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22/08/2006 - 11h15

Deputados temem absolvição em massa de sanguessugas na Câmara

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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Com a renúncia de apenas dois deputados acusados de participação na máfia das ambulâncias, cresce na Câmara dos Deputados o sentimento de que muitos serão absolvidos pelos colegas parlamentares se os processos chegarem a votação em plenário. Um grupo de deputados de partidos de oposição vai promover nesta terça-feira um protesto na Câmara contra o voto secreto para processos de cassação.

O objetivo dos parlamentares é evitar uma absolvição em massa dos 67 suspeitos de envolvimento na máfia dos sanguessugas, a exemplo do que ocorreu no episódio do mensalão.

"Infelizmente, o que aconteceu no mensalão foi a pizza completa. O corporativismo do voto fechado leva à possibilidade de acordão. Se não abrirmos os votos aqui na Câmara, eles [os deputados acusados] vão confiar na impunidade", disse o deputado João Alfredo (PSOL-CE), um dos organizadores do protesto contra o voto secreto.

O presidente da CPI dos Sanguessugas, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), também saiu em defesa do voto aberto em processos de cassação. Segundo Biscaia, a mobilização contra o voto secreto pode promover mudanças no regimento interno da Câmara.

Biscaia disse, no entanto, que não acredita em "acordão" entre os envolvidos na máfia das ambulâncias para que todos escapem da cassação. "Isso não existe. Mas temos que mudar o sistema do voto secreto", defendeu.

Já João Alfredo afirmou que a "pizza" deve ocorrer no plenário da Câmara, ao contrário do julgamento que será realizado pelo Conselho de Ética da Câmara. "A única possibilidade não haver pizza é se mudarmos o sistema de voto aberto na Câmara", afirmou.

Dos 69 deputados que tiveram a cassação recomendada pela CPI dos Sanguessugas, apenas os deputados Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES) renunciaram ao mandato. Sales entregou o cargo na semana passada, enquanto Fraga decidiu renunciar perto da meia-noite desta segunda-feira.

Com a decisão de Fraga e Coriolano, o número de processos que serão abertos no Conselho de Ética da Câmara foi reduzido para 67. Dois motivos principais levaram a maioria dos deputados a optar pela permanência na Câmara dos Deputados: a pressão dos partidos, que ficariam muito expostos no período pré-eleitoral, e a pressão dos próprios deputados denunciados.

Quanto maior o número de processos, mais difícil é a cassação dos envolvidos, como ficou comprovado no escândalo do mensalão --apenas três foram cassados.

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