça: "Sobre Brunner pesa a acusação de ser co-autor, ao lado de Adolf Eichmann, de 130 mil homicídios qualificados durante aquilo que veio a ser chamado por uma certa imprensa panfletária de Holocausto". Lembrou que o nazista é procurado internacionalmente e que, caso fosse encontrado, seria julgado por "supostos crimes contra a humanidade".
A juíza Ana Paula Rodrigues Mathias julgou extinto o processo por acreditar que o temor de que Brunner viesse a ser preso não passasse de conjectura.
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