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17/03/2006 - 17h24

Laudo confirma suicídio de legista do caso Celso Daniel

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da Folha Online

O laudo complementar conclusivo sobre a morte do médico-legista Carlos Alberto Delmonte Printes, ocorrida em 12 de outubro de 2005, mostra que ele cometeu suicídio ingerindo três medicamentos simultaneamente.

O delegado José Antônio Nascimento, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), e dois médicos-legistas apresentaram nesta sexta-feira o laudo. "Ele não tinha necessidade de tomar aqueles medicamentos. E, sendo médico, sabia dos riscos em ingeri-los simultaneamente", afirmou Ricardo Cristofi, diretor do Centro de Pesquisas do IML (Instituto Médico Legal).

Delmonte, de 55 anos, foi encontrado morto em seu escritório, na Vila Mariana, em São Paulo. Ele estava no chão, ao lado de um sofá que servia de cama quando ele passava a noite lá. Não havia nenhuma evidência de luta no local.

No laudo, os especialistas do IML consideraram que a medicação desencadeou a morte de Delmonte. Com o efeito da combinação, ele não teve consciência ou reflexos para reagir ao quadro de pneumonia e, quando o próprio organismo criou um agente endógeno --catarro--, ele não reagiu, tentando expeli-lo.

Quanto à baixa glicemia, os médicos-legistas explicaram que, para cada hora depois da morte, o corpo perde 13 ml de decalitro de açúcar.

Para a polícia, o crime foi premeditado pelo próprio legista. Ele contou ao filho que havia feito exames, inclusive radiografias, com um especialista conhecido da família. Ao checar as informações, esse mesmo médico disse que Delmonte não havia se consultado com ele. "Colhemos informações junto a parentes e amigos que confirmaram que Delmonte era avesso a medicamentos", afirmou Nascimento.

Conversa

O filho Guilherme, que falava com o pai em média dez vezes ao dia, por telefone, foi o último a conversar com Delmonte. Na conversa, o pai disse que estava tudo bem e que iria buscar um pedreiro em Embu-Guaçu (Grande São Paulo) --com o intuito de desviar a atenção do filho para sua ausência ou silêncio.

A transcrição da ligação telefônica integra as cerca de 230 páginas do documento que a operadora mandou para o inquérito. A maioria das ligações era para familiares. Em uma das ligações, o médico-legista contatou a ex-sogra dizendo que a ex-mulher, Luciana Plumari, era a mulher da vida dele, e que ele não resistiria à sua ausência.

Foram ouvidas 26 testemunhas entre familiares, amigos e colegas de trabalho. O laudo final tem quatro volumes e 763 folhas. Em um dos relatos dos colegas de setor, foi comentado o desleixo que o legista andava, sem cuidar da aparência.

No dia 10 de outubro, dois dias antes de morrer, ele transferiu de sua conta corrente para a da ex-mulher cerca de R$ 100.000,00, sem contar para ela. Quando Luciana ligou para Delmonte para questioná-lo, ele alegou que aquele dinheiro seria para terminar o tratamento médico de um dos seus filhos.

O legista deixou cartas, que passaram pelo exame documentoscópico para confrontar a caligrafia e confirmar se era mesmo de Delmonte. Elas informavam como ele deveria ser velado, a quem avisar e o que ele desejava que fosse feito. "Ele cometeu suicídio motivado pela dissolução do seu casamento", concluiu o delegado.

Especial
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