09/01/2006 - 12h45

Presidente do Conselho de Ética começa a se mobilizar contra acordão

ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

Com o objetivo de buscar uma estratégia para evitar o chamado acordão, o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), confirmou nesta segunda-feira que pretende se encontrar ainda hoje com o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Serraglio denunciou na semana passada a existência de uma "engenharia" dentro da Câmara, na qual os partidos se apoiariam mutuamente para evitar as cassações.

Izar já adiantou que no encontro com Serraglio vai propor uma frente para combater a articulação. Ao todo, o Conselho investiga 11 deputados suspeitos de envolvimento no esquema do "mensalão".

"Vamos denunciar qualquer suspeita de acordo. Isto é inaceitável", avisou Izar. O presidente do Conselho conversa também ainda hoje com os relatores dos processos de cassação em curso. "A pressão da sociedade para punir e fazer justiça é imensa. Por onde andei, fui parado e cobrado", afirmou Izar.

O presidente do Conselho vai pedir aos relatores que definam a data final de entrega dos seus pareceres e votos. O único processo que deverá ficar para depois será o do deputado José Janene (PP-PR), que só começará a ter seus prazos regimentais contados a partir do dia 16. Janene é portador de uma grave doença cardíaca e está licenciado de suas funções na Câmara há mais de dois meses, o que impediu a sua notificação por parte do Conselho.

Izar disse ainda que deverá se encontrar nesta terça-feira, em horário a ser definido, com o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Também na última semana o senador petista demonstrou preocupação de que as pressões dos denunciados e dos envolvidos propiciem o acordão. Para Delcídio, é fundamental unir forças e evitar a "pizza", isto é que os processos sejam esvaziados e acabem gerando a impunidade dos envolvidos.

A expectativa do Conselho é de que nesta semana quatro processos fiquem prontos. São eles os dos deputados Roberto Brant (PFL-MG), João Magno (PT-MG); Pedro Corrêa (PP-PE) e professor Luizinho (PT-SP). O relator do caso Pedro Corrêa, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) confirmou que deve entregar seu relatório final e voto até quarta-feira.

Para Izar, será possível concluir todos os 11 processos em curso até o final de março, como quer o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). Segundo Izar, de seis a oito casos serão finalizados em fevereiro. O presidente do Conselho afirmou, no entanto, que é impossível prever a quantidade de recursos que serão apresentados por cada um dos representados e lembrou que só no caso José Dirceu o Conselho enfrentou 43 dias de atrasos devido a recursos interpostos pela defesa do ex-deputado.

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