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10/03/2006
-
20h01
da Folha Online
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul intimou hoje a Via Campesina a prestar esclarecimentos sobre o protesto feito nas instalações da empresa Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (56 km de Porto Alegre). Na quarta-feira, um grupo de 2.000 militantes da Via Campesina, na maioria mulheres, invadiu e danificou instalações do horto florestal da Aracruz Celulose. A depredação durou meia hora.
Os quatro porta-vozes da Via Campesina, uma rede internacional de movimentos sociais rurais, foram intimados durante a entrevista convocada para a avaliação política da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural.
Paul Nicholson, dirigente da Via Camponesa no País Basco, não quis assinar a intimação sem a presença de um advogado da entidade, alegando que "não sabia o que estava escrito". Após tomar conhecimento do texto, com o auxílio de tradutores, ele se comprometeu a comparecer voluntariamente à delegacia.
"É uma grande surpresa que, precisamente numa semana em que estamos debatendo a reforma agrária e quando milhões de camponeses de todo o mundo estão exigindo a divisão social da terra, os representantes da Via Campesina tenham que falar com a polícia", disse Nicholson.
Durante a entrevista, Nicholson e mais quatro representantes de organizações internacionais ligadas à causa camponesa, haviam defendido a ação das militantes da Via Campesina, "em reivindicação pela reforma agrária" no Dia Internacional da Mulher.
"A ocupação do horto florestal da Aracruz foi para denunciar as conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde, criado pelo monocultivo de eucaliptos no Rio Grande do Sul", disseram os porta-vozes da Via Campesina.
Segundo eles, a fazenda invadida e destruída pelas mulheres "concentra a principal unidade de produção de mudas de eucalipto e pínus da Aracruz, tendo inclusive um laboratório de clonagem".
A ação
Os invasores chegaram ao local com taquaras (pedaços de bambu) e facas de mesa. Com as taquaras, romperam plásticos e telas das estufas, onde havia clonagens.
O objetivo, segundo manifesto divulgado pela entidade, foi de denunciar as '"conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos".
A ação foi liderada pelo MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) e procurou marcar, além da condenação ao que chama de "latifúndio verde", o Dia Internacional da Mulher.
Ontem, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, através da Promotoria de Justiça Social, instaurou processo investigativo para esclarecer o caso. A investigação será concluída pela Promotoria de Justiça de Barra do Ribeiro.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também divulgou nota condenando a atitude do movimento com a Aracruz Celulose. Na nota, o ministro Miguel Rossetto salientou que "a ação não reflete o ambiente de debate e troca de experiência que ocorre desde o início da semana na conferência internacional, que conta com a participação de delegações de 95 governos".
Prejuízos
O viveiro florestal da Aracruz tem capacidade para a produção de 30 milhões de mudas de eucaliptos. O plantio que abastece a fábrica da Aracruz em Guaíba (ao lado de Barra do Ribeiro) ficou comprometido pela falta de mudas.
Nota divulgada ontem pela Aracruz contabilizou os prejuízos: "Perda de aproximadamente 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas. O laboratório teve suas instalações totalmente destruídas, especialmente sementes e pesquisas, além dos computadores".
A destruição do laboratório causou prejuízos de US$ 400 mil, segundo a empresa, e também "representa perda ainda não determinada em produtividade florestal da ordem de milhões de dólares, decorrente da perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados".
Com Agência Brasil
Especial
Leia o que já foi publicado sobre invasões
Polícia intima Via Campesina a esclarecer protesto na Aracruz
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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul intimou hoje a Via Campesina a prestar esclarecimentos sobre o protesto feito nas instalações da empresa Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro (56 km de Porto Alegre). Na quarta-feira, um grupo de 2.000 militantes da Via Campesina, na maioria mulheres, invadiu e danificou instalações do horto florestal da Aracruz Celulose. A depredação durou meia hora.
Os quatro porta-vozes da Via Campesina, uma rede internacional de movimentos sociais rurais, foram intimados durante a entrevista convocada para a avaliação política da 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural.
Paul Nicholson, dirigente da Via Camponesa no País Basco, não quis assinar a intimação sem a presença de um advogado da entidade, alegando que "não sabia o que estava escrito". Após tomar conhecimento do texto, com o auxílio de tradutores, ele se comprometeu a comparecer voluntariamente à delegacia.
"É uma grande surpresa que, precisamente numa semana em que estamos debatendo a reforma agrária e quando milhões de camponeses de todo o mundo estão exigindo a divisão social da terra, os representantes da Via Campesina tenham que falar com a polícia", disse Nicholson.
Durante a entrevista, Nicholson e mais quatro representantes de organizações internacionais ligadas à causa camponesa, haviam defendido a ação das militantes da Via Campesina, "em reivindicação pela reforma agrária" no Dia Internacional da Mulher.
"A ocupação do horto florestal da Aracruz foi para denunciar as conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde, criado pelo monocultivo de eucaliptos no Rio Grande do Sul", disseram os porta-vozes da Via Campesina.
Segundo eles, a fazenda invadida e destruída pelas mulheres "concentra a principal unidade de produção de mudas de eucalipto e pínus da Aracruz, tendo inclusive um laboratório de clonagem".
A ação
Os invasores chegaram ao local com taquaras (pedaços de bambu) e facas de mesa. Com as taquaras, romperam plásticos e telas das estufas, onde havia clonagens.
O objetivo, segundo manifesto divulgado pela entidade, foi de denunciar as '"conseqüências sociais e ambientais do avanço da invasão do deserto verde criado pelo monocultivo de eucaliptos".
A ação foi liderada pelo MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) e procurou marcar, além da condenação ao que chama de "latifúndio verde", o Dia Internacional da Mulher.
Ontem, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, através da Promotoria de Justiça Social, instaurou processo investigativo para esclarecer o caso. A investigação será concluída pela Promotoria de Justiça de Barra do Ribeiro.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também divulgou nota condenando a atitude do movimento com a Aracruz Celulose. Na nota, o ministro Miguel Rossetto salientou que "a ação não reflete o ambiente de debate e troca de experiência que ocorre desde o início da semana na conferência internacional, que conta com a participação de delegações de 95 governos".
Prejuízos
O viveiro florestal da Aracruz tem capacidade para a produção de 30 milhões de mudas de eucaliptos. O plantio que abastece a fábrica da Aracruz em Guaíba (ao lado de Barra do Ribeiro) ficou comprometido pela falta de mudas.
Nota divulgada ontem pela Aracruz contabilizou os prejuízos: "Perda de aproximadamente 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas. O laboratório teve suas instalações totalmente destruídas, especialmente sementes e pesquisas, além dos computadores".
A destruição do laboratório causou prejuízos de US$ 400 mil, segundo a empresa, e também "representa perda ainda não determinada em produtividade florestal da ordem de milhões de dólares, decorrente da perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados".
Com Agência Brasil
Especial
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