Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/03/2006 - 20h19

Prejuízo da Aracruz pode ser de milhões de dólares, diz empresa

Publicidade

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O prejuízo causado pela invasão e depredação do horto florestal da Aracruz Celulose por mulheres camponesas ligadas à Via Campesina, em Barra do Ribeiro (RS), pode chegar a milhões de dólares, segundo a empresa. Preocupado com isso, o governo gaúcho tentava hoje evitar a perda de um investimento da empresa avaliado em US$ 1,2 bilhões.

A depredação das instalações da Aracruz ocorreu na manhã de ontem e envolveu um grupo de 2.000 militantes da Via Campesina, na maioria mulheres.

Nota divulgada hoje pela Aracruz contabilizou os prejuízos: "Perda de aproximadamente 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas. O laboratório teve suas instalações totalmente destruídas, especialmente sementes e pesquisas, além dos computadores".

A destruição do laboratório causou prejuízos de US$ 400 mil, segundo a empresa, e também "representa perda ainda não determinada em produtividade florestal da ordem de milhões de dólares, decorrente da perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados".

O secretário estadual de Desenvolvimento, Luís Roberto Ponte, demonstrou a preocupação do governo. ''Se a sociedade não repudiar esse ato, isso será mortal para as negociações com os investidores do setor", afirmou, salientando que os investimentos da Aracruz podem gerar 50 mil empregos diretos e indiretos.

O diretor operacional da Aracruz, Walter Lidio Nunes, disse que não há a intenção de cancelar qualquer investimento. ''Esse ato de barbárie é alienígena ao ambiente do Rio Grande do Sul. Está claro para nós que não expressa nem de longe o que pensa a sociedade como um todo.

Vamos manter nossos estudos no Estado", disse ele. Bahia e Espírito Santo disputam o novo investimento com o Rio Grande do Sul.

O governo gaúcho procura mostrar agilidade nas investigações. O governador interino, Antônio Hohfeldt (PMDB), anunciou que seis dos 37 ônibus que conduziram os invasores até o horto florestal já tiveram as placas identificadas, o que, segundo ele, facilitará a localização dos responsáveis.

A delegada Raquel Dornelles, de Barra do Ribeiro, pretende ouvir as camponesas que deram entrevistas depois da invasão, para chegar a seu comando. Os nomes estão sendo reunidos. Houve, segundo a delegada, crimes de seqüestro e cárcere privado (de dois vigias da empresa).

Exército

Em outro caso envolvendo sem-terra no Rio Grande do Sul, o Exército pode ser convocado a intervir caso a Brigada Militar não providencie a desocupação da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, invadida no dia 28 de fevereiro. A juíza da 3ª Vara Cível de Carazinho, Ana Paula Caimi, enviou ofício ao Comando Militar do Sul comunicando que pode solicitar auxílio para a retirada dos invasores.

"Se não for cumprida a ordem [da retirada], pode haver intervenção federal", afirmou a juíza.

"Não precisamos do apoio do Exército para cumprir a ordem. A ajuda logística seria bem-vinda. Estamos monitorando a situação próximo ao acampamento. Ainda não há uma data para o cumprimento da desocupação", disse o comandante regional da Brigada Militar, Waldir Cerutti.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre invasões de terras
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página