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24/12/2005 - 10h07

Lula vê "rancor" na oposição e prevê "guerra santa" em 2006

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da Folha de S.Paulo
Colaborou a Folha de S.Paulo, em Brasília

Três horas depois de um cordial encontro com o prefeito de São Paulo e principal adversário nas pesquisas eleitorais, José Serra (PSDB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou ontem a oposição de apelar para o "jogo rasteiro" motivada por "inveja", "rancor" e "mágoa".

No discurso em comemoração à marca de 8,7 milhões de benefícios do Bolsa-Família, Lula previu ainda uma "guerra santa" no ano que vem.

Sem citar o antecessor ou o PSDB, Lula comparou a oposição ao homem incomodado com a felicidade da ex-mulher. Para Lula, seu bom desempenho "incomoda gente demais pelo Brasil afora" porque "não tem nada que cause mais inveja a um ex-marido do que ver a mulher dele mais feliz do que quando estava casada com ele". "Não existe nada que cause mais inveja do que um ex-governante ver que o seu sucessor está fazendo mais do que ele, não existe nada que possa causar mais rancor, mais mágoa, do que o sucesso de um adversário político."

Em clima mais eleitoral do que natalino, ele deu ao anfitrião, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT), um conselho "de quem já tem três anos de experiência": "Não perca nunca a paciência, não responda nunca ao jogo rasteiro dos seus adversários e não fique angustiado nunca com a pressa do povo". Disse que sua dedicação ao pobre "incomoda porque neste país a primeira fatia do bolo já era determinada para um setor da sociedade".

Usando Emídio como pretexto para falar de sua situação, ele criticou antigos governantes que responsabilizam os atuais pelo que não fizeram."É assim que eles fazem. Quando estão no governo e criticamos, somos comunistas, agitadores. Quando estamos no governo, começam a jogar nas nossas costas aquilo que não conseguiram fazer em 30 anos."

Ao discursar para cerca de três mil pessoas, em um ginásio fechado, Lula anteviu "dois anos primorosos" para Emídio. "Depois vêm as eleições, é um ano que poderia ser muito bom, mas aí, a guerra santa toma conta de cada cidade", concluiu.

Lula também mirou no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mas acabou acertando em todos os governadores. Recomendou que cada um ali tratasse "de informar o que aconteceu neste Estado de São Paulo". "Só o governo federal gasta mais de R$ 2 bilhões política social", disse ele, duvidando que algum governador tenha investido tanto. E atacou: "Vejam qual é a política social nos Estados, elas não existem".

O presidente disse que os opositores ficam cada vez mais nervosos com seu desempenho porque torciam contra. Ele prometeu fazer um balanço no fim de seu governo e desafiou antecessores a apresentarem números mais positivos do que os seus. "Quero medir porque os números, você pode não gostar, mas eles não mentem."

No calor do ginásio --palco do primeiro encontro nacional do PT--, Fátima Mangueira se lançou da arquibancada para abraçar o presidente e José Elias Góis mostrou uma foto do presidente com seu time de futebol na campanha de 1989. Acusado de envolvimento no esquema do "mensalão", o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) fez um discurso comparando o momento à perseguição ao Partido Comunista em 1945 e a Juscelino Kubistchek. Disse que a carta-testamento de Getúlio Vargas (1954) "é atualíssima". E afirmou: "Encontramos o caminho. Agora, é preciso unidade para a travessia para 2007".

Aplaudido no final, João Paulo foi o único a falar da crise e da reeleição. Antes do evento, uma faixa com a inscrição "em 2006, Lula outra vez" foi retirada do ginásio.

Oposição

O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), viu nas declarações de Lula um sinal de que 2006 será um "ano tenso". Ao reagir as críticas de que a oposição avalia seu governo com rancor e inveja, Goldman disse que, ao contrário, os tucanos têm sido gentis com Lula.

"Ao fazer esse tipo de acusação à oposição, que tem sido gentil com ele, o presidente mostra que chegou às raias do desespero com a perda de popularidade", avaliou Goldman. "Vamos torcer para que o ano que vem passe depressa porque ele, na disputa pela reeleição, vai criar um clima de confronto, que um presidente equilibrado deveria querer evitar."

Já o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), preferiu relevar as críticas de Lula. "Não vou comentar isso, só desejo a ele e a sua família um bom Natal."

Especial
  • Leia a cobertura completa sobre a crise em Brasília
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