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03/05/2006 - 16h08

Garçom envolve ex-escritório de Thomaz Bastos em depoimento à CPI

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FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília

O garçom Anderson Ângelo Gonçalves, o Jack, que é ouvido secretamente nesta quarta-feira pela CPI dos Bingos, envolveu o nome do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), segundo o relato de três senadores --dois oposicionistas e um governista.

Ele disse aos senadores que um advogado, chamado apenas pelo primeiro nome --Sidney-- teria se apresentado como representante do escritório do então advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos. Sidney teria tentado convencê-lo a ficar calado e a não falar com a imprensa.

Jack teria presenciado três reuniões em uma casa de bingo de Campinas (SP). Nesse bingo teria sido tramado o assassinato, em 2001, do prefeito da cidade, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT.

A líder do PT, no Senado, Ideli Salvatti (SC), disse que a tese apresentada pelo garçom precisa ser investigada. Mas ela lembrou que o Ministério Público de Campinas já abriu um procedimento para apurar possíveis contradições nos depoimentos já prestados pelo garçom.

"Não é muito difícil citar nomes porque estes nomes são públicos. Ele pode incluir estes nomes porque estão nos jornais", afirmou a senadora se referindo ao nome do ministro da Justiça.

Ela declarou ainda que o escritório do ministro pode ter sido acionado porque a família de Toninho do PT era representada por um advogado que trabalhava no escritório de Thomaz Bastos.

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), disse que vai pedir ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal que entrem no caso para confirmar a veracidade do depoimento do garçom.

"O depoimento precisa ter um desdobramento, pois é grave. Precisamos apurar se ele está realmente falando a verdade, pois ele faz acusações frontais a uma série de pessoas e envolve até um ministro."

Segundo Garibaldi, o depoimento de Jack foi seguro e em nenhum momento ele entrou em contradição.

Outro lado

A advogada Dora Cavalcanti, sócia do escritório Rao, Cavalcanti e Pacheco, negou as acusações feitas pelo garçom. Segundo ela, Jack procurou pela família de Toninho do PT em 2002 alegando ter informações importantes sobre o assassinado.

O escritório, que trabalhava para a família, fez uma petição para o Ministério Público ouvir o garçom. A advogada disse que o depoimento, de quatro horas, foi prestado no dia 30 de agosto de 2005. "Ele foi ouvido pelo juiz, pela polícia, pelo Ministério Público. Ninguém tentou calá-lo."

Reuniões

No depoimento, o garçom disse ter ouvido conversas em três reuniões realizadas em uma casa de bingo onde ele trabalhava. Das reuniões, participavam funcionários da prefeitura e o dono da casa de bingo, José Paulo Teixeira, conhecido como Vadinho --acusado pelo advogado Rogério Tadeu Buratti de repassar R$ 1 milhão para a campanha do presidente Lula.

Em uma destas conversas, Vadinho teria chamado o traficante Andrezinho para encomendar o assassinato do Toninho. O garçom, no entanto, não soube detalhar esta negociação nem afirmar se o traficante teria concordado em participar do crime.

Depois de ter testemunhado as conversas, Jack disse ter sido vítima de manobras para que não depusesse na CPI dos Bingos. Ele relatou que chegou a ser dopado e acordou em uma cama de hospital. Disse ainda ter recebido R$ 200 mil como troco de seu silêncio. Ele disse à CPI que não aceito nenhuma das propostas ou cedido após ter recebido ameaças de morte.

Para a CPI, Jack disse que após a morte de Toninho do PT ficou escondido em hotéis de São Paulo para que não depusesse e não fosse encontrado pela imprensa.

As notas fiscais dos hotéis seriam tiradas com um nome fictício e reembolsada pela Assembléia Legislativa de São Paulo. No depoimento, ele citou o então presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, Renato Simões, como responsável por devolver os recursos gastos nos hotéis. Procurado pela reportagem, Simões ainda não comentou a acusação.

Toninho foi morto em setembro de 2001, quando saía de um shopping da cidade. O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo e a Promotoria apontam que os três disparos, de uma pistola 9 mm, foram feitos por um dos integrantes da quadrilha do seqüestrador Wanderson de Paula Lima, o Andinho, que fugia em um Vectra prata.

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