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01/01/2007 - 09h44

Chefe do cerimonial de Serra quer revolucionar festa

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LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

Especialista em etiqueta, Cláudia Matarazzo, a nova chefe do cerimonial do governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), quer revolucionar a tradicional festa de posse. "Minha tendência é me rebelar contra toda essa formalidade."

No evento organizado para 2.000 pessoas, entre políticos de alto escalão e empresários importantes, a famosa carteirada --método utilizado para conseguir um lugar melhor ou furar a fila dos cumprimentos-- está definitivamente proibida.

"Já avisei que ninguém terá tratamento especial." Um alerta da consultora aos convidados: "Posse não é casamento". Ou seja, para elas, nada de roupa muito estruturada, maquiagem pesada ou braços de fora. Para eles, por favor, deixem o terno preto em casa.

Estimada em R$ 100 mil, a posse de Serra terá 70 garçons que servirão champanhe Chandon, água, suco e um chocolate que, segundo Cláudia, era mandado para o papa João Paulo 2º.

Ao falar da cerimônia, ela oscila entre diminutivo e superlativo. O primeiro para o que aprova, como "chocolatinho e suquinho", o outro para o que não gosta, "os brações de fora".

FOLHA - É difícil manter a etiqueta num evento para 2.000 pessoas?
CLÁUDIA MATARAZZO -
As pessoas ficam muito aflitas com isso. Os funcionários me perguntaram, por exemplo, o que fazer se fulano pedir um tratamento especial. Eu entendo que a festa é um momento de confraternização. A prioridade ali são as pessoas, os convidados. Só no Brasil existe essa cultura de que político merece tratamento especial. Eu estranho muito isso. Ninguém terá um tratamento especial. Bom, é claro que uma pessoa muito mais velha ou muito importante no cargo não será deixada horas na fila. Mas tratamento ultra, ultra especial, acho esquisito.

FOLHA - Quem terá tratamento especial, o ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo?
CLÁUDIA -
O Fernando Henrique tem um tratamento especial porque foi chefe de Estado e sempre vai ter essa patente. Mas ele não é uma pessoa que demanda esse tratamento especial. O que é mais comum são prefeitos pedindo coisas... É complicado isso. É até antipático falar, mas acho que as pessoas têm de manter a perspectiva do quão especial são de fato. E realmente especiais são poucas, muito poucas. Uma coisa desagradável é carteirada de político. Isso não vai ter.

FOLHA - O que é de bom-tom numa posse? O que pode ser gafe?
CLÁUDIA -
Em primeiro lugar, a gente precisa levar em conta o clima e o horário da posse. É à tarde e é calor. Justamente por isso os trajes não podem ser exagerados, com brilhos ou estruturados demais. E o contrário também vale: não pode ser desestruturado, uma roupa de malha ou totalmente sem manga, com os braços de fora. É super delicado isso. Eu mesma sei que, como estarei trabalhando, vou passar muito calor, mas não posso estar com os braços descobertos. Estarei o tempo todo visível no palco, atrás do prefeito, não tem como.

FOLHA - Por que cobrir os braços é tão importante num evento assim?
CLÁUDIA -
Ou pelo menos usar uma manga curta. É importante por uma questão estética. Pense em mil mulheres juntas com os brações de fora, se esbarrando. É um horror.

FOLHA - Então, o que é indicado?
CLÁUDIA -
Não precisa ser um tailleur. Pode ser um tecido mole, um vestido com caimento mais solto e com manga. A maquiagem não pode ser carregada. É calor, é dia, vai derreter. O cabelo natural, por favor. Gente, não é casamento. Acho que a festa é muito o clima de quem está sendo empossado. Serra é uma pessoa despojada.

FOLHA - E para o homem?
CLÁUDIA -
Tem de ir de terno, mas não preto. Com um calorão, não tem cabimento terno preto, e ele corre o risco de ser confundido com segurança.

FOLHA - Preocupa uma eventual comparação entre a posse de Serra e a do presidente Lula?
CLÁUDIA -
As comparações já começaram, mas não me preocupam. Lula e Serra tem estilos completamente diferentes. É tão outro universo que não dá para comparar. Levei um susto quando vi os gastos para a posse [do presidente Lula, de R$ 1 milhão]. Estamos fazendo uma festa correta, bonitinha. Estamos em menos de 10% do valor.

FOLHA - O que você planejou para a posse de Serra?
CLÁUDIA -
Olha, não será uma festa a seco. No início me disseram que a posse deveria ter só água e café. Deus me livre! Para 2.000 pessoas não é possível fazer um café bom. E é uma judiação com os convidados.

FOLHA - Por que você aceitou assumir a chefia de cerimonial?
CLÁUDIA -
Aceitei por um projeto de governo que me atrai muito, que conheço e gosto. Comprei a idéia. Acho que o Serra pode fazer coisas interessantes, até de comportamento em cerimonial. Tenho um plano para o cargo, mas antes quero conversar com o Serra. O trabalho é muito complicado, e estou estranhando muitíssimo. Não sou formal. Minha tendência é me rebelar contra formalidade.

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