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05/11/2006
-
09h59
FÁBIO ZANINI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva terminou sem a divulgação de propostas detalhadas para áreas que o presidente prometeu que seriam prioritárias num segundo mandato, como segurança pública, geração de empregos, reforma política e combate à corrupção.
A "agenda perdida" de Lula tem no total 11 temas, que não tiveram programas de governo específicos lançados. Cada um recebeu apenas uma breve menção, de poucos parágrafos, no texto-síntese do programa, lançado no final de agosto.
A segurança é um exemplo, merecendo cerca de uma página. Em comparação, a pesca teve caderno próprio com propostas, de 24 páginas. Na esteira dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, no primeiro semestre, a campanha de Lula prometeu um documento com propostas ambiciosas, formatado com a participação de cerca de 50 especialistas. A coordenação ficou a cargo do sociólogo José Vicente Tavares, que disse à Folha, há três semanas, que o documento estava "pronto para ir para a gráfica". Mas o texto não saiu.
A reforma política, alardeada como uma das maiores prioridades de Lula, é outro exemplo. A primeira idéia era elaborar um caderno com propostas. Depois se prometeu um curto manifesto de intenções. Nem isso foi divulgado.
O combate à corrupção acabou rebaixado, apesar dos escândalos que o governo enfrentou. Em 2002, o tema mereceu um caderno específico --coordenado pelo ex-ministro José Dirceu. Agora as propostas ficaram espremidas em meia página do subitem "reforma do Estado", no texto-base.
Silêncio opcional
Alguns itens a campanha de Lula evitou porque não queria mexer em vespeiros, como a Previdência, que divide o PT em uma ala que quer uma nova reforma e outra que pretende combater o déficit apenas com medidas administrativas.
Já no caso do programa sobre geração de empregos, a não-divulgação poupou o partido de um constrangimento. O texto teve a coordenação de Oswaldo Bargas, um dos envolvidos na crise do dossiê.
Outras áreas que ficaram no meio do caminho foram defesa, desenvolvimento regional, economia, Justiça, política externa e povos indígenas.
Sem tempo
A campanha de Lula debita o problema à falta de tempo. "Não demos conta de concluir a revisão dos demais programas. Em qualquer caso, trata-se de detalhamento do que está no programa geral", diz Valter Pomar, um dos integrantes da comissão de programa de governo petista. Segundo ele, o programa de segurança pública ainda será divulgado, mesmo com a eleição já terminada.
A elaboração do programa de governo teve vários percalços. Em junho, foram criadas 32 comissões temáticas, e a promessa de Marco Aurélio Garcia, coordenador do trabalho, era que quase todas teriam cadernos com propostas específicas.
Os cadernos complementariam o texto-síntese. A crise do dossiê, que estourou em 15 de setembro, paralisou a campanha durante semanas, e o próprio Garcia praticamente abandonou a tarefa no meio do caminho, após ser alçado emergencialmente a presidente do PT, em substituição a Ricardo Berzoini, afastado por suspeita de envolvimento na compra do dossiê contra tucanos.
Escaldado com números que prometeu em 2002 e que não conseguiu cumprir --como fazer o país crescer em média 5% ao ano, dobrar o salário mínimo e criar 10 milhões de empregos--, Lula desta vez optou pelo tom genérico, sem dar detalhes numéricos de suas propostas.
Enquanto quatro anos atrás o partido lançou idéias novas, como a do Fome Zero, desta vez os documentos de campanha foram recheados de promessas de prosseguir, continuar e expandir ações já existentes.
Especial
Leia cobertura completa das eleições 2006
Lula não detalha idéias para temas-chave
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva terminou sem a divulgação de propostas detalhadas para áreas que o presidente prometeu que seriam prioritárias num segundo mandato, como segurança pública, geração de empregos, reforma política e combate à corrupção.
A "agenda perdida" de Lula tem no total 11 temas, que não tiveram programas de governo específicos lançados. Cada um recebeu apenas uma breve menção, de poucos parágrafos, no texto-síntese do programa, lançado no final de agosto.
A segurança é um exemplo, merecendo cerca de uma página. Em comparação, a pesca teve caderno próprio com propostas, de 24 páginas. Na esteira dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, no primeiro semestre, a campanha de Lula prometeu um documento com propostas ambiciosas, formatado com a participação de cerca de 50 especialistas. A coordenação ficou a cargo do sociólogo José Vicente Tavares, que disse à Folha, há três semanas, que o documento estava "pronto para ir para a gráfica". Mas o texto não saiu.
A reforma política, alardeada como uma das maiores prioridades de Lula, é outro exemplo. A primeira idéia era elaborar um caderno com propostas. Depois se prometeu um curto manifesto de intenções. Nem isso foi divulgado.
O combate à corrupção acabou rebaixado, apesar dos escândalos que o governo enfrentou. Em 2002, o tema mereceu um caderno específico --coordenado pelo ex-ministro José Dirceu. Agora as propostas ficaram espremidas em meia página do subitem "reforma do Estado", no texto-base.
Silêncio opcional
Alguns itens a campanha de Lula evitou porque não queria mexer em vespeiros, como a Previdência, que divide o PT em uma ala que quer uma nova reforma e outra que pretende combater o déficit apenas com medidas administrativas.
Já no caso do programa sobre geração de empregos, a não-divulgação poupou o partido de um constrangimento. O texto teve a coordenação de Oswaldo Bargas, um dos envolvidos na crise do dossiê.
Outras áreas que ficaram no meio do caminho foram defesa, desenvolvimento regional, economia, Justiça, política externa e povos indígenas.
Sem tempo
A campanha de Lula debita o problema à falta de tempo. "Não demos conta de concluir a revisão dos demais programas. Em qualquer caso, trata-se de detalhamento do que está no programa geral", diz Valter Pomar, um dos integrantes da comissão de programa de governo petista. Segundo ele, o programa de segurança pública ainda será divulgado, mesmo com a eleição já terminada.
A elaboração do programa de governo teve vários percalços. Em junho, foram criadas 32 comissões temáticas, e a promessa de Marco Aurélio Garcia, coordenador do trabalho, era que quase todas teriam cadernos com propostas específicas.
Os cadernos complementariam o texto-síntese. A crise do dossiê, que estourou em 15 de setembro, paralisou a campanha durante semanas, e o próprio Garcia praticamente abandonou a tarefa no meio do caminho, após ser alçado emergencialmente a presidente do PT, em substituição a Ricardo Berzoini, afastado por suspeita de envolvimento na compra do dossiê contra tucanos.
Escaldado com números que prometeu em 2002 e que não conseguiu cumprir --como fazer o país crescer em média 5% ao ano, dobrar o salário mínimo e criar 10 milhões de empregos--, Lula desta vez optou pelo tom genérico, sem dar detalhes numéricos de suas propostas.
Enquanto quatro anos atrás o partido lançou idéias novas, como a do Fome Zero, desta vez os documentos de campanha foram recheados de promessas de prosseguir, continuar e expandir ações já existentes.
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