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28/10/2006 - 00h48

No debate mais tenso, Lula e Alckmin discutem corrupção e segurança

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da Folha Online

O último debate antes do segundo turno da eleição presidencial foi o mais tenso entre os quatro confrontos promovidos pelas TVs com os dois presidenciáveis. A Rede Globo abriu espaço para que eleitores indecisos fizessem perguntas para os candidatos. O objetivo era evitar o confronto direto e estimular a discussão de propostas, dando liberdade para os candidatos se movimentarem por um tablado circular e se dirigirem aos eleitores.

Ambos, no entanto, mantiveram o confronto em alto nível de tensão, com muitas ironias e trocas de acusações, apesar de utilizarem as perguntas feitas pelos eleitores nos ataques. Lula chegou inclusive a segurar o braço e a tocar Alckmin.

Durante todo o debate, a estratégia de Lula foi mostrar que estava inteirado dos números de sua administração e da gestão anterior, e indicar que seu adversário não sabia do que falava. O candidato à reeleição chegou ao detalhe de citar o número da página de um livro para sustentar um argumento.

O tucano, por sua vez, insistiu na tecla de que a situação geral poderia melhorar e que faltou ao governo empenho ou competência. Em um dos momentos mais tensos do debate, ele se dirigiu ao adversário e começou a listar os escândalos ocorridos na gestão do petista. "Como é que pode não saber o que se passou na sala ao lado", questionou Alckmin.

Lula não perdeu a calma. "Nós resolvemos combater a corrupção, nós não jogamos para debaixo do tapete", rebateu.

A tensão chegou em seu ápice no quarto e último bloco, quando os candidatos finalmente puderam dirigir perguntas um ao outro. Nesse momento, Alckmin chegou até a insinuar que o PCC (Primeiro Comando da Capital) teria ligações com o PT. "O PCC não é ligado ao meu partido, não", afirmou. Era uma resposta à alfinetada do petista: "A perfeição da polícia de São Paulo resultou no PCC."

O mediador William Bonner, a cada participação, precisava chamar a atenção dos candidatos para que não ultrapassem o tempo de participação. "Tempo esgotado" foi a frase mais dita pelo apresentador nas duas horas do debate.

Corrupção

A corrupção foi o tema que predominou no terceiro e no último bloco do debate. O assunto também foi responsável pelos momentos mais nervosos do confronto. Os candidatos, especialmente Lula, tentaram aproveitar o formato para fazer perguntas cara a cara e bem próximos um do outro.

Alckmin não perdeu a chance de citar o número de dias em que ainda é desconhecida a origem do dinheiro do "dossiegate". O tucano se dirigiu para Lula e começou a desfiar as denúncias contra o governo. "Como é que pode não saber o quê se passou na sala ao lado", disse ele, olhando para o petista.

Lula não perdeu o sangue-frio e rebateu com uma resposta provavelmente já ensaiada. Citou um livro do procurador Cláudio Fontelli, inclusive com o número da página, para sustentar sua argumentação de que no governo dele a corrupção foi mais investigada. "Nós resolvemos combater a corrupção, nós não jogamos para debaixo do tapete", afirmou Lula.

O assunto voltou à tona quando Lula, de forma sarcástica, questionou Alckmin sobre de onde ele tiraria dinheiro para os investimentos que propõe para melhorar a segurança no país.

Alckmin não aliviou. Respondeu em tom ainda mais irônico: "Eu pensei que ele fosse explicar para você [telespectador] de onde vem o dinheiro para o dossiê".

Ao responder, o presidente aproveitou para mencionar o episódio do falso testemunho, que explodiu na tarde desta sexta-feira e que teria sido articulado por Rosely de Souza Pantaleão, secretária-executiva do PSDB em uma cidade de Minas Gerais.

"Você sabe que só você ganhou com esse negócio do dossiê", disse Lula, cara a cara com Alckmin.

O tucano não se intimidou. Disparou outro golpe com força. "A quadrilha do PCC está em presídio de segurança máxima. A quadrilha que o procurador-geral da República [Antonio Fernando Souza] denunciou está toda solta", disse o tucano, em referência ao escândalo do mensalão.

Segurança

O tucano tentou atribuir a culpa pela violência no país ao governo federal. Segundo ele, a origem dos problemas é o tráfico de droga. "Vem tudo de fora. Isso é falta de polícia de fronteira", disse.

O petista também usou da ironia para falar sobre segurança. Em primeiro lugar, ele criticou a repetição de seu adversário. "Esse é o quarto debate que eu faço, e não muda. Não adianta. É sempre a mesma coisa", afirmou Lula, que elogiou o trabalho da Polícia Federal.

Alckmin, então, disse que a segurança pública será sua prioridade, aproveitando para alfinetar Lula. "Eu não vou jogar a culpa nos outros, não vou culpar o passado."

Lula não aliviou: "A perfeição da polícia de São Paulo resultou no PCC (Primeiro Comando da Capital)", afirmou o presidente, que ainda criticou o tucano por causa da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor).

Economia

Os temas econômicos também ocuparam grande parte do debate da emissora. A primeira questão levantada pelos eleitores no estúdio foi sobre desemprego.

Segundo Lula, sua gestão gerou sete milhões de empregos, mas isso ainda não é suficiente. "O desemprego tem diminuído não na conta que a gente quer", disse. 'É pouco, mas é muito mais do que foi gerado nos últimos 20 anos."

O tucano rebateu dizendo que "o Brasil está perdendo oportunidades" de crescer e gerar empregos no "melhor cenário internacional dos últimos 70 anos". "Quando o Lula entrou, tinha oito milhões de desempregados. Agora tem nove milhões", afirmou o tucano.

"Lamentavelmente, Alckmin, você não está falando coisa séria", disse Lula olhando nos olhos do adversário. Segundo o presidente, do ponto de vista econômico, sua gestão melhorou o país em comparação ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Dizer que o Brasil piorou é remar contra a maré", disse.

O debate também passou pela questão dos impostos. Um microempresário admitiu que seu ateliê não estava legalizado e questionou os candidatos sobre o assunto.

O petista afirmou que seu governo apresentou no Congresso um projeto para as pequenas empresas, o que deu o mote para o tucano fazer críticas em sua réplica. "No meu Estado [São Paulo], há 4 anos, microempresário não paga nada. Nós beneficiamos 525 mil [empresários]. Não é discurso para o futuro, de 4 anos e não fez", alfinetou Alckmin.

"Eu, às vezes, fico assustado com os números que o meu adversário cita", rebateu Lula e afirmou, que em seu governo o BNDES "destinou uma grande parte [do dinheiro] para o microempreendedor".

Privatização da Amazônia

Quando o assunto era meio ambiente, Alckmin acusou Lula de tentar privatizar a Amazônia. O tucano se referia a uma lei que prevê concessões de exploração da floresta.

Lula respondeu dizendo que tratava-se de um projeto aprovado pelo Congresso, inclusive por membros da oposição, entre eles o PSDB e o PFL.

Alckmin, então, disse que no governo Lula houve o maior desmatamento da história do país. O presidente apelou para a ironia para responder. "Você parece que não leu o jornal hoje", disse, em referência à notícia de que um levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) demonstra que houve queda no desmatamento.

Audiência

Números preliminares do Ibope mostram que o debate da Globo teve a maior audiência entre os quatro realizados neste segundo turno. Segundo a emissora, houve média 38 pontos na prévia do instituto na região metropolitana de São Paulo.

Em nenhum dos debates anteriores, a audiência alcançou médias superiores a 20 pontos.

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