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25/01/2006 - 15h45

Canedo volta atrás e nega ter sido pressionado pelo PP

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

O Conselho de Ética foi pego de surpresa na tarde desta quarta-feira com as declarações do deputado Pedro Canedo (PP-GO), que negou ter sido pressionado pela direção do PP para votar contra o relatório de Nelson Trad (PMDB-MS), que recomenda a cassação do mandato do deputado Roberto Brant (PFL-MG) por quebra de decoro parlamentar.

"Foi uma surpresa e ficou tudo muito confuso agora. O importante é que ele [Canedo] veio para votar", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é integrante do Conselho.

O parecer do relator seria votado ainda nesta manhã, mas a denúncia de uma suposta articulação do PP para livrar Brant da cassação acabou adiando a votação.

Trad disse que no início da manhã recebeu um telefonema de Canedo "quase chorando, excessivamente nervoso". Conforme o relato de Trad, Canedo disse que iria faltar à sessão de hoje devido à pressão que estava sofrendo pelo PP para participar do acordo para livrar Brant da cassação.

Após reunião fechada do Conselho de Ética, Canedo confirmou ter sofrido pressões da direção do PP para que mudasse seu voto ou então não comparecesse à reunião de hoje.

"Recebi a orientação do partido para aguardar a ordem para vir ou não ao Conselho. Primeiro o deputado Pedro Corrêa [presidente do PP] me consultou sobre como seria meu voto. Eu disse que votaria com o relator. Ele me perguntou se não tinha chance de mudar meu voto, eu disse que não. Depois, recebi a ordem para aguardar", relatou Canedo.

Em seguida, ele voltou atrás e disse que não havia sofrido pressão, afirmando que "pessoas se dizendo interlocutoras do partido o aconselharam a mudar seu voto".

"Lamentavelmente, o Conselho de Ética sofreu um trote. Nós fomos enganados", afirmou o deputado Edmar Moreira (PFL-MG).

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), cobrou de Trad a mesma indignação mostrada em relação às novas declarações de Canedo.

"Não acredito que ele tenha feito um trote. As pessoas recebem telefonemas de outras que se dizem porta-vozes de quem não são", disse Delgado.

Para muitos deputados do Conselho, Canedo se antecipou ao fazer as denúncias da pressão e, dessa forma, conseguiu evitá-la trazendo o caso a público.

Processo

Brant foi citado no relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão como beneficiário das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Ele responde a processo porque recebeu, na campanha de 2004, R$ 102.812,76 das contas da SMPB. O dinheiro foi sacado pelo então coordenador político da campanha do deputado à Prefeitura de Belo Horizonte, Nestor Francisco de Oliveira.

Os recursos, de acordo com Brant, seriam originários do caixa da Usiminas. Em sua defesa, o deputado afirmou que, por ser dinheiro privado, gasto na campanha de 2004, o caso se diferenciava das acusações que pesam contra os parlamentares da base governista, que teriam usado recursos públicos.

O relator discordou do argumento. No relatório, Trad afirmou que "os fatos apurados assumem o contorno de ilícito eleitoral, a partir do recebimento e utilização de recursos na campanha eleitoral de 2004 sem declaração de origem e destinação na respectiva prestação de contas".

No último dia 19, depois que o relator pediu a cassação de Brant, os deputados Benedito de Lira (PP-AL), Fernando de Fabinho (PFL-BA), além de Moroni Torgan (PFL-CE), pediram vistas, adiando assim a votação do processo.

Já naquela sessão, Brant dizia ser inocente, mas declarou que pretendia abandonar a carreira política independente da decisão do Conselho.

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