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16/10/2006 - 13h41

Lula diz que Berzoini caiu por não explicar quem fez a "burrice" do dossiê

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FELIPE NEVES
da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, afirmou nesta segunda-feira que Ricardo Berzoini foi afastado da coordenação de sua campanha justamente por não ter dado uma explicação para a tentativa de compra de um dossiê contra políticos tucanos por integrantes do partido.

"Chamei o presidente do partido e perguntei: 'eu quero saber quem fez essa burrice?' Porque foi de uma sandice inominável. Ele me disse que não sabia. Eu falei: 'Ricardo, você que é o presidente do partido tem obrigação de apresentar para a sociedade brasileira a resposta, Ricardo'. Ele não deu [a resposta]. Na quarta-feira, eu o afastei da coordenação da campanha", disse Lula em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, que vai ao ar na noite desta segunda-feira.

Segundo Lula, a ordem dada por ele às instituições é para não deixar "pedra sobre pedra" na investigação sobre o episódio. "A ordem dada à Polícia Federal é que não deixe pedra sobre pedra. Pode demorar um dia, um mês, um ano, mas que nós vamos descobrir nós vamos", afirmou Lula.

Lula voltou a afirmar que quer saber quem é o "arquiteto desse plano" e que ele foi o único prejudicado com a tentativa de compra do dossiê.

Questionado sobre as medidas que tomou, Lula disse que fez o que estava a seu alcance, uma vez que o caso "saiu do âmbito do poder Executivo".

"Graças a Deus, o método rápido das pessoas contarem as coisas acabou [no Brasil]", disse Lula, em referência ao período de ditadura militar.

Ensandecido

Lula voltou a dizer que estranhou a postura agressiva de seu adversário, Geraldo Alckmin (PSDB), durante o debate da Band.

Para o presidente, Alckmin "estava ensandecido naquele programa". "Eu acho que ele pensou que poderia resolver o problema da guerra com uma única batalha."

Na opinião do petista, que disse preferir um "debate programático", faltou ao seu adversário sensibilidade para com os eleitores.

"Confesso para vocês que fiquei chateado. Porque ali estavam dois candidatos, mas ali estava um governador de Estado e um presidente da República. Para mim, era preciso saber o que a gente passa para as pessoas que estão sentadas num sofá, às vezes uma mãe dando de mamá para um filho, às vezes uma pessoa tomando café na sala, às vezes uma família inteira reunida, e você não passar uma única mensagem a não ser agressões. Eu não gostei, mas também não me queixei porque campanha desfigura as pessoas", alfinetou Lula.

Terrorismo eleitoral

Ao comentar as acusações feitas por sua campanha de que Alckmin pretende
privatizar empresas estatais, como a Petrobras e o Banco do Brasil, Lula
negou que esteja adotando uma estratégia semelhante à do PSDB em 2002 de
terrorismo eleitoral.

Segundo ele, a campanha petista está apenas ressaltando o histórico de
privatizações do partido de seu adversário. "Nós não falamos nada mais do
que a imprensa brasileira constatou durante todo o mandato do presidente
Fernando Henrique Cardoso, o mandato do governador Alckmin, que privatizaram quase tudo que tinha no Estado de São Paulo e no Brasil", disse Lula.

Após relutância, no entanto, ele admitiu que o país avançou em alguns
segmentos em que houve processo de privatização na gestão FHC. "É preciso
reconhecer que o sistema de telefonia melhorou no Brasil, o sistema de
telecomunicação, mas é preciso dizer que o sistema ferroviário foi um
desastre no Brasil porque não deu certo", afirmou.

Mas o presidente fez questão de ressaltar que a venda de patrimônio
público não pode ser a fonte de equilíbrio das contas públicas. "Toda minha vida, quando eu precisava de mais recursos, eu não vendia a minha geladeira, eu fazia hora-extra, eu trabalhava mais", disse.

Ele aproveitou para alfinetar as propostas de corte de gastos e ajuste
fiscal de seu adversário. Segundo ele, não existe "milagre". "A palavra de ordem neste país para o próximo ano, quem quer que seja que governe, não pode ser outra a não ser desenvolvimento, crescimento econômico e distribuição de renda".

"Presidente-treinador"

Lula voltou a fazer analogias com o futebol para tentar explicar os escândalos envolvendo membros de seu governo. Segundo ele, escolher ministros e secretários é como escalar uma seleção. Assim, explicou, se o jogador não está rendendo bem, ele deve ser afastado para não prejudicar o time inteiro.

"Olha, imaginamos que chegar à Presidência da República e montar um ministério é quase como se você estivesse convocando uma seleção. Daí você convoca o jogador e o jogador não fez o que tinha que ser feito, ele é afastado. É esse o procedimento", disse Lula que argumentou que sua principal preocupação era "não deixar o governo parar".

Questionado, então, se ele achava que figuras como os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci tinham feito alguma coisa errada, Lula esquivou-se dizendo que isso quem determina é a Justiça. "O que eu posso dizer é que eles viraram alvo de críticas, de especulações, de denúncias e que eu não poderia mantê-los no governo", afirmou.

Em seguida, Lula avisou que todos serão punidos, independente de serem "companheiros". "Não existe amigo nessas coisas, existe comportamento. Todos nós nascemos e sabemos que temos que fazer as coisas boas. Na hora que você faz as coisas ruins, você paga por elas", disse.

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