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19/10/2006 - 09h02

Bicheiro dá garantia contra apostas altas

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RAPHAEL GOMIDE
SÉRGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro

O bicheiro octogenário Antônio Petrus Kalil, o Turcão, é uma espécie de "Banco Central" e "companhia de seguros" do jogo do bicho no Rio. Ele é o responsável pela "descarga", operação de garantia de pagamento de um prêmio em casos de apostas vultosas.

Um dos 14 bicheiros condenados pela então juíza Denise Frossard, em 1993, Turcão cumpriu pena com o irmão Zinho, e foi acusado de ter doado US$ 96 mil em 1991 para a campanha do vice-governador eleito do Rio, Nilo Batista (PDT). Doou também, por intermédio da mulher, Therezinha, dinheiro para pagar débito de US$ 70 mil da Associação Brasileira Interdisclipinar da Aids, do sociólogo Herbert Daniel de Souza, o Betinho.

Com um marcapasso implantado no peito, Turcão hoje atua também como empresário em Niterói. Lá mantém o Grupo Tio Sam, rede de empreendimentos que inclui hotel, restaurante de luxo e o clube Tio Sam, que já teve uma equipe de futsal.

"Dono" de uma área extensa do bicho --Niterói, São Gonçalo e parte do Rio (Leopoldina, Bonsucesso, Ilha do Governador, entre outros bairros)--, Turcão atualmente arrenda parte do seu território a outros bicheiros e atua principalmente na chamada "descarga".

Parte dos negócios de Turcão é administrada pelos filhos. Oficialmente, o escritório do filho Antonio desenvolve trabalhos relacionados ao mercado de capitais. O imóvel ocupa um andar de prédio comercial modesto e antigo em região desvalorizada do centro do Rio.

Turcão é conhecido por manter trabalhos sociais em comunidades carentes, administrados pela mulher, Therezinha. O principal deles é uma creche instalada no largo do Barradas, uma das áreas mais pobres de Niterói.

Banco

A "descarga" é a garantia para apostas superiores a um limite predeterminado em cada ponto de jogo, o que varia de acordo com a área.

Para evitar um "derrame" --prejuízo à banca--, o gerente local ou o banqueiro (dono) da região contacta o responsável pela descarga e faz com ele um tipo de apólice de seguro. Se o apostador acertar o palpite, quem paga o prêmio é a descarga, cujo principal representante no Rio é Turcão. Se errar, ele ganha um percentual da aposta pelo risco assumido. Segundo uma pessoa ligada ao jogo do bicho, pode ser considerado o banco da contravenção.

A descarga paga as apostas vencedoras de bancas menores, principalmente naquelas mais volumosas no "milhar" --modalidade em que o cliente tem de acertar quatro números, matematicamente mais difícil e que por isso possibilita ganhos mais altos.

No passado, bicheiros famosos do Rio, como Castor de Andrade, patrono da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, e Miro, da Acadêmicos do Salgueiro, exerceram esse papel de "seguradores".

No jogo do bicho, escolhem-se números atribuídos a 25 animais --cada um corresponde a uma seqüência de quatro números, um grupo. Ao apostar, pode-se optar por dezena, centena, milhar ou grupo. Acertar o milhar é o mais difícil. Paga-se R$ 4.000 por cada real apostado no milhar; a centena paga R$ 600 por real; a dezena paga R$ 60, e o grupo, R$ 18.

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