Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/08/2006 - 19h26

Juiz de Mato Grosso descarta novo depoimento de Vedoin

Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Mesmo com as novas denúncias apresentadas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam, contra parlamentares supostamente envolvidos na máfia das ambulâncias, o juiz César Augusto, da 3ª Vara Federal de Cuiabá, não está disposto a convocar o empresário a prestar novo depoimento. César Augusto disse à Folha Online que a fase de interrogatórios já foi concluída.

Se Vedoin quiser apresentar novas provas à Justiça, o juiz afirmou que a iniciativa deve partir do próprio empresário. "Ele agora é que tem que pedir para ser interrogado. O que eu tenho visto na imprensa não é interessante para os processos que estão em curso. Fatos novos não podem ser inseridos nesse processo", disse o juiz.

César Augusto afirmou que o próprio advogado de Vedoin, Otto Medeiros, já deixou claro que não concorda com um novo depoimento do empresário. "O advogado esteve aqui e disse que não tem interesse em pedir novo interrogatório."

A possibilidade de um novo depoimento do empresário ao Ministério Público veio à tona depois de reportagem publicada pela revista "Época", na qual Vedoin apresentou mais quatro parlamentares como suspeitos de participação no esquema das ambulâncias superfaturadas: Ricardo Izar (PTB-SP), presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), corregedor da Câmara, José Múcio (PE), líder do PTB na Câmara e Luiz Piauhylino (PTB-PE), ex-corregedor da Casa.

Vedoin recuou das acusações esta tarde. O empresário enviou documento à CPI negando as denúncias contra os deputados. No documento, afirma que "nunca houve tratativas comerciais que envolvessem esses parlamentares com a empresa Planam na negociação de emendas que obviessem (sic) a venda de ambulâncias".

Integrantes da CPI defenderam um novo depoimento do empresário ao juiz, em Cuiabá. Mas telefonaram esta tarde para César Augusto e, diante da negativa, decidiram seguir a mesma linha adotada pela Justiça.

"O juiz disse que não vai chamá-lo para depor e também não aconselha a comissão ouvi-lo. Ele supõe que é uma tática do advogado para Vedoin aumentar o seu poder de barganha", afirmou o sub-relator da CPI, deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).

O vice-presidente da comissão, Raul Jungmann, que esta manhã chegou a sugerir um novo depoimento de Vedoin à CPI, disse depois de conversar com o juiz que vai propor que o empresário seja ouvido por meio de carta. 'Assim ele vai poder desmentir o que disse à revista', afirmou Jungmann.

Com o documento enviado à CPI inocentando os parlamentares, a tendência da comissão é descartar amanhã um novo depoimento de Vedoin. "A CPI tem que agir com cautela. O Vedoin se tornou uma espécie de anjo exterminador", disse Jungmann.

Delação premiada

Para o juiz César Augusto, a postura adotada pelo empresário de revelar pouco a pouco detalhes sobre a máfia das ambulâncias pode prejudicá-lo perante a Justiça. 'Por um lado, reforça a ele a delação premiada [redução da pena em troca da revelação de detalhes das denúncias]. Mas se ele fizer teatro, política, mentir e não apresentar provas, aí ele perde', disse o juiz.

César Augusto disse que Vedoin deve apresentar todas as provas documentais à Justiça sob pena de perder a credibilidade. 'Memória seletiva não é um fato corriqueiro. Põe em xeque a credibilidade e precisa ser comprovada com provas', disse o juiz.

Leia mais
  • CPI dos Sanguessugas denuncia 72 parlamentares; veja lista
  • CPI dos Sanguessugas absolve 18 parlamentares

    Especial
  • Leia a cobertura completa sobre a máfia das ambulâncias
  • Enquete: você é a favor do fim do voto secreto?
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página